Tag: Comunicação Page 1 of 3

Fratemídia sai da rede para partilhar experiências e projetos

Fratemídia
No dia 19 de outubro, sete “frat&comunicadores” se reuniram na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, para retomar a série de encontros presenciais, uma exigência que tem crescido entre os membros do grupo Fratemídia.

Participaram do evento: Aline Muniz (Rádio e TV), Mariana Assis (TI), Mariele Prévidi (Jornalismo), Tatiana Yoshizumi (Tradução), Carla Cotignoli (Jornalismo), Vagner Cordeschi (Relações Públicas) e Valter Hugo Muniz (Jornalismo).

A partilha enriquecedora de experiências, elemento fundamental dos encontros realizados pelo grupo, “abriu os trabalhos” dos participantes. Destaque importante para a apresentação feita pela Aline Muniz do projeto “Os inconformados”, iniciado pelos frat&comunicadores de Rádio e TV, e que, por meio de breves vídeos, assumiu o desafio de promover a ideia de fraternidade aonde ela ainda é ausente.

Além de “Os incorfomados”, o jornalista Valter Hugo Muniz apresentou o novo projeto do seu site/blog colaborativo escrevologoexisto.com, que agora conta com novos colaboradores, de diversas áreas, mas que juntos têm em comum o desejo de propor a centralidade e relacionalidade do ser humano, por meio de reflexões propostas a partir de múltiplas perspectivas.

A também jornalista Mariele Prévidi contou experiências de promoção do jornalismo colaborativo, feitas por meio da sua assessoria de imprensa, Attuale Comunicação, especializada em assuntos ligados à agropecuária.

Em um segundo momento do encontro, foi feita uma profunda reflexão a respeito dos desafios que o Fratemídia vive atualmente.

  • Carla Cotignoli, remetendo-se à atual presidente do Movimento dos Focolares, que está na origem do grupo, ressaltou a importância de antes de pensar o que se tem para dar, é fundamental buscar descobrir o que o mundo anseia, as demandas do presente.
  • Vagner Cordeschi acenou a respeito da dificuldade de “vender” a fraternidade para o mercado da comunicação. Segundo ele, “Ser um verdadeiro comunicador é transformar, criar espaços atuais, usando os meios de comunicação”.
  • A tradutora Tatiana Yoshizumi acrescentou a importância de que todos os membros do grupo precisam sentir que são parte deste grande e audacioso projeto.

Interessantissima a explanação conclusiva da analista de sistemas, Mariana Assis, que partilhou suas descobertas a respeito do papel dos membros da área da tecnologia no grupo. Para ela, a essência da tecnologia é ser uma ferramenta a serviço das necessidades do ser humano. No Fratemidia este serviço, aparentemente tecnicista, pode ser feito de maneira diferente, procurando humanizar as metodologias de produção e combater o individualismo dos operadores.

Na conclusão do encontro dois aspectos principais, concretos, ficaram em evidência: A importância de SEMPRE comunicar as atividades e projetos feitos, mesmo que de forma “setorizada”, por áreas, ou individual, pelos membros do grupo e a necessidade de elaborar um manifesto em que todas as dimensões profissionais do grupo se encontrem essencialmente.

Mais informações sobre o grupo CLIQUE AQUI ou entre em http://netonebr.wordpress.com/

Comunicação: a chance de encontro e o risco do fracasso

Jovensculpa

“Se o homem moderno é livre, ele se encontra frequentemente sozinho, numa sociedade em que os laços familiares, corporativistas, socioculturais são menos fortes do que outrora”. Essa afirmação de Wolton introduz o seus conceito sobre as duas dimensões, segundo ele, contraditórias da comunicação e da liberdade, que evidencia a dificuldade da relação autêntica com o outro, “que se esquiva” e “impõe sua lógica”.

A liberdade – conquista histórica fundamental – como valor sociocultural, encontra, na comunicação autentica, um grande desafio em relação ao outro. Segundo o teórico francês, a dinâmica da comunicação segue uma “dupla hélice” normativa e funcional, que promove a chance do encontro e o risco do fracasso, pois mesmo que queiramos nos comunicar (porque somos livres), dependemos “do outro”, que (também) é livre para responder ou se abster.

É importante ter a consciência deste limite ontológico imposto pela relação comunicativa livre. Mesmo que a modernidade tenha facilitado as nossa possibilidades comunicativas, ela “não impede a incomunicação, nem o fracasso, nem a solidão”. Eu ser livre não garante necessariamente “encontrar o outro”.

Dessa forma, afirma Wolton, “informar, expressar-se e transmitir não são mais suficientes para criar uma comunicação”, que se manifesta hoje (em um ambiente democrático) como “espaço de coabitação”, onde se negociam as individualidades e os valores comuns.

Pensando os modelos de Ensino e de Comunicação

humanistaHoje, por meio de uma rede social, debati com caros colegas de estudo algumas questões a respeito do cenário educacional brasileiro.

Mesmo tendo abordagens e leituras diferentes, mais por conta das nossas histórias pessoais, do que  por qualquer outro motivo, pudemos pensar juntos sobre a importância da distinção da escola com os outros “espaços” da sociedade, para que ela recupere algumas dimensões de caráter filosófico e, porque não, religiosos, que o modelo de ensino funcional perdeu. Essa distinção não é, contudo, um rompimento de relações, mas a redescoberta da identidade específica da escola, no favorecimento de um processo de ensino global.

Dominique Wolton, ao analisar o ambiente pedagógico, essencialmente “transmissor de conhecimentos”,  com o universo comunicacional, por ele analisado, é categórico:

“No campo da educação é preciso transmitir os conhecimentos… mas, hoje, os professores estão muito mais atentos às condições de recepção. Ensinar sempre foi comunicar, isto é, pensar nas modalidades que permitem ao receptor, o aluno, compreender aquilo que lhe é dito, e ao professor, por sua vez, levar em conta as reações de seu aluno”.

Conhecer as dificuldades e, principalmente, os ruídos, em prol de uma comunicação autêntica necessita, essencialmente, do encontro fundamental com o Outro (e seus limites). Essa metodologia relacional e, por que não, pedagógica, permite que a “partilha” seja “aceita” pelo receptor de uma informação/conhecimento.

Assim, tanto o comunicar, como o ensinar, em uma dinâmica relacional, promove modelos mais eficazes, no que diz respeito aos resultados funcionais e, principalmente, redescobrem a riqueza de uma metodologia que nasce da fadiga do “Encontro entre “Outros”.

“O indivíduo que aprendeu a melhor se conhecer e a se expressar  (e eu acrescentaria aqui, na metodologia que se fundamenta no Encontro entre Outros) é também mais critico”, afirma Wolton.

O silêncio e a palavra: uma relação com potencial de iluminar a sociedade

03061000

Uma das lições mais ricas que aprendi nos meus estudos teológicos é que a Verdade se revela (Alétheia) de maneira ternária: no silêncio interior (kenosis), nas manifestações exteriores (fenômenos naturais ou sociais) e na relação com Outro. Essa descoberta fundamental  me ajudou a entender melhor o meu papel como jornalista profissional e comunicólogo pois, no universo da comunicação de massa, a relatividade da Verdade é defendida como pilar pragmático.

É a partir dessa leitura pessoal que me debrucei na obra do “massmidiólogo” italiano, diretor da editora Città Nuova e professor do Instituto Universitário Sophia, Michele Zanzucchi. “Il silenzio e la parola. La luce. Ascolto, comunicazione e mass media” é um ensaio sobre essa relação ternária como lógica da comunicação.

A obra de Zanzucchi apresenta o silêncio e a palavra como “sujeitos” do ato comunicativo. Sem um verdadeiro silêncio “kenótico” e uma palavra que se relaciona com ele, a comunicação não é capaz de gerar/transmitir/revelar a Luz que nasce (ou pode nascer) dessa relação.  Na linguagem “comunicativa”, escutar e comunicar são dois pilares que constroem a identidade da communicatio.

Algumas críticas do autor ao fazer comunicativo (de massas), na minha opinião, não procedem. Muitas vezes ele também se mantém na análise demasiada dos “meios”. O grande buraco teórico está nos capítulos conclusivos da obra, que sofrem para sustentar, com argumentos sólidos, a teoria principal. Mesmo assim, o livro tem leituras transdisciplinares essenciais para entender profundamente a comunicação de massas na lógica ternária.

Muitas das intuições de Michelle eu não tenho agora presente, algumas delas geniais, mas irei explorá-las depois de concluir a primeira parte do estudo aplicado de Dominique Wolton, a partir da análise da obra “É preciso salvar a comunicação”.

Contudo, este é um livro que vale a pena ler e meditar.

Uma comunicação que não é só informar

comunication

Uma das maiores descobertas teóricas que fiz durante a “concepção” da minha tese de mestrado foi a do conceito de comunicação normativa, que remete ao ideal da comunicação: informar, dialogar, compartilhar, compreender-se. O vocábulo «comunicação», em latim communicatio, é derivado de communicare e significa ação (actio) de comunicar, partilhar, por em comum.

Segundo Wolton, “de valor essencialmente humanista, a dimensão normativa enfatiza a produção de consenso e está ancorada na fraternidade, no respeito pelo outro no ambiente de diversidade cultural das sociedades modernas”.

Este tipo específico de comunicação se choca com a dimensão funcional, que, “como seu nome indica, ilustra o fato de que, nas sociedades modernas, muitas informações são simplesmente necessárias para o funcionamento das relações humanas e sociais”.

As duas dimensões, normativa e funcional, remetem aos dois sentidos do vocábulo comunicação, desenvolvidos ao longo do tempo. “O primeiro, mais antigo, significa compartilhar, comungar” e está ancorado na tradição judaico-cristã. “O segundo, usado a partir do século XVI, está ligado ao progresso técnico e remete à ideia de transmissão e difusão”.

Na verdade, o sentido moderno de comunicação, essencialmente funcional, está profundamente conectado a outro vocábulo: a informação, que, segundo Wolton, “é produzir e distribuir mensagens o mais livremente possível”. Já o sentido antigo de comunicação (normativa) implica “uma relação entre o emissor, à mensagem e o receptor”. Assim, como explica o comunicólogo francês, “comunicar não é apenas produzir informação e distribuí-la, mas também estar atento às condições em que o receptor a recebe, aceita, recusa, remodela, em função de seu horizonte cultural, político e filosófico, e como responde a ela. A comunicação é sempre um processo mais complexo que a informação, pois trata de um encontro com um retorno e, portanto, com um risco”: a “incomunicação”.

Outro aspecto importante da comunicação se relaciona aos três campos em que ela se desenvolve: técnico; econômico; social e cultural, ambos fundamentais para que a mesma possa atingir um número “massivo” de pessoas.

A comunicação moderna tem uma relação forte com o campo técnico. Mas, ele somente cria a ilusão de que, quanto maior a quantidade de informação, mais os seres humanos estarão se comunicando. Para Wolton “seis bilhões e meio de computadores não bastariam de modo algum para assegurar mais comunicação entre os homens. Quanto mais fáceis se tornam as trocas do ponto de vista técnico, mais se torna essencial e difícil satisfazer as condições culturais e sociais, para que a comunicação seja algo diferente de uma transmissão de informações”.

Por isso, o aumento massivo da informação em circulação, promovido pelo tecnicismo, cria na verdade dois problemas: “aquele das condições para satisfazer um mínimo de comunicação autêntica e o do respeito, que vai além da técnica e da economia, à diversidade cultural”.

Para concluir podemos dizer que a palavra comunicação remete a três aspectos diferentes:

1)      distinção entre as dimensões normativa e funcional,

2)      os três campos em que ela se realiza (técnico; econômico; social e cultural)

3)      a diferença entre o uso das técnicas e a comunicação em si mesma.

Page 1 of 3

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén