Tem gente que usa o discurso da honestidade individual para não se mobilizar em prol dos mais necessitados.
E não estou falando de lutas político – partidárias, mas do recobrar a própria sensibilidade diante dos pobres, sobretudo as crianças, que vemos cotidianamente estirados pelas calçadas das grandes metrópoles.
Dói mais quando me dou conta de que olho a marginalização, a miséria, com descaso, do que quando tento me colocar no lugar desses necessitados.
O pior é que existem que pessoas que usam da ascensão honesta, edificada pelo esforço pessoal, para justificar a própria passividade diante dos problemas sociais, principalmente os urbanos. Afinal de contas: “eu não tenho culpa de ter nascido rico… ou… todo mundo que quiser, por meio do esforço pessoal, pode alcançar os próprios objetivos”.
Sim! É verdade que a honestidade, a determinação, são valores louváveis de admiração e respeito. Mas, esse construir a própria estrada, só tem valor social, se possibilita que de tudo isso possa emergir também a solidariedade.
A ética é um conjunto de regras básicas, condutas individuais, que possibilitam o bem estar social. Sem o bem de todos e com a predominância de um favorecimento seccionado dos benefícios cidadãos, é demagogia pensar em uma Nova Sociedade.
Também as lutas fundamentalistas de classes não têm sentido, (os trabalhadores do campo, os pobres, os negros, as mulheres…) não se desenvolve a capacidade de deixar que a dialógica seja a base das novas propostas.
O que é consenso, ao menos entre a minha razão ética e a minha individualidade subjetiva, é que existe uma necessidade latente de não justificar nosso conformismo, com atitudes que deveriam ser obrigatórias (a honestidade, sobretudo). Sem um “algo mais” é impossível mudanças concretas… Fica tudo no discurso.