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5 anos unidos!

É tão fácil começar um projeto. O entusiasmo inicial, o turbilhão de sentimentos, as esperanças e a pouca vivência ajudam muito a romantizar tudo, até mesmo as incompreensões e os medos. Com o casamento não é diferente. A gente tem a fase da Lua de mel, onde tudo é redimensionado pelo otimismo, pela paixão. Só que depois os desafios ficam mais complexos e somos constantemente chamados a “renovar” o nosso primeiro “Sim”.

Alguns anos atrás escrevi: “ Os “votos” de uma união são fundamentais para traçar um objetivo a ser alcançado juntos. Mas o casamento não é um projeto futuro e sim uma realidade que se vive dia após dia. Não basta casar-se “só uma vez”! É fundamental “re-casar-se” todo dia. O ponto de chegada também não se estabelece unicamente por desejos humanos, mesmo os mais bonitos. Sem um “Algo” que transcenda, é difícil acreditar na possibilidade de superar todos os obstáculos, principalmente aqueles ligados aos nossos limites humanos. Quem tem a coragem de “abandonar-se” em uma Fé (que não necessariamente precisa ser uma religião), pode descobrir um grande aliado na aventura em família.”

Hoje completamos 5 anos de casados! 5 anos! Pouco? Muito? O suficiente para dizer que a nossa família e os desafios para nos mantermos sempre unidos mudaram bastante desde então. Agora somos pais! E como sempre dizemos, as mudanças que o casamento traz não são nada se comparadas as da maternidade/paternidade. Agora sim que a nossa união é realmente colocada à prova. Só que o tempo, nesse caso, tem sido um maravilhoso aliado pois as experiências vividas juntos antes, contribuíram para a sintonia que temos hoje, mesmo dentro da montanha-russas de emoções que é ter uma filha.

5 anos e uma gratidão imensa pela vida que Deus nos deu. Pela Flavia e quem ela é. A mulher mais fantástica que já conheci na minha vida, a melhor companheira que Deus poderia me dar, minha melhor amiga.

Gratidão também pela presença e suporte de familiares e amigos. Pessoas que tem estado sempre ao nosso lado. Nas alegria e tristezas. Sucessos e fracassos. Como dissemos no dia do nosso casamento: Não existe família sem comunidade.

Pai, especial

Poder participar da geração de um novo ser foi, sem sombra de dúvidas, um dos presentes mais lindos que a vida me deu. Ser pai é, a priori, viver eternamente grato por ver frutificado o seu amor mais puro e verdadeiro.

Mas e depois? O que sobra? Fraldas sujas? Banhos? Gorfadas, babadas, xixizadas e cocozadas? Mesmo que esses sejam elementos cotidianos da paternidade real, ser pai vai muito além. Viver a paternidade é mais um convite que a vida nos faz para sermos homens melhores.

A primeira descoberta que fiz nas primeiras semanas de vida da Tainá foi que a minha grande ocupação seria tomar conta da principal cuidadora da minha filha: a mãe dela. Claro que logo que a Tainá nasceu procurei me fazer útil da melhor forma possível, com a troca de fraldas e tudo mais, mas ela precisava sobretudo da mãe, fonte de calor e de alimento. Enquanto isso a Flavia ainda estava bem fragilizada. Fisicamente cansada pela intensidade do parto, lidando com o desconforto das feridas e sobretudo a descarga hormonal que causava exaustão. Ali se apresentou a minha primeira chance de ser pai.

Aquele insight me fez descobrir que, se minha esposa está bem, feliz, descansada, a família inteira fica em paz. Dessa forma, desde o início tenho procurado exercitar a paciência, duplicar o cuidado e a atenção para que a Flavia esteja bem.

Outra importante descoberta é fruto de uma minha reflexão recente sobre a construção de vínculos com os filhos. Enquanto as mães ganham uma « ajudinha » da natureza com a gestação, a amamentação, os pais são jogados à deriva, sozinhos, nesse oceano agitado da paternidade.

Mas será mesmo que não recebemos nenhum sinal interior? Para falar a verdade, acredito que não. Talvez isso explique o porquê de vermos muito mais pais que mães abandonando seus próprios filhos. Por outro lado, vínculos que ficam para vida e sobrevivem ao tempo, como amizades de infância, casamentos, entre outros, precisam conter um elemento fundamental, que também existe na paternidade (e em outras fases da maternidade): a escolha.

Ser pai é viver diariamente a escolha de querer, do fundo do coração, construir e fortalecer os vínculos com os filhos. Não existe romantismo ou impulso interior. É escolha pura, que me faz sentir, de certa forma, especial. Troco fraldas, dou banho, faço dormir, me sentindo profundamente feliz. Não faço porque é minha obrigação, mas porque são as únicas oportunidades que tenho para, diariamente, fortalecer a relação com a minha filha.

Investir em vínculos tem tornado a minha paternidade ainda mais completa. Sinto que posso amar mais, curtir ainda mais minha família e renunciar outras coisas sem arrependimentos. Quando entro em casa deixo todo o resto do lado de fora, para poder dar o meu melhor para minha família.

Porém, pai só é pai se tem filha (o). E a minha filha é um ser maravilhoso que vou contar um pouco mais no próximo texto.

 

A chegada da Tainá – Parte três: Gratidão

« Aproveite bem cada dia com a sua filha! Eu era muito sério quando tive meus filhos e não curti como deveria. Hoje eu me arrependo», disse um dos amigos da nossa família, antes de pegarmos a estrada de volta pra Genebra e começarmos finalmente uma nova vida, agora à três.

Os nossos corações que pareciam explodir e as lágrimas inevitáveis, tamanha a emoção, eram resultado de uma experiência extremamente intensa como é a de um parto.

Poucas horas antes, no quarto, na casa da minha sogra, já era dia 22 e com a Flavia eu tentava surfar nas ondas das contrações que de dois em dois minutos, foram rapidamente para uma intensidade difícil de acompanhar no aplicativo do meu celular. Nos intervalos, as mesmas massagens e palavras de incentivo de antes, mas agora sufocadas pelos gritos estridentes de dor e a minha incapacidade de diminuí-la.

Após uma hora de sofrimento, minha esposa disse que precisávamos voltar à casa de parto. Dentro eu pensei « Será? Mas faz tão pouco tempo que voltamos! ». Contudo, fui interrompido por mais um grito de dor e peguei o telefone para ligar, esperando que alguém que entendesse inglês pegasse o telefone.

«Oi, sou eu, Valter, o marido da Flavia. Estamos ligando porque achamos que está na hora de voltar para aí », disse em inglês. Do outro lado, dona Ruth respondeu: Oi Valter, tudo bem, podem vir. Como está Flavia, ela está bem? “. Ingenuamente disse “Sim, ela está bem”, querendo dizer que não parecia haver complicações aparentes. Contudo, minha esposa, ao meu ouvir, em meio a mais uma onda gritou: « I am not okkkkkkkkk!»  e aquele foi o sinal claro para correr para o carro rumo à casa de parto.

Já na primeira curva me dei conta de que estava sem óculos! As 1 :30h, tudo escuro e eu praticamente cego. Volto? “Nem a pau! “. Agora alguém lá em cima teria que curar minha miopia ao menos durante os 10 minutos de estrada.

Chegando na casa de parto. Silêncio e paz. Dona Ruth nos acolheu com um sorriso e uma serenidade que jamais vou esquecer. Uma sensação de alívio por não estarmos em um hospital. Entramos e logo após inspecionar a dilatação, ela nos informou que a Tainá já estava pronta para chegar. Acompanhei Flavia para a cadeira, ajudei ela a tirar a roupa, trouxe água, peguei na mão … o que mais poderia fazer? Queria estar junto. Era a minha única preocupação. Que as duas sentissem que eu estava ali para elas, sem restrições.

O momento derradeiro se aproximava. Entre inspirações e expirações, gritos e sorrisos, presenciei um dos milagres mais incríveis da natureza. Ao ver a nossa pequena Tainá e ouvir seu choro imediato, senti que meu coração ia explodir. Uma emoção que ainda aquece “dentro” ao lembrar. Lágrimas de felicidade escorreram espontaneamente de mim e lá estávamos nós três, abraçados, cheios de gratidão.

Casos que destroem o que é a Família

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Ainda não me conformo com esses casos de família horrendos, em que os esposos se agridem ou até se matam. Pais que matam filhos, filhos que matam pais, namorados que se matam. Sinais escandalosos de que a principal célula da sociedade está no culmine da degradação.

Os casos Nardoni, Richthofen e, atualmente, Mizael e o do goleiro Bruno ganharam destaque na imprensa, mas, infelizmente, o que não é levantada, na maioria das vezes, é a dimensão social deles.

A mídia brasileira é (propositalmente?) superficial e não estimula a pensar o mal profundo que se esconde por trás desses acontecimentos. As consequências da desintegração da Família fragmentam alguns valores fundamentais para a vida em sociedade.

No Velho Continente, mais por conta do consumismo e do individualismo, que da violência, a perda de valores promovidos pela Família colocou a Europa em uma crise sem precedentes e aqui no Brasil, sem vergonha, estamos rumando para o mesmo triste caminho.

É um absurdo aceitar passivamente a destruição da Família. Concebê-la sem pai nem mãe, sem calor humano, respeito, dignidade, sacrifício, renúncias. Se nós queremos preservá-la, nenhuma dessas dimensões pode ser ignorada.

Impressiona que muitos jovens que cresceram em famílias tradicionais, hoje defendam uma família desfigurada. Se eles se consideram felizes, realizados, muito, certamente, é por conta do modelo “tradicionalista” que, acima de tudo, considera fundamental ter pai e mãe (paternidade e maternidade) em casa, mesmo que imperfeitos.

O que se vê hoje são relacionamentos individualistas, narcisistas, regados de interesses egoístas, doentes, ao ponto de fazer pagar com a vida quem, livremente, não aceitar as imposições de uma das partes.

Abolir a família “tradicional” não é um mal relativo, mas evidente e grave. É ela que preserva os valores que constroem a sociedade. Claro que este “modelo” não está acima das pessoas, intrinsicamente passíveis de falhas, desvios, porém, isso não justifica a depreciação do seu valor e importância.

Salvem as nossas famílias

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Os últimos episódios de violência no Brasil e no mundo têm assombrado a nossa sociedade e agora, os mesmos, adquirem ainda mais caráter de caos, pois a natureza começa a reagir aos maus tratos feitos pelo homem, não somente entre os seus semelhantes, mas com o Criado.

Contudo, um pequeno esforço faz perceber que existe uma raiz para todos esses problemas: o descaso pela família.

Recebemos de herança da geração nascida na metade do século XX o desejo de liberdade. Contudo essa vontade de Ser, indivíduos, nos tornou enfim, individualistas. Com mais direitos que deveres; mais eu, que nós e assim, o antro da vida compartilhada, da “divisão de bens” (materiais e espirituais), passou a ser mais um subterfúgio para a realização de prazeres pessoais.

Salvar a família, como dizia um político italiano Igino Giordani,é salvar a civilização.

O descaso e o desrespeito dos filhos em relação aos pais, o autoritarismo ou o excesso de “liberdade” dos pais para com os filhos são já atitudes fracassadas e que evidenciam a necessidade de pegar novos caminhos.

Se construirmos famílias enriquecidas de amor e cumplicidade verdadeiras, podemos dar os primeiros passos para resolver o problema da violência, do respeito, da importância que existe em cada ser humano.

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