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As mudanças extremamente frenéticas que a juventude do novo milênio foi obrigada a acolher, transformou também a lógica e o modo de fazer parte da família Focolares.

O principal atrativo que gerou o Movimento Gen foi a sede de mudança que permeava uma geração de jovens, filhos do pós guerra, que precisavam encontrar uma resposta, diante dos paradoxos interiores, provocados pela ineficácia do confronto bélico.

Hoje o mundo não vive mais a procura evidente de respostas. Como a sociedade e suas instituições (família, governo, igrejas), não oferece mais caminhos universais, as pessoas, principalmente os jovens, buscam a resposta dentro de si.

No mundo de hoje, ser Gen exige um empenho tão radical quanto das gerações anteriores, mas uma cobrança bem maior da sociedade, que exige resultados cada vez melhores no estudo, trabalho, gerando uma competição autodestrutiva.

Essa cobrança também existe no âmbito interno do Movimento, quando se sabe da responsabilidade de continuar a fazer nascer os frutos que a primeira geração plantou. Como primeira geração de “filhos de Chiara”, nascidos no Movimento, precisamos conciliar toda essa dinâmica, sem deixar-se abater.

Dessa forma, ser Gen vem se tornando cada vez mais distante da realidade “mundana”, pela quantidade de empenhos que, necessariamente, levam a abrir mão de muitas coisas.

Quem já não deixou o churrasco da faculdade para ir a um encontro?
Dispensar um encontro com os amigos para investir na vida de unidade?
Repetiu na faculdade por decidir participar de um congresso?

Sim, para aqueles que fizeram a experiência de Ideal, é evidente o quanto esses sacrifícios são transformadores, mas, se o intuito é viver pelo Ut Omnis, dando a vida pelos jovens a fim de ser um sussurro de Deus nas suas vidas, como podemos nos afastar tanto deles?

A vida Gen, com sua enorme quantidade de encontros, empenhos, nos torna muitas vezes reclusos, fechados nos nossos dogmas, incapazes de nos relacionarmos com o diferente (até mesmo com carismas diferentes), para doar esse fragmento da Verdade que foi depositado em nossas almas.

Aqui vale a pena se questionar o quanto estamos mais abertos ou mais fechados para o mundo. Se o fazemos por falta de tempo, por medo, ou por ESCOLHA.

As últimas experiências feitas em São Paulo mostram que a resposta surge agora de um movimento inverso. Nos primórdios Gen esforçava-se para arrebanhar o maior número de jovens afim de que eles pudessem fazer essa experiência de Deus que o Ideal permite.

Hoje a dinâmica é o contrário. Quanto mais vamos de encontro às realidades dos jovens, garantidos pela força da unidade, mais permitimos que eles sintam a presença de Deus e escolham, por si só, fazer a experiência da unidade.

Viver como Gen é certamente a garantia de uma felicidade sólida, mas que não gera frutos se não passa por uma escolha individual de cada um. Por isso, a liberdade é tão importante. É mais inteligente propiciar momentos para que os jovens sintam o amor por meio da convivência.

Tantas vezes nos justificamos dizendo que precisamos estar fortes, para poder encarar o mundo. Concordo. Mas quanto tempo vai demorar para entrarmos nessa “guerra” que está se mostrando cada vez mais irresolúvel com a nossa omissão?

Isso precisa ser questionado toda vez que “inventa-se” multiplicar os encontros, estruturar demais uma realidade, que no âmbito JOVEM, precisa ter os “nós” desatados, sem excesso de esquemas, mas valorizando a convivência.

Será que já estamos maduros para correr o risco de testemunhar que não somos perfeitos, mas que nos queremos bem, acima das nossas falhas e que também com elas será construído o mundo unido?

Respondam vocês, porque eu já cheguei à minha conclusão.