ciclism

Semana passada uma senhora, no meu trabalho, me perguntou se eu andava de bicicleta na calçada. Horrorizada com a minha afirmação, ela, depois do almoço, deixou um artigo impresso ao lado da minha mesa, mostrando que o tráfego de bicicletas na calçada é proibido.

Justifiquei-me dizendo que evitava ao máximo pedalar próximo aos pedestres, mas que, em algumas vias em que o ciclista é constantemente agredido por outros carros e ônibus – como é o caso da Avenida Paulista – preferiria, para salvaguardar a minha vida, não circular pela rua.

Menos de uma semana após aquela interessante discussão, um jovem ciclista perde o braço na mesma Avenida Paulista e, imediatamente, lembrei da minha colega de trabalho e, com tristeza, concluí que, infelizmente, o meu raciocínio tem sentido.

O fato ocorrido e a atitude “monstruosa” do motorista do carro que, depois de decepar o braço de outro jovem, como ele, jogou seu braço no córrego, evidencia aquele que eu chamo de “bívio problemático”.

Esta tragédia mostra o encontro entre duas realidades constantemente presentes no Brasil: A impunidade e o desrespeito.

Sobre a impunidade não vale a pena perder muito tempo. É fato que ela favorece os cidadãos com o “PIB familiar” acima da média. Seria interessante um levantamento da população carcerária para descobrir quantos presos são originários das classes mais altas. Que a justiça seja um bem social e não mais um mecanismo de discriminação do povo.

Contudo, o que eu acho que precisamos nos ater sempre, e que depende, sobretudo, de nós, é um valor fundamental da vida em sociedade: O RESPEITO. Infelizmente, quem decide punir ou não o cidadão que comete um crime, nem sempre toma a decisão de maneira ética, sincera, justa. Mas, o respeito só depende de nós mesmos.

Se o ciclista fosse respeitado nas ruas da cidade, principalmente por motoristas de ônibus e táxi, não precisaríamos de ciclovias, não existiriam ciclistas trafegando pelas calçadas e a cidade teria menos poluição, trânsito, estresse.

O que sociedade paulistana precisa entender é que o ciclista só faz bem à cidade.  Respeitá-lo incentiva a prática. Quanto mais ciclistas, menos carros, mais saúde.

Por isso, antes de buzinar, fechar, “tirar tinta” de um ciclista na rua, tenha calma, pense no bem que ele está fazendo, que ele poderia ser você indo para o trabalho, seu amigo indo para universidade, seu filho, neto… que, se decidisse ser um “militante das pedaladas”, você teria orgulho.