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Semana passada, fomos surpreendidos com mais uma catástrofe de dimensões inacreditáveis e respostas inexistentes. Um adolescente de 17 anos assassinou 15 pessoas e depois se suicidou, sem deixar motivos claros, desavenças ou qualquer tipo de justificativa plausível para tal atrocidade.

Tentando conhecer um pouco mais da história do assassino por meio do que saiu na mídia impressa e digital, me deparei com uma realidade ainda difícil de “engolir”: em tudo que li, análises superficiais tentando entender o “por que”, mas contraditoriamente esquecendo de buscar as respostas na vida do garoto e na sociedade em que ele está inserido.

No pouco que os meios de comunicação publicaram Tim K. era um garoto de classe média, filho de um próspero empresário de Winnenden, perto de Stuttgart. De caráter tímido e “inofensivo”, como diziam os vizinhos, o garoto não tinha motivos “visíveis” para os assassinatos. Será?

No modelo de sociedade na qual nós jovens estamos obrigatoriamente inseridos o “outro” está sendo cada vez mais substituído pelo “só eu”. Essa perspectiva não deixa ver além do perímetro mínimo que rodeia as minhas relações.

Não se conhece (e nem se interessa) mais os vizinhos, as crianças preferem o Nintendo Wii, o computador, do que o futebol, o jogo de botão, a pipa ou o playground. As relações se distanciam desde pequeno e assim o valor das vidas “alheias” tem o mesmo significado dos soldados inimigos do jogo Counter Strike (hit violento entre os adolescentes de todo o mundo).

Mas por que a mídia continua personalizando as respostas? Continua expressando analises superficiais que pouco questiona o modelo de sociedade e de homem? Pode ser medo de admitir quem é o verdadeiro culpado dessa esquizofrenia social, sendo mais fácil individualizar o problema?

Nos últimos dias uma grande polêmica foi levantada após um editorial da Folha de S.Paulo classificando a ditadura brasileira como “ditabranda”. Discussões calorosas na universidade ainda procuram encontrar respostas para o motivo da absurda colocação, afinal de contas foram 400  pessoas assassinadas ou desaparecidas.

Novamente, mas em um novo contexto, não se discute o processo histórico. Para as novas gerações citações como estas passam quase “despercebidas”, principalmente pela distância temporal que o acontecimento trás no imaginário de nós jovens (além da falta de sensibilidade que os noticiários produzem, com a banalização das vidas perdidas cotidianamente).

Nesse momento, não vale atacar o acontecimento em especifico, como no caso do jovem alemão, é preciso repensar modelos de sociedade, questionar-se sobre o quanto a história nos ajuda a não cometer os mesmos erros e os meios de comunicação servem para auxiliar-nos nesses “flashbacks” que nos ajudariam a “reviver” momentos e entender escolhas de outras gerações, que influenciam diretamente nessa sociedade que recebemos “de presente” e com a qual somos obrigados (e Tim K. não conseguiu) a nos adaptar.

Nos últimos dias, venho pensando no quanto a sociedade pós Segunda Guerra criou regras fantásticas que asseguram o bem estar universal (Declaração universal dos direitos humanos, estatuto da criança e do adolescente e etc), mas me parece que a ela não entendeu de que não adiantam regras novas, mesmo as mais modernas, sem Homens Novos.

Pelo contrário, continuaremos sempre a nos assustar com a capacidade de reagir das novas gerações, sem nos darmos conta da nossa omissão e falta de exemplos concretos. De que valem as regras, se elas não são aplicáveis?