Juventude é pensar, sentir e fazer, generosamente. Sem economizar energia ou tempo. Sem cálculos mesquinhos. Ao menos é assim que eu costumava me autodefinir “jovem”.
O problema é que no processo de nos tornarmos adulto, acumulamos experiências e conquistas que aumentam a indisposição à perda. Além dela, começa-se a notar uma diminuição drástica dos níveis de energia. Assim, despedir-se da juventude é estar mais condicionado ao estado psicofísico da própria existência. É sentir (mais) na pele o impacto das nossas inconsequências, inconsistências.
Nas últimas semanas percebi, na dor, que não sou mais jovem. Dei-me conta de que as frustrações da vida ressoam bem mais forte no meu físico e no meu emocional, comparado ao que acontecia nas últimas duas décadas. Enquanto os valores e as verdades se solidificam internamente, lidar com a dor, fruto da injustiça, da incoerência e do medo, agora sugam minha energia de maneira assustadora.
Atualmente, o grande desafio tem sido encontrar um lugar para posicionar a minha existência nesse nova etapa da vida. É melhor ter uma passagem breve, significativa e transformadora ou viver bastante, aceitando cinicamente a própria e inevitável mediocridade? Existir é simplesmente permanecer ou, mais do que tudo, buscar realizar intensamente o nosso propósito, independente da dimensão temporal?
Enquanto essas perguntas ecoam internamente, experimento a dificuldade de encontrar caminhos sustentáveis, em um contexto em que a vida está profundamente entrelaçada a outros seres humanos, tornando os cálculos inevitáveis.
O drama do fim da juventude é ter de lidar, sem fugas ou vitimismo, com o impacto das nossas próprias respostas, ciente de que elas irão afetar outras vidas, inevitavelmente.
Ainda bem que sou ruim de Matemática!