Tag: amor Page 1 of 4

Vagalume

Vagalume

Vago sozinho, 

ás vezes seguro, 

quase sempre perdido.

Jornada longas, 

de altos e baixos

Coração ferido.

Procure-me na escuridão,

E lá estarei, vagalume.

De brilho intenso nas trevas.

A vagar, incompleto, 

Visível só na penumbra.

No vazio noturno,

me apago. 

E no instante seguinte, 

Ainda sem norte, 

brilho.

Vagar 

Sem respostas

escolher emanar Luz. 

Coração e alma nos trilhos.

Mudas

Mudas

Um relacionamento é como uma semente. Ele carrega em si o potencial de vida, mas que, para crescer e dar frutos, precisa ser cultivado em solo fértil.

O Semeador sabe bem onde cada planta precisa se desenvolver, mas Ele, propositalmente, não controla nem o estado do solo e nem a saúde da planta.

Quando o solo é fértil, sadio, a semente germina e aos poucos vai crescendo. Quando faltam nutrientes a semente pode até germinar, mas com o tempo ela carece dos elementos essenciais e, fatalmente, morre.

O curioso é que mesmo quando o solo é fértil o suficiente para que a semente germine são quase sempre os fatores externos que impactam no desenvolvimento da planta. É preciso água e sol na medida certa, ar circulando, para que ambos solo e planta continuem fortes o bastante para que almejados frutos apareçam.

Esse é um processo longo. Difícil. Motivo de alegria? Sim. Fonte de sofrimento? Também. Mas como saber se a semente plantada e o solo são compatíveis antes do plantio? A resposta está na paz/serenidade do processo.

Todo plantio exige perseverança e paciência. As vezes não dá certo por conta do solo, da semente ou pelos fatores externos. Mas o que fazer para facilitar o processo?

Mudas! Elas são uma forma de cultivo que nos revelam o estado do desenvolvimento da planta, antes do transplante para o solo. Enquanto a gente cuida do nosso solo, acolhemos a semente e, pouco a pouco, vamos nos cultivando reciprocamente para entender se o plantio tem potencial para dar frutos ou não.

vida

No advento da chegada da viDa

Em um pouco mais de um mês a nossa família deverá vivenciar mais uma grande mudança desde que eu e a Flavia decidimos caminhar juntos: a chegada do nosso filho, Davi.

Você que está lendo esse post talvez não saiba, mas tenho uma forte inclinação para o demasiado controle das coisas. Tenho sérias dificuldades de manter a serenidade quando as coisas fogem da minha alçada e ter filhos é um maravilhoso convite para entender que a vida pode ser ainda mais extraordinária quando deixamos ela fluir, sem precisar antecipar tudo. (Escrever, por exemplo, também é uma forma de dar forma aos sentimentos para melhor dominá-los!) 

Nesse período pré-nascimento, ansiedade e o medo não faltam, justamente pela impossibilidade de controlar o que irá acontecer nas próximas semanas e meses.

Se você que me lê já vivenciou a chegada de uma vida, talvez consiga entender. No meu caso, indo para o terceiro parto, sinto que o medo aumenta ainda mais pois a sensação é que tenho muito mais a perder.

Mas do que eu tenho medo? De alguma coisa dar errado no parto, de perder a Flavia, o Davi, de não estar presente para dar meu apoio, de não estar preparado.

Preparado. Ê palavrinha que denuncia o meu ser controlador.

A chegada da vida, do Davi, todo esse período de preparação dos corações e dos braços tem sido um revisitar aquilo que é mais importante para mim: a família. É também lembrar o quão fundamental é acreditar que a falta de controle nem sempre é algo negativo. Às vezes ela é o espaço necessário para que Deus nos faça experimentar o Amor de maneira inesperada, mais profunda e completa, como foram os outros partos.

Então vamoquevamo!

Brilho nos olhos

Brilho nos olhos

“Posso te fazer uma pergunta pessoal?” Indagou-me uma senhora do Jardim de infância frequentado pela Tainá, nossa primogênita. “Sim, claro”, respondi já surpreso com a ousadia rara de vivenciar aqui na Suíça.

“Você acredita em Deus?”perguntou ela em alemão. “Como?”respondi surpreso. Ela repetiu em espanhol, o que confirmou que eu a havia entendido. “Sim”, respondi tranquilamente. “Eu sabia! Dá para ver no brilho dos seus olhos”, disse ela.

Desde que cheguei na Europa, tento não só preservar, mas também cultivar a fé-encontro, que experimentava cotidianamente no Brasil. Diante da ausência de coisas, comum na minha terra natal, o “ser“ de cada um parece mais acessível. E na beleza dos sonhos, contradições e necessidades do outro é que a vida se revela em toda sua plenitude. O tal “brilho nos olhos”, para mim, é fruto de uma busca constante em dar significado à vida, indo além da minha própria existência. É descobrir o amor em mim, para mim e pelos outros.

Esse Amor que preenche e dá sentido a quem eu sou, nasce do encontro com Jesus (ou “algo maior”) a quem eu procuro fazer espaço para que Ele faça parte do meu dia-a-dia.

É bom demais perceber que, de alguma forma, esse Amor ainda transborda e consegue tocar o coração de pessoas que nem me conhecem. Com o passar do tempo e vivendo em um país em que os bens materiais parecem ocupar o espaço dos relacionamentos, eu achava que esse brilho já tinha se apagado. Que alívio!

familia, nascimento

Yara: Um rio de felicidade – Primeiro ato

Eu tenho a ingênua impressão de que a bagagem adquirida ao lidar com desafios anteriores vai sempre tornar potenciais adversidades futuras mais fáceis de serem superadas. Porém, nesse momentos de segurança, quase prepotente, vem a vida e ensina que cada momento é único, mesmo que pareça pura e simples repetição.

Calma. Vou me explicar.

Dizem que é comum os filhos nascerem antes da data prevista na segunda gravidez. Mas lá estávamos nós, dois dias após a data estimada, esperando impacientes pela nossa Yara, que parecia não ter pressa para deixar o ventre materno.

Apesar da ansiedade crescente, eu e a minha esposa acordamos felizes naquele 11 de setembro de 2019, tentando viver a espera com uma tranquilidade realista.

Uma longa caminhada vespertina até que finalmente as contrações regulares começaram. “Será que tudo seria rápido e intenso como da outra vez?” nos perguntávamos, cientes de que aquela poderia ser uma longa noite.

Novamente tínhamos o privilégio de não estarmos sozinhos em um momento tão intenso para qualquer jovem casal. Minha mãe veio mais uma vez do Brasil para nos acompanhar nos dois primeiros meses de vida da Yara. Outro detalhe importante era que, desta vez, tínhamos a presença da nossa primogênita e muitas perguntas sobre como a Tainá iria lidar com a chegada da irmã.

Um turbilhão de pensamentos somados a alegria sem igual do tão esperado encontro com aquela vida que ajudamos a gerar. Acho que lá pelas 21h as contrações ficaram mais intensas. Um sinal claro de que abraçaríamos a Yara antes do próximo nascer do sol.

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