Tag: Último vôo

Último vôo

Todo dia o canarinho percorria o parque, de cabo a rabo, para encontrar o jardim onde poderia encontrar sua refeição cotidiana.

Era um vôo longo para aquele pássaro nascido há só um mês. As asas frágeis tornavam o trajeto bem cansativo e cheio de perigos.

Porém ele nunca desistira. Estava decidido a correr todos os riscos, até mesmo o de morte, para nutrir-se e assim ter força suficiente para projetos maiores, viagens mais longas.

E foi assim.

Passaram anos e logo o canarinho estava pronto para uma grande aventura. Deveria cruzar o Atlântico, planar sobre o frio, mesmo a neve, e assim aninhar-se por um período, até a próxima viagem.

E foi…

Em dez, vinte anos o canarinho, não mais sozinho, havia já bebido da água de quase todos os parques do mundo, havia conhecido outras árvores, outros pássaros, até que decidiu voltar.

O pássaro não encontrou mais o parque aonde havia crescido, até mesmo o jardim havia sido destruído, abandonado.

E se deu conta que o tempo não só devora a sua saúde, mas também as coisas.

A única particularidade que não havia passado era a sua vontade de voar, de conquista.

Por isso, bateu asas novamente.

E vôo.

Último Vôo

w_h_20071125015342

Mamãe me ensinou a assoviar melodias celestes,
Fez do meu bater de asas, modelo para qualquer espécie.
Agora mamãe vai levantando vôo.
Pra que eu possa finalmente começar tudo de novo.

Mamãe me ajudou a reconhecer a dor
E me ajudou a perceber a profundidade do amor
Agora mamãe vai voando pelo Céu.
E fica pra mim a alegria de não ter sido criado ao léu.

Mamãe pode ir, mas sua presença não passa.
Permaneço alegre por saber que esse é um momento de Graças.
Mande meu abraço pro Papai do Céu.

Mamãe pode ir, o seu legado já é desses seus filhos.
Faremos do nosso canto, um modo de conservar todo o seu brilho.
Mande o nosso abraço pro Papai do Céu.

Poesia escrita como agradecimento à fundadora do Mov. do Focolares, Chiara Lubich, a quem muito devo a minha vida. Graças à ela, há mais de 25 anos atrás, meus pais se conheceram e assim deram início a minha existência. Por mais de 60 anos dedicando-se à construção de um mundo mais fraterno, tendo como foco a Unidade entre os povos, Chiara levou a presença de Deus em todos os cantos da terra, dando início a uma nova cultura de partilha e amor mútuo. Ontem, dia 12 de Março, Chiara Lubich foi para a sua casa, nas redondezas de Roma, na Itália, para viver, juntos aos Co-Fundadores dos Focolares, seus últimos momentos de vida, testemunho claro de que cada passo deve ser feito em comunhão, do primeiro “bater de asas”´ao “último Vôo”.

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén