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Um encontro pessoal com Ginetta Cagliari

Uma historia para ser recontada de mil modos. É essa a impressão que se tem após ler “Ginetta fatos que ainda não contei”, lançamento da Editora Cidade Nova em comemoração aos 10 anos da morte da mulher que mudou a vida de milhares de brasileiros.

Ginetta Cagliari, italiana de personalidade forte e radicalismo assustador, pode-se dizer que foi instrumento “divino” no “expedir” às terras americanas o Ideal da Unidade, estilo de vida que hoje é aderido por pessoas de todas as regiões, idades e culturas do Brasil.

Depois de “Ginetta, uma vida pelo Ideal da Unidade” essa segunda biografia “convida” Ginetta a abrir seu diário pessoal para partilhar momentos importantes da sua infância, do «Entre guerras» e do encontro “escatológico” com Deus-Amor, testemunhado por Chiara Lubich e suas primeiras companheiras.

No girar progressivos das páginas do livro é impossível não se emocionar com a conversão de Ginetta, lapidada para que fosse sempre mais “encarnação” do Ideal descoberto.

A perseverança rumo à realização do desejo de ser amor concreto ao próximo aproxima Ginetta, guardadas as devidas proporções e estilos, de Inácio de Loyola, que curiosamente também foi peça fundamental na difusão do cristianismo por meio da Companhia de Jesus.

Desejo de conversão, de radicalidade no testemunhar o evangelho. São duas realidades que ficam após a “ler” novamente Ginetta.

Ginetta Cagliari: Uma vida pelo Ideal da Unidade – Sandra Ferreira Ribeiro

Ginetta não é só a minha mãe espiritual, é também biológica.

Sim!

Com certeza, se essa mulher fantástica não deixasse a singela Trento, no norte da Itália, para se aventurar nas terras tropicais do Brasil, eu nunca estaria aqui escrevendo sobre nada, nem ninguém.

Foi por meio de Chiara Lubich e o Ideal da Unidade, concretizado pela presença viva do Movimento dos Focolares como instituição de caráter religioso, que meus pais puderam se encontrar.

Um retiro espiritual para toda a comunidade, a tal MARIApolis, levou meus pais a se conhecerem, se apaixonarem e se casarem.

Quem lê essa biografia sobre Ginetta, sinceramente, vai encontrar muita insanidade no que diz respeito aos escrúpulos humanos. Ela não raciocinava, se lançava, amava e por isso, conquistou tanta gente.

Encontrei-me com esse livro em mãos justamente em um momento particular de escolha radical entre ser FELIZ ou buscar a MÁXIMA FELICIDADE. A singularidade da vida, o radicalismo de Ginetta, me fizeram perceber que não é possível se contentar com o bom, é TUDO ou NADA.

Entendi também que os sonhos mais insanos, mais impossíveis, se são fruto do desejo divino, se concretizam. Isso eu pude experimentar diversas vezes na minha vida, de maneira concreta.

Falar de santidade vai parecer “carolisse”, coisa de beato de igreja, realmente percebo que são rotulações de quem tem medo de se descobrir VAZIO.

A busca de práticas religiosas cotidianas, da vida em comunidade, da oração e contemplação do mundo, contrasta de maneira gritante com o frênesis contemporâneo. Nietzsche diz que Deus está morto, mas o que realmente vai morrendo, sempre mais, é esse desejo interior profundo de buscar A MÁXIMA FELICIDADE, que para o cristão se traduz em um termo forte: SANTIDADE.

Sim, é possivel ser um SANTO MODERNO, que não é aquele estigma do perfeito, do certo, do intocável. A santidade é uma batalha, cotidiana, cheia de erros, acertos, é uma busca constante e insaciável nesta terra.

Ginetta pra mim, que pude conviver “de perto”, é essa possibilidade realizada. É alguém que não parou nos próprios limites, mas buscou o divino, deixando o “impossível” para quem pode se ocupar dele.

Enfim, tudo o que sou, que penso, que faço tem raiz nesse amor…

Será que posso esperar menos? Desejar menos?

Tudo ou Nada…

Ainda bem que não estou sozinho.

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