Naquele dia 29 de março culminou mais uma das grandes estratégias do mundo pós moderno, para emancipar o poderio capitalista sobre as pessoas que, quanto mais estão sozinhas, mais podem ser dominadas.
Das instituições detentoras da Verdade, em que o bem comum ainda parecia visível, a família era a única remanescente, ainda mais a burguesa, que foi atacada outrora quando o menino João Hélio foi arrastado pelas ruas cariocas ainda sem dengue.
Porém, o que se vê na mídia é uma transformação da vida real em “reality show”, onde se colocam no “paredão” o pai, a mãe, a madrasta, o pedreiro ou qualquer outra personagem passível de ibope.
Nas mesas de bar, nas rodinhas da faculdade, no trabalho, especulam-se culpados sem qualquer pudor, da mesma forma que se discutiam as eliminações do reality show televisivo.
Mas os dias foram passando e o desenrolar da história foi levando à mesma insatisfação que o Big Brother gerou em seus espectadores. A demora para definição de uma resposta final, de um desfeche para esse “romance real” perturbou a sociedade.
Quem foi que matou a linda menininha de cinco anos? Enquanto as autoridades procuram desvendar esse mistério, toda a sociedade esquece de que uma família já foi destruída, arremessada junto com Isabella daquele sexto andar.
Mas, pensando bem, o que parece mesmo é que por trás dessa terrível tragédia, a desmoralização da família, último baluarte social, foi empurrada com uma certa dose de oportunismo do tal selvagem capitalismo. Meus pêsames a nós.