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vida

No advento da chegada da viDa

Em um pouco mais de um mês a nossa família deverá vivenciar mais uma grande mudança desde que eu e a Flavia decidimos caminhar juntos: a chegada do nosso filho, Davi.

Você que está lendo esse post talvez não saiba, mas tenho uma forte inclinação para o demasiado controle das coisas. Tenho sérias dificuldades de manter a serenidade quando as coisas fogem da minha alçada e ter filhos é um maravilhoso convite para entender que a vida pode ser ainda mais extraordinária quando deixamos ela fluir, sem precisar antecipar tudo. (Escrever, por exemplo, também é uma forma de dar forma aos sentimentos para melhor dominá-los!) 

Nesse período pré-nascimento, ansiedade e o medo não faltam, justamente pela impossibilidade de controlar o que irá acontecer nas próximas semanas e meses.

Se você que me lê já vivenciou a chegada de uma vida, talvez consiga entender. No meu caso, indo para o terceiro parto, sinto que o medo aumenta ainda mais pois a sensação é que tenho muito mais a perder.

Mas do que eu tenho medo? De alguma coisa dar errado no parto, de perder a Flavia, o Davi, de não estar presente para dar meu apoio, de não estar preparado.

Preparado. Ê palavrinha que denuncia o meu ser controlador.

A chegada da vida, do Davi, todo esse período de preparação dos corações e dos braços tem sido um revisitar aquilo que é mais importante para mim: a família. É também lembrar o quão fundamental é acreditar que a falta de controle nem sempre é algo negativo. Às vezes ela é o espaço necessário para que Deus nos faça experimentar o Amor de maneira inesperada, mais profunda e completa, como foram os outros partos.

Então vamoquevamo!

Medo do casamento

Medo do casamento: sentimento que engrandece a escolha

Medo do casamento

No final deste ano, eu e minha esposa completamos nosso segundo ano de casamento. Uma conquista bonita, simples, mas muito pequena se comparada à vida que esperamos, com a graça de Deus, viver juntos.

Contudo, o mês de dezembro será também especial para a “parte brasileira” da nossa família, pois minha irmã mais nova irá se casar. (A minha irmã mais velha também se casou em dezembro).

Medo do casamento

Passados os dois primeiros anos, talvez eu tenha um pouco mais de consciência a respeito da seriedade e da grandeza daquele sim que demos em dezembro de 2012. De lá pra cá foram muitas aventuras, descobertas, dores e alegrias, mas o amor sempre cresceu, pois nos empenhamos, todos os dias, em cuidar desse maravilhoso sentimento.

Porém, nem todos os casais que conhecemos seguiram o mesmo caminho. Alguns (a minoria, ainda bem) não conseguiram crescer juntos, ou talvez não tiveram a mesma força de vontade de renunciar sonhos pessoais pelo bem da vida em família. Isso gerou em mim um certo medo do casamento. Não do meu (mesmo sabendo que, se não cuidamos um do outro, também nós podemos nos distanciar), mas do risco de não ver, aqueles que amo, felizes.

Dom e dor para comunidade

Medo do casamentoUma coisa eu tenho certeza, um casamento, quando dá certo, é um dom imenso para a comunidade, a família. Quando não dá é, proporcionalmente, um sofrimento. Às vezes me pergunto se aqueles que se casam têm consciência dos laços que são criados e se eles se sentem responsáveis por eles.

Casar é compartilhar nossa existência, não só com o outro, mas com todo o contexto que ele traz consigo. Às vezes ele é bom, positivo. Mas pode também ser marcado por traumas, dores, desvio psicológicos que só um especialista pode ajudar a administrar. Em ambos os casos, é fundamentar querer estar juntos, apesar de tudo! Mas, quando o desafio parece grande demais, podemos também contar com amigos, familiares que nos ajudam a relembrar o valor da nossa união. Eu já escrevi isso, mas procuro sempre me recordar: Não existe casamento sem comunidade.

Temer é sinal de respeito

Acho bom temer. Talvez o medo do casamento seja um sentimento que engrandece a escolha, o sim para “toda vida”.

Casar é transformar-se acompanhado, desenvolver-se com o outro. E, como qualquer trabalho em andamento, nem sempre tudo é tão bonito de se ver. Mas, olhando para tantos casais que, de alguma forma, souberam ocupar-se e não preocupar-se com o amor de um pelo outro, continuo acreditando que é possível sim amar alguém durante toda vida. Basta a vontade reciproca, saber recomeçar e ouvir quem já testemunhou as aventuras de muitos anos de casado.

Racismo, medo e a reação inesperada de Daniel Alves

Já aceitei que vivo em uma sociedade racista. Como diz o Houaiss, racismo nada mais é que o “conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias”. Outro significado é “doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras”. Ou então “preconceito extremado contra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente, geralmente considerada inferior”.

Teorias e crenças. Doutrina ou sistema político. Preconceito com o diferente. As explicações são variadas, mas acredito que faltou um elemento essencial na definição do racismo: O MEDO.

Racismo e o medo do outro

campanha_somostodosmacacos_racismo_danielalves_rep_690O racismo é fruto do pré-conceito em relação ao outro. Com ele, emerge a necessidade de teorizar crenças, com o objetivo de justificá-las de maneira racional (por isso as teorias, doutrinas e sistemas políticos) e assim adquirir a credibilidade que tenha status de “verdade”.

Contudo, o racismo não é fruto da razão. Permanece sempre crença. Crença de que o outro é diferente e por isso inferior, crença que o outro age diferente, por isso é inferior. Que o outro pensa diferente e por isso é inferior.

Porém, o que na verdade o contato com o outro, essencialmente diferente, causa em nós é o medo de que percebamos as nossas fraquezas, que somos nós, em muitas ocasiões, os “inferiores”. E, para não deixar que isso seja comprovado teoricamente, sabotamos qualquer pensamento que denuncie nossos limites. Atacamos para não sermos atacados! Tudo por medo.

Lição que vem da cultura africana

Na minha recente e breve passagem pelo continente africano, fiquei impressionado com a estrutura física e a capacidade de sobrevivência dos meus irmãos marfinenses, camaroneses, congoleses e etc. Os filhos do “Berço da Humanidade” não têm os instrumentos tecnológicos que nós temos para facilitar a vida e, mesmo assim prosperam, geração após geração, tornando-se indivíduos mais fortes e capazes de sobreviver às adversidades do contexto em que provêm.

Os africanos mostram o quanto somos frágeis. O quanto apoiamos-nos, como sociedade “ocidental”, em conceitos de cultura e desenvolvimento questionáveis, pois eles não nos tornam pessoas mais racionais ou física e psicologicamente estáveis. Vivendo em harmonia com a natureza, a sociedade africana (principalmente rural/tradicional) dá uma lição ao mundo do como viver bem (não necessariamente FELIZ) com pouco.

Racismo cultural e o show de Daniel Alves

O caso do racismo no futebol é um espelho do racismo cultural que borbulha no “Ocidente”, de maneira especial no Velho Continente. Por aqui, defender as diferenças é garantir a própria identidade, sem deixar que as raízes culturais morram no contato com o outro, essencialmente diferente.

No Brasil, parece que o racismo é fruto de uma ignorância estúpida, de uma cultura que se aceita “colônia cultural”, reproduzindo ideias de outros contextos e que não consegue aceitar-se, essencialmente, uma “raça de raças”. No Brasil ninguém é puramente índio, africano ou europeu.

Na Europa é diferente. O racismo é a maneira encontrada para se defender do outro: do vizinho do outro lado da fronteira e, principalmente, dos que vêm de longe. Mas a causa é sempre a mesma: medo. E as justificativas eu já acenei nos parágrafos acima. O que faltava, porém, era uma reação nova, marcante. E foi isso o que Daniel Alves, jogador brasileiro do Barcelona fez.

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Um gesto simples, mas cheio de significado. Ao ser atingido por uma banana, clara alusão (porque feita repetidas vezes aqui na Europa) a um macaco (o que, simbolicamente, o faz ser inferior) Daniel Alves simplesmente descascou e comeu a banana, desqualificando o gesto racista.

O estúpido torcedor que atirou a banana para Daniel recebeu uma lição digna de aplauso. O jogador brasileiro mostrou que é possível transformar uma agressão em algo Maior, mostrando que a fraqueza, a inferioridade, como podemos constatar, está no ator do gesto racista.

Porque tenho medo de voltar pra São Paulo

É interessante como as reflexões coletivas nascem quase sempre de uma demanda individual.

Explico.

Recentemente pude ler nos sites brasileiros de grande expressão, que a violência na minha cidade natal aumentou no último ano.

Claro que essa notícia não espantaria nenhum paulistano, acostumado a conviver e sobreviver cotidianamente à violência, não só a de criminosos e da polícia, mas todas as diferentes violências metropolitanas, movidas pelo descaso de governos ideológicos que se preocupam mais com a manutenção do próprio poder, que com o bem estar do Povo.

Contudo, a notícia sobre o aumento da violência em São Paulo me assustou pela primeira vez. O motivo: Estou retornando ao Brasil depois de dois anos de vida “burguesa” entre as colinas da maravilhosa Toscana e o ar fresco do “Lac Leman”, na fantástica Genebra.

Não quero fazer o “típico discurso burguês” de gente que vive uma vida cômoda, rica e que, ao lerem sobre as notícias de violência no Brasil, “sobem no pedestal” para declarar seu depreciamento pelo país, o seu sub-desenvolvimento, a falta de respeito do povo… Porém, o que a experiência no Velho Continente me fez perceber foi que quando é possível gozar do bem social, dificilmente se aceita menos.

Quem tem a oportunidade de trabalhar, estudar, viajar, conhecer outras culturas e, consequentemente, enxergar melhor a si mesmo e o próprio país é capaz de expandir conhecimentos e a consciência de que as coisas podem ser melhores.

Mas podem mesmo?

Podem.

Como jornalista e pensador da comunicação social, acreito que a mídia tem um papel importante na reflexão sobre essas possibilidades reais de mudança e melhora… contudo, infelizmente, não é aquilo que se vê nos jornais…

É incrível perceber que, na dezena de matérias que li sobre o crescimento da violência em São Paulo, a causa (ou as causas) desse “fato” não emerge (m). As notícias são só constatações, divulgam só números, mas não expõem o problema na sua complexidade (por isso tanta gente acha que qualquer um pode ser jornalista. Se for só para divulgar, eu também estou de acordo).

Procurando, porém, olhar o todo é visível que os crimes cometidos seguem um paralelo de violência que há anos vem determinando a postura da polícia militar de São Paulo. Contudo, outros índices ajudariam a “ler” melhor o problema… comparando com outras capitais brasileiras, outras taxas que determinam o desenvolvimento de uma região. Mas não, essas notícias exprimem só a constatação de uma violência percentualmente maior.

Notícias assim deveriam não ser dadas, pois não geram mobilização, reflexão social, não movem. Só aumentam o medo, a divisão, intolerância e o preconceito.

As notícias precisam ser apuradas e apresentadas colocando o ser humano (que lê e que è retratado nas matéria) como principal envolvido no problema.

Ser humano que é cotidianamente vítima da violência e do preconceito da polícia. Que è ignorado pelo individualismo ideológico que divide a sociedade em castas.

Ser humano que coloca a sua vida em jogo para tentar solucionar os problemas de violência. Que recebe um salário indigno, uma formação que incita à guerra e que não acredita no respeito.

Ser humano que paga pelo descaso político que não cria estruturas capazes de uma vida pública sadia em que cada um possa ser protagonista do bem estar social.

Nas notícias, vem cada vez menos em evidência o ser humano e por isso elas não têm vidas, são só números, fatos, que não movem leitores, cidadãos, e principalmente políticos.

Medo de acreditar

Medo de acreditar

Toda vez que, introspectivamente, procuro descobrir o que sinto, me dou conta de que a resposta não está dentro de mim. Tenho medo de acreditar.

Desta forma, coisas estranhas, pessoas, são colocadas para que possamos entender (novamente) que o grande segredo, que muitas vezes serve de farol para a resolução dos nossos problemas, está no Outro. No amor incondicional e atemporal àquele que está ao nosso lado.

A sociedade que nos impulsiona e nos constrange a refutar a dor, também ilude e faz com que achemos que sofrendo, estamos perdendo a chance de sermos felizes.

Assim, o medo de acreditar em mim mesmo, de estar me enganando, ou vivendo mentiras, sufoca e me impossibilita de sair do ciclo “egocentrista” em que muitas vezes me encontro.

“O medo é um sentimento que é um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente.”

Quando sentimos medo é porque não acreditamos que existe Algo além das nossas possibilidades. Um Observador que nos guia para que possamos permanecer no caminho que nos leva a Felicidade.

Sentir medo é estar prostrado em frente a um muro enorme, que esconde o Paraíso do outro lado, mas que deve ser superado, por nós mesmos, mas com a ajuda desses “pezinhos” que se colocam diante de nós, cotidianamente.

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