Nunca participei de nenhuma manifestação política violenta como a que aconteceu hoje no prédio da empresa em que trabalho, no centro de São Paulo. O que o site do MST (www.mst.org.br) apontou como manifestação pacífica, foi na verdade um insulto às 400 pessoas que trabalham no prédio da Votorantim, na Praça Ramos.
Sou completamente a favor da mobilização social e não questiono nem os motivos e nem mesmo os direitos de protesto dos Movimentos Sociais, muito pelo contrário, acho realmente válido que eles façam ecoar o grito de revolta contra as medidas que vão de encontro aos direitos reivindicados.
Porém, o que questiono é, justamente, o modo violento com que alguns Movimentos lutam pelas próprias causas. Não é só bater e destruir o parâmetro que engloba o conceito “violência”. A legislação garante a propriedade privada e preservá-la é um direito de cada cidadão e do Estado.
Os 50 manifestantes (e não 600, como dizem as reportagens) invadiram e destruíram o patrimônio de uma Empresa, o que gerou precedentes ainda mais violentos com a chegada da polícia.
De maneira rápida, eficiente, mas extremamente violenta, os policiais entraram no prédio e expulsaram os manifestantes.
Bombas de efeito moral, portas de vidro quebradas e o susto foram conseqüências sofridas somente para os trabalhadores da Empresa, que, como eu, estão procurando fazer o seu trabalho da maneira mais honesta e humana possível. Todo o caos causado criou um mal estar e um sentimento de insegurança entre os trabalhadores da Empresa.
Nesse momento, a luta de causas do Movimento perde toda a sua legitimidade porque não se pode lutar por algo que “passe por cima” do direito de outros…
A história já nos mostrou que ações violentas, por mais bem intencionadas que sejam, geram reações violentas.
O mais engraçado é que a racionalidade, que nos permite dialogar como seres humanos, nunca é lembrada nesses momentos, só sobram manifestações primitivas.