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Documentário Jornaleiros completo + defesa da tese

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Considerações finais retiradas da parte escrita do documentário

Contemplar “Jornaleiros” depois de árduos meses de trabalho, de empenho e inúmeras crises é perceber que muito do que foi materializado no documentário partiu de “dentro”, nada veio de conclusões superficiais.

Percebi que o trabalho em todo seu significado, em tudo o que ele apresenta, tem paralelo extremamente pessoal com a minha vida universitária e as escolhas que a precederam.

Claro que, intencionalmente, os personagens exprimem, por meio da minha escolha editorial, aquilo que, sobretudo, eu penso em relação à formação, a escolha, ao jornalismo.

O filme não explora propositalmente o “pós formação” , uma visão de dentro do Mercado, pois, efetivamente não cheguei a esse estágio da minha carreira e, por isso, não me sentia com propriedade suficiente para retratá-la.

Admito certa satisfação e o privilégio em poder contar com tantas pessoas que me ajudaram na concepção do filme. Os colegas de TV Cultura, professores da PUC; em cada conversa uma perspectiva se abria, uma ideia se formava.

O produto final é de uma diversidade e amplitude de conceitos sem necessidade de uma prévia explicação. São discursos, opiniões e discussões que giram em torno dos quatro personagens. Ora críticos, ora superficiais, ora confusos, ora passivos, ora determinados. Um pouco de tudo.

Claro, sempre com o objetivo de promover o diálogo, o pensamento, o conhecimento dessas diferentes vozes e da necessidade de pensarmos juntos no futuro de uma profissão “em crise” como é a do jornalista.

Valeu o sofrimento, valeu olhar para trás e ver que realmente sou fruto da minha formação, mas principalmente da vontade de transformar a sociedade. Para o bem, claro!

JORNALEIROS – Crises, insight e questionamentos (O processo de criação do documentário “Jornaleiros”)

jornaleiro

Pensar em um trabalho de conclusão de curso foi, antes de tudo, me defrontar mais uma vez com uma pergunta primária, simples, mas que gera uma avalanche de questionamentos.

Porque estou aqui? De onde eu vim? Para onde vou? São indagações que, não raramente, pousam na minha cabeça, nessa busca existencialista constante e que tem a finalidade de dar um sentido profundo a minha participação nesse grande jogo que é a vida.

Como jornalista talvez a primeira pergunta nessa vertente foi: informação ou conhecimento? Claro que, em tempos de muita informação e escasso conhecimento decidi, pela complexidade, partir à procura de outra questão que satisfizesse essas exigências pessoais.

Foi assim que, no meu desespero introspectivo, caminhando pelo espaço arborizado da TV Cultura, último local me acolheu como estagiário, fui surpreendido com o vôo rasante de um pássaro munido de matéria orgânica fecal, que por centímetros não sujou minha camiseta.

A raiva e mesmo o alivio só foram amenizados quando cumprimentei, logo em seguida, dois funcionários do jardim, que transportavam um carrinho com algo mal cheiroso, que logo conclui o que era: adubo orgânico.

Eureka!!! Um insight cotidiano onde finalmente encontrei a pergunta chave para o meu tcc. Qualquer um de nós pode produzir matéria orgânica, até os animais. Mas quem é capaz de transformar matéria em conteúdo? Dar utilidade social a algo natural? Melhor, como fazer das fezes, item essencial para o enriquecimento da terra?

Nós, seres humanos, pensantes, somos capazes de tudo isso. Podemos ser verdadeiros protagonistas da mudança da sociedade… Pro bem e pro mal.

Mas o que o meu tcc tem a ver com isso?.

Há tempos venho sofrendo muito para encontrar uma linha, um fio que pudesse realmente transformar em conteúdo, todas as doze horas de material gravado que fiz durante os últimos seis meses.

Trabalhando em diversas empresas de comunicação, mesmo na grande imprensa, percebo uma ausência de reflexão sobre a necessidade de transformar os fatos do cotidiano em algo edificador e por que não, transgressor dessa realidade esquizofrênica.

Discursos que apontam a velocidade, a falta de tempo e incriminam as Novas Mídias servem de desculpas, mesmo que parcialmente plausíveis, para o descomprometimento e a redenção dos profissionais na pratica diária de seus trabalhos.

Claro… criticar é fácil. Mas quando você se vê diante da necessidade de tomar decisões no que diz respeito a isso, não tendo capacidade técnica e muito menos amadurecimento profissional, entende-se rapidamente que, concretamente, o fazer jornalismo no mundo atual precisa de novas perguntas e, claro, novas respostas.

Escolhi para o meu documentário quatro personagens, quatro jovens que, como eu, não têm essas respostas e talvez nem mesmo a esperança concreta de que uma mudança “alla grande” é possível, mas eles precisam ser ouvidos.

Não porque supostamente representam um perfil dos profissionais que começarão sua vida profissional, nem mesmo porque são portadores de uma mensagem inovadora, discursos novos, não é nada disso, mas simplesmente pelo exercício que, nem estudantes, nem profissionais e nem formadores da área de comunicação estão acostumados a fazer: OUVIR.

Mas também os formadores precisam pontuar algumas coisas, precisam enriquecer a discussão com a experiência, a vivencia e a sabedoria que só o tempo é capaz de encarnar. Precisa existir um relacionamento intenso entre formadores e formandos, realidade e utopia.

Está sendo repensado o currículo dos estudantes de jornalismo, mas existe pouca discussão e participação dos principais interessados. O diploma não é mais exigido e ninguém parou para pensar no que isso significa para aqueles que estão se formando. Existe uma grande frustração dos estudantes de jornalismo que saem da faculdade, mas e daí? Ninguém se olha, se ouve, se interessa pelas diferentes vozes que devem soar em uníssono para que a “orquestra encontre sintonia”, para que se possa começar a construir o tal novo jornalismo.

Porque um jovem escolhe o jornalismo hoje, em uma sociedade sem projetos e perspectivas? O que imaginam os professores sobre isso? Para que serve o jornalismo para esses futuros profissionais? O que motiva esses alunos segundo seus formadores? Qual o papel da formação que tiveram? Jornalistas ou jornaleiros?

O documentário não foi concluído, ainda existe muita matéria orgânica a ser descartada, mas a perspectiva é boa, pois existe uma exigência interior de transformá-la em algo que sirva, transforme.

Links no Youtube:

Parte 1:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=JIBpbzzyqEU]

Parte 2:

[youtube= http://www.youtube.com/watch?v=gm9LQuVCOo8]

Parte3:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=TmRjBdtlzd0]

Parte 4:

[youtube= http://www.youtube.com/watch?v=Fxw7Wzqxw-A]

Parte 5:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=lmHvfyau2QU]

Parte 6:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Emrn1Evaq7o]

Documentário Jornaleiros: A escolha do projeto

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Desejo… vontade…

Porém, que bendito desejo era esse que me levou a tantos pequenos milagres e me trazem até aqui, há um mês da minha formatura?

O mesmo desejo que me fez escolher jornalismo. O mesmo desejo que me faz querer ter uma família, ser ético, viver pelas pessoas.O desejo de ver um mundo melhor.

Claro, isso é uma ideologia. Como o marxismo, o capitalismo e todos os “ismos” que levaram a civilização para frente ou para trás. Olhando mais ou menos para o ser humano.

Em muitas das discussões durante o curso fui chamado de existencialista. Mas como viver nesse mundo caótico, permeado de indiferença, sem acreditar nas potencialidades e no protagonismo dos seres humanos? Tudo bem, eu admito, sou sim existencialista.

Foi partindo desse pressuposto que pensei, pela primeira vez, no meu projeto de conclusão de curso.

Queria fazer algo de concreto e transformador. Não algo pretensamente grande, mas essencialmente útil e que fosse também um dom em retribuição a Deus, aos colegas, professores e também à faculdade.

A minha primeira idéia foi fazer um Portal na internet de instrução e formação de comunidades sobre a importância da comunicação como ferramenta de transformação das realidades.

Pensei em um trio de trabalho, tinha já algumas pessoas em mente, mas me vi diante de dificuldades técnicas que talvez fossem impossíveis de serem superadas.

Aí me questionei a respeito do que mais me faltou como formação na faculdade. Durante esses quatro anos na PUC percebi que não tive um aprofundamento na “arte” de transformar informação em imagem. Textualmente a dificuldade é já bem menor no final do curso, mas em vídeo as deficiências só não foram maiores por conta da aula de telecine e do estágio que fiz na TV Cultura.

Bom, era isso, vídeo. Queria fazer um documentário. Mas para falar de que?

Novamente o desejo de fazer algo útil me motivou a me questionar sobre isso. Entendi que deveria falar sobre a experiência de mergulhar no mundo da comunicação, de me transformar em jornalista, ainda mais em tempos de desregulamentação, escassez de ética e conformismo profissional.

Assistindo “Santiago”, do excelente João Moreira Salles, entendi que teria que partir daquele modo de conceber as idéias de maneira visual, de ver a si mesmo, por meio do discurso e da vida dos outros.

Foi assim que pensei nos meus quatro personagens. Estudantes, jovens como eu e que, em diferentes universidades, origens, experimentam na essência aquilo que ainda hoje me questiono. Do que valeram esses quatro anos?

Não pensei nessa empreitada sozinho. Pensei em fazer em trio, para dividir idéias, para construir algo “junto”. Porém, quis as casualidades da vida que isso não acontecesse. Por conta do estágio na TV Cultura, acabei perdendo a possibilidade de participar de algum grupo e mesmo de convidar alguém para entrar no meu.

Assim estava eu, cheio de idéias, projetos, mas sozinho. “É possível fazer jornalismo sozinho?” Questionou uma das minhas entrevistadas. Definitivamente não, é a minha resposta. E não o fiz.

Mesmo sofrendo para me organizar, trabalhar, estudar, namorar, jogar bola no time da faculdade, fazer tudo isso sem perder a vida social que sempre foi prioridade para mim, decidi encarar o desafio.

E, aos poucos, entrevistando um, conversando com outros, vi os caminhos se abrirem e chegar àquilo que posso apresentar, certo de duas coisas: fidelidade aos 99% de transpiração e ao desejo de fazer algo útil.

Encontrei discordâncias, desafios técnicos, limites pessoais, intelectuais, mas uma grande alegria e motivação em desenvolver um aspecto profissional que a faculdade não pôde me dar e que eu considero estratégico para o meu futuro como jornalista.

Enquanto essa fase se conclui, começa uma outra, com os mesmos desafios e impossibilidades que a vida apresenta, mas aquela certeza, fruto do desejo transformador, existencialista, que carrego, me dá a plena serenidade de que, o que me espera, são COISAS GRANDES.

Documentário Jornaleiros: Vontade que vem de dentro

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Vontade… Desejo… Duas palavras tão parecidas. Sinônimas, direi. Mas que para mim têm forças distintas. Enquanto a primeira descreve um impulso exterior, superficial, a outra carrega em si um anseio profundo, uma vontade que vem de dentro. Digo isto porque, se dependesse da minha vontade, não estaria hoje no advento da minha formatura na PUC-SP.

Depois de algumas experiências pelo mundo, me encontrei diante das inscrições do vestibular e mais uma problematização: Que faculdade eu presto?

Decidido a dar exclusividade para faculdades públicas, fui questionado por um grupo de amigos (que, como eu, acreditam que somos agentes concretos na construção de um mundo melhor) sobre a possibilidade de prestar PUC e assim ficar em São Paulo (tinha feito a inscrição só na UNESP, em Bauru) continuando a fazer parte desse grupo.

Movido por esse desejo e sem me questionar demais, decidi correr o risco, ciente de que, mesmo se passasse, não poderia estudar na PUC por estar desempregado e não ter condições de ser patrocinado pelos meus pais.

Enfim, fiz o vestibular e em janeiro tive a paradoxal notícia de que havia sido aprovado. E agora?

Lembro-me como se fosse ontem da inscrição. Minha mãe, mais preocupada que feliz, disse que só teria condições de pagar a matrícula, que eu deveria encontrar um emprego urgente.

Até aqui, tudo muito natural, nada de surpreendente mas, uma semana antes do inicio das aulas, recebi a ligação de um antigo chefe, gerente de uma loja de informática onde trabalhei alguns anos antes, me perguntando se não estava querendo um trabalho.

Feliz e muito surpreso (talvez assustado fosse a palavra mais adequada) disse que sim e fui conversar com ele no dia seguinte. Fui com o discurso pronto: “só posso trabalhar aqui se o senhor pagar a minha faculdade”, mas nunca na minha vida acreditaria que receberia um SIM sem questionamentos.

Foi assim que vivi o meu primeiro ano de faculdade. Mesmo não trabalhando na área pude cumprir com as obrigações financeiras sem prejudicar o orçamento familiar. Era uma conquista desses meus cientes “99% de transpiração” e do imensurável “1% de inspiração divina”.

Porém, depois disso, senti que aquele mesmo desejo que me havia colocado na PUC me empurrava para mergulhar na minha área. Precisava de um emprego ligado à comunicação.

Em dezembro, fui informar o meu chefe que estava procurando outra coisa e me vi diante de mais um problema: irritado ele disse que se não quisesse ficar, teria que ir embora no final daquela semana.

Após alguns minutos de desespero. Sentei diante do computador e “disparei” currículos por toda a parte. Até aí, novamente, nada de anormal. Surpreendente foi receber uma ligação dois dias depois para uma entrevista na quinta-feira.

Feliz, fui bem preparado para a Editora Análise e na sexta-feira, 20 minutos após estar oficialmente desempregado, fui informado que havia sido selecionado para começar a trabalhar na primeira semana de janeiro.

Fiquei mudo, afinal de contas, além do emprego, ainda ganharia duas semanas de descanso. Mas, como “nem tudo são rosas”, o salário era menor e assim, teria que contar com a ajuda financeira dos meus pais.

Isso realmente me incomodava, mas não tinha escolha e aquele desejo interior não me deixou desistir.

Depois de quatro meses lá, aprendendo “na prática” o jornalismo, construindo relacionamentos, recebi um email da PUC dizendo que o edital de 70 bolsas integrais para toda a faculdade tinha sido aberto.

Sem muita esperança me inscrevi, procurando não falhar na entrega dos documentos do “atestado de pobreza”, porque seria o primeiro parâmetro, seguido pelo desempenho no primeiro ano do curso.

Até aí, novamente, tudo tranqüilo. Quantas pessoas não fizeram o mesmo que eu? Mas o desfeche é que foi surpreendente, com diversos pormenores que não vou acrescentar para não virar uma grande novela. Mas, enfim, a partir de março do meu segundo ano de faculdade, comecei a estudar de graça em uma das melhores faculdades do Brasil.

A minha felicidade só não foi maior do que a certeza de que realmente era tudo fruto da fidelidade àquele desejo…

Links no Youtube:

Parte1: http://www.youtube.com/watch?v=JIBpbzzyqEU

Parte2: http://www.youtube.com/watch?v=gm9LQuVCOo8

Parte3: http://www.youtube.com/watch?v=TmRjBdtlzd0

Parte4: http://www.youtube.com/watch?v=Fxw7Wzqxw-A

Parte5: http://www.youtube.com/watch?v=lmHvfyau2QU

Parte6: http://www.youtube.com/watch?v=Emrn1Evaq7o

Documentário Jornaleiros: Premissa

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Problematização, Pauta, Apuração e Edição…

Essas quatro palavras não só são o centro do meu trabalho de conclusão de curso e da minha formação, mas também fazem parte de um método que construí para viver bem as escolhas que faço, desde o meu primeiro lapso de consciência individual.

Nestes poucos anos de vida tive que me confrontar com poucos problemas exteriores, mas muito interiores. E o que fazer para resolvê-los? Nada como um bom planejamento, uma boa pauta, para saber para quem perguntar, onde buscar as informações importantes, para passos decisivos.

Claro, depois disso, não basta ficar sentado, esperando intercessão divina. Aqui vai sempre aquela “frase-memorando”: Uma obra é feita com 1% de inspiração e 99% de transpiração. Não me lembro de quem é e por isso vou apurar:

(…)

Sim… A frase é do inventor da lâmpada, Thomas Edison, e se refere ao como ele vê o talento no realizar coisas.

(…)

Pois bem, desde sempre, minha vida tem sido um perene e insaciável arregaçar as mangas, um apurar, ouvindo o máximo de fontes possíveis, para encontrar respostas, ao menos minimamente, transformadoras.

Claro, por último é preciso editar. Nesse mundo exacerbado de informações… vozes, sons, ruídos e barulho se confundem de tal maneira, que escolher, dentro dessa massa de material bruto, é um trabalho que leva tempo.

Aqui, além da paciência de esperar, entrou como imprescindível na minha experiência o entender que é importante ser guiado pelo desejo…

Problematização, Pauta, Apuração e Edição…

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