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From Brazil to Switzerland: Redefining My Roots

If I die today, how many people would attend my funeral after a decade of living as an immigrant in Switzerland?

I know it’s a silly question, but it was an intriguing thought I had some months before deciding whether to celebrate my 40th birthday in Switzerland or not. After a decade abroad, my identity has changed in so many ways that I felt somehow “homeless,” struggling to piece together who I am.

I never imagined how therapeutic a birthday party could be in this sense. Thanks to my lovely wife, we managed to gather in the same space all the dimensions of my “new life” that I was hesitant to accept as the pillars of who I am today. I always felt loved by my Swiss family and friends, appreciated by colleagues, but when compared to the intensity of relationships I had in Brazil, it always seemed insufficient.

At 40th birthday celebration, I could see, feel, and hear the fruits of these last ten years of relationships. It changed me forever.

Visualizing all the meaningful relationships and deep connections I have in Switzerland freed me from the inner prisons of my past and brought me to an acceptance of my new self, full of richness, joy, and, most importantly, new roots.

Two weeks later, I went to Brazil with my family. 

Since moving to Switzerland on April 1, 2014, every time I returned to my home country, I tried to renew the connections externally and internally with everything and everyone I left behind. That protected my mental health, gave me the certainty of being rooted, and the serenity of feeling I had everything I needed.

This year, going back to Brazil wasn’t going back home anymore—maybe for the first time. After experiencing that special moment with my Swiss connections, I saw a whole new world I hadn’t seen before. 

Brazil then became a place to build something new with the same people I am delighted to meet. I could now share the best of who I am—a Brazilian Swiss, enriched by my integration efforts, struggles and experiences, and the joy and openness of my Brazilian heritage.

What a joy! What a wonderful and life-changing experience! I look forward to deepening it and learning how to make the best of this journey for myself and others.

Reconectar, Brasil

Voltar ao Brasil para reconectar

Eu nunca fiquei tanto tempo sem voltar ao Brasil. A culpa é da pandemia de COVID-19. Essa situação excepcional criou uma desconexão entre o “helvetismo” que cultivei como imigrante nos últimos seis anos e a brasilidade que carrego dentro de mim.

Na minha terra natal, eu sempre sou convidado a ver o mundo na perspectiva dramática do outro, muito por presenciar diariamente a miséria, a privação e o desamparo dos mais vulneráveis. Há muito tempo esses elementos não fazem mais parte do meu cotidiano.

A diferença entre realidades não só me afastou das dinâmicas constitutivas de quem eu sou, mas também me distanciou de alguns dos meus compatriotas. Para eles, sem a vivência, eu perco um componente chave para analisar a situação sócio-política brasileira. 

Daqui a exatas duas semanas, se tudo der certo, estarei de volta ao meu país. Mas dessa vez o mundo não é mais o mesmo. Estamos todos conectados pelas realidades impostas pela pandemia de COVID-19. Contudo, as feridas e o vazio que essa experiência tem causado de maneira diferente em cada um de nós precisam encontrar significado no desejo profundo de reconexão, de reencontro. Mesmo se com máscaras e distância física.

Crises são sempre oportunidades incríveis de avaliação interior. Foram nesses exercícios que eu entendi o quanto o outro é parte de mim e eu sou fruto do outro. É essa reconexão que estou indo buscar no Brasil para, quem sabe, me sentir novamente completo.

Voto: direito fundamental ou habilitação?

voto
Ontem, durante o jantar, tive uma ideia um tanto quanto original a respeito de como podemos tentar recuperar o valor do voto como verdadeiro instrumento de participação política: em vez de considerá-lo um direito fundamental, porque não transformá-lo em “habilitação”, igual à que precisamos tirar para poder dirigir.

Em linhas gerais funcionaria assim. Com 16 anos, um jovem estaria apto a se inscrever , gratuitamente, para adquirir a sua habilitação de eleitor. A partir de então, ele seria obrigado a fazer um “CFC da política”, um curso de uma semana que explicaria os princípios que regem uma democracia; o funcionamento dos partidos políticos; as leis; o parlamento e quais são os instrumentos de participação. Após o curso, o candidato deveria se inscrever para a “Prova Teórica” onde seu conhecimento básico a respeito do que foi ensinado previamente seria avaliado.

Caso aprovado, o futuro eleitor receberia uma “habilitação provisória”, obrigando-o a participar das duas eleições seguintes (depois o voto não seria mais obrigatório). Nessas duas primeiras experiências, o eleitor deveria participar de grupos de debate e aprofundamento, para entender mais a respeito das questões ligadas à atualidade política do país. Após esse período provisório, o jovem finalmente receberia a habilitação definitiva.

Em caso de uso indevido dos direitos políticos, como crimes ligado à corrupção, que deveriam ser estipulados pela Justiça, ele poderia ter a habilitação suspensa ou em casos graves, retirada. Após os 70 anos, o eleitor também passaria a ter seus direitos de eleitor limitados à esfera local ou regional, para que não aconteça casos como o do Brexit, em que uma grande parte da população idosa acabou determinando o futuro – indesejado – da juventude da Grã-Bretanha.

Tenho dúvidas se tudo isso faz sentido. Você acha que seria uma boa ideia? Daria certo no Brasil?
Unidade

Unidade indispensável: O que aprendemos com as eleições?

Unidade

Como outros 50 milhões de brasileiros que votaram almejando a tal « mudança », eu também não fiquei satisfeito com o resultado das eleições. Sinceramente, eu achava que esse era o momento propício para uma mudança de estratégia, que não seria, de jeito algum, cancelar projetos de assistência social, fundamentais para a diminuição da desigualdade. Acredito que o Brasil precisa se focar no desenvolvimento estrutural e econômico, recuperar a confiança dos investidores, para crescer como as outras economias emergentes, e, assim, dar ainda mais possibilidades a todos.

Contudo, como acontece em uma democracia, a maioria escolheu outro caminho. Isso mostra que existem, sim, outras demandas importantes que não podem ser descartadas, mas respeitadas. A minha conclusão racional é que os séculos de exclusão e indiferença em relação ao norte e o nordeste ainda fazem da assistência social uma necessidade proeminente.

O bom e o ruim dessas eleições

Tenho procurado colher o bom de todo esse período eleitoral no Brasil. Somos uma democracia jovem SIM, e cidadania se aprende “na prática”, com erros e acertos. Não me lembro de uma eleição vivida com tanta intensidade, sobretudo pela juventude. Isso deve ser festejado.

Por outro lado, muitas vezes senti vergonha do que vi e li, principalmente no modo como as diferentes opiniões foram manifestadas. O desrespeito, a incapacidade de ouvir, são “fracassos” que não devem ser ignorados. Não acredito que os desvios morais são uma questão de ausência de educação intelectual, pois muito dos meus amigos nas redes sociais, intelectuais, mostraram a mesma incapacidade de elevar o debate para o campo das ideias e projetos. Ideologias e polarização tornaram essa eleição uma verdadeira briga de torcidas organizadas, movidas mais pela emoção revolucionária (de vermelhos ou azuis) do que pela consciência de que, independente do vencedor, o presidente deve governar para TODOS.

Unidade indispensável

O Brasil não é só o sul e o sudeste, não é só o norte e o nordeste. O Brasil somos todos nós. Não sejamos inconsequentes! Não deixemos que as ideologias e as paixões nos dividam. A união é a nossa força.

UnidadeAqui na Suíça, nesta nova nação em que vivo e que me acolhe, também existem diferentes ideologias, forças contrárias, que muitas vezes criam um choque de ideias e projetos políticos, mas que, independentemente disso, parecem buscar preservar o desejo comum de um país unido, forte, social e economicamente. A lição que tenho aprendido, vivendo em uma “outra” democracia, é que a unidade de uma nação nasce, antes de tudo, da vontade de estarmos juntos. Esse precisa ser o princípio regente da nossa forma de “fazer” política.

O que a mídia e os candidatos fizeram nessa eleição foi um crime contra a nação! Foram eles que, principalmente, potencializaram a polarização do debate. Foram eles que usaram o maniqueísmo para dividir. Foram eles que criaram um ambiente de intolerância que levou amigos de longa data a trocarem ofensas e em alguns casos, agressões. Eu mesmo fui vítima desse absurdo.

As consequências desse processo eleitoral ainda estão por vir. Conseguiremos entender que política não é só uma batalha pelo poder? Que democracia não é só o participar com o voto? Vamos continuar fiscalizando, questionando, criticando, sendo efetivamente oposição (respeitosa)?

Vejo o futuro como uma grande oportunidade. O equilíbrio evidente das vontades do eleitorado pode, para mim, ser um grande impulso para o diálogo, abrindo a possibilidade para concessões que o PT de Dilma deverá fazer.

Ninguém governa um país sozinho, de maneira uniforme. É preciso ouvir quem pensa de maneira diferente. Esse é o meu desejo. Com os votos de que a presidente reeleita tenha a humildade de fazer um passo de abertura à oposição, para que possamos crescer, preservando a nossa indispensável unidade.

 

dogma da diferença

O dogma da diferença e as eleições presidenciais

dogma da diferença

Um dos maiores presentes que a vida me deu foi o prazer de conhecer e conviver com pessoas diferentes. Valorizar esse dom sempre me ajudou a perceber o quanto o outro, que é realmente “outro” na medida que é diferente de mim, pode me ajudar a me desenvolver como ser humano, nas mais variadas e complexas dimensões.

Faculdade: laboratório de convivência

Na faculdade essa “tensão” entre os diferentes era uma riqueza sensacional. Por exemplo: tínhamos de um lado a filha de um fotógrafo de fama e respeito internacional e do outro, uma jovem da periferia, filha de nordestinos migrantes, que deixaram a Bahia em busca de uma vida melhor. Eu, sinceramente, me encontrava no meio desses dois mundos. Não por não ser nem pobre, nem rico, mas porque procurava descobrir, constantemente, em que aspectos, profundamente, eles se diferenciavam. Se só no âmbito econômico ou também nas escolhas morais.

Os quatro anos juntos não só com essas colegas, mas com uma quantidade enorme de pessoas diferentes dentro do mesmo espaço de convívio, me ajudaram em duas coisas: a me apaixonar pelo ser humano, nas suas paixões, ideologias, fraquezas e contradições. E a perceber que, quando existe o encontro, a tensão, o embate (respeitoso), todos crescemos, tanto na tolerância ao diferente, quanto no movimento de coesão na busca de um “caminho” comum.

Claro que esse nem sempre foi um processo estável. Existiram conflitos, desentendimentos, excessos, mas, no final dos quatro anos, eu acredito que vivíamos uma atmosfera muito positiva, mesmo se as diferenças permaneceram.

O dogma da diferença e as eleições

dogma da diferençaA minha experiência universitária serviu para reafirmar aquele que eu considero um “dogma” na minha vida: a diferença é uma riqueza, não um empecilho. É a partir desse “princípio” que sempre olhei para o mundo e pautei decisões pessoais. O “dogma da diferença” me mostrou que eu deveria me preocupar somente diante da ausência de tensão entre “diferentes”.

As discussões acaloradas desse período eleitoral (e a minha distância geográfica) me impossibilitam de ler, com clareza, o ambiente e as necessidades do Brasil no contexto atual. Contudo, um aspecto tem guiado a minha decisão (angustiada) de sustentar a mudança no Governo: a inexistência de uma verdadeira oposição.

Não sou um crítico ferrenho do governo do PT. Nunca serei. Pois pude usufruir pessoalmente dos bens sociais que eles promoveram, sobretudo na Cidade de São Paulo. Porém, também não acho correto compactuar com os desvios morais, provados, de alguns de seus membros.

O que sustento, com a eleição do Aécio Neves, não é um apoio ao PSDB, à sua ideologia e, principalmente, à moral de seus membros, dignas de suspeita e do mesmo temor que tenho do PT. Acredito, acima de tudo, no bem político da Oposição.

O PSDB e seus aliados se mostraram incompetentes enquanto oposição ao governo petista. O tal partido de direita deve, por isso, também ser responsabilizado pelo crescente autoritarismo do Partido dos Trabalhadores.

Pessoalmente, eu não tinha capacidades analíticas quando o PSDB governou o país. Tenho más impressões do que o partido tem feito com o Estado de São Paulo nos últimos 15 anos. Contudo, gostaria de dar uma chance ao partido, mesmo cheio de temores, mas acreditando que o PT é mais competente como oposição do que como situação governamental. Para mim é fundamental encontrar novamente um cenário de existência e convivência de tensões e interesses. Só assim o Brasil vai para frente com uma força coesiva.

Um adendo à abertura

A situação que idealizo para o cenário político brasileiro talvez seja um tanto quanto ingênua. É difícil acreditar que um governante, independente do partido, estará essencialmente aberto para incorporar as “verdades” impulsionadas pela Oposição.

Na minha vida, na prática, também foi assim. Por mais que admirei e considerei interessantes todos os meus colegas universitários, acabei ficando amigo mais de um, que de outros. Acho que, tendencialmente, as pessoas mais ricas (e não necessariamente mais letradas) têm um interesse maior em dimensões materiais, enquanto as mais pobres (economicamente falando) valorizam mais as interações humanas.

Enfim, não importa o contexto: político, econômico ou social. Sem o confronto construtivo entre os “diferentes”, aumentamos as possibilidades de equívoco. Quanto mais homogêneo é o espaço de convívio, mais perigoso e autoritário ele pode se tornar.

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