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Li em uma reportagem da Folha do dia 14 do mês de Março que 80% dos alunos de SP não sabem matemática. Os resultados do Saresp 2007 (exame do governo do estado) divulgados apontam uma situação “trágica” no ensino de matemática nas escolas públicas do estado, pois “mais de 80% dos alunos não atingiram os conhecimentos esperados pela própria Secretaria da Educação”.

Ao terminar de ler essa reportagem e refletindo sobre a situação do ensino brasileiro, fiquei procurando possíveis rumos que a educação no Brasil deveria tomar. Observei minha mãe lendo a manchete da Folha em voz alta, questionando os métodos da pesquisa do Saresp. Ela, professora de primeiro ano do Ensino Fundamental em uma das sobreviventes escolas estaduais, que foram gradativamente sucateadas e jogadas na “valeta da indiferença” pelos últimos governantes “Psdebistas”.

Porém, a correria da vida metropolitana não me permitiu pensar muito sobre a situação alarmante da educação no Brasil. O dia passou e após uma árdua jornada de trabalho, corri para a universidade almejando não chegar atrasado, mesmo com o tráfego caótico que tornou meu objetivo praticamente inatingível.

A aula na universidade começa e, seguindo métodos tradicionais ultrapassados, o professor faz cara feia para quem chega atrasado, sem nem sequer pensar nas adversidades que cada aluno vivenciou para estar ali presente. Falando extremamente baixo, com uma lógica pouco compreensível, lembrei-me quase que instantaneamente da reportagem que eu e minha mãe lemos naquela manhã.

Um salto de uma semana me trouxe a hoje cedo, novamente lendo uma reportagem, agora no Estado, sobre o ensino no Brasil, dizendo que 23% dos docentes da área ensinam sem curso superior, sendo que muitos deles dão aula com os conhecimentos adquiridos somente no Ensino Médio.

Refletindo sobre isso achei quase impossível não relacionar o baixo desempenho dos alunos, evidenciado pela reportagem da Folha, com a fraca capacidade desenvolvida pelos professores, até mesmo os profissionais formados pelo Ensino Superior (que não têm o mínimo de didática pedagógica), dentro do atual sistema de ensino das nossas escolas e universidades.

As pesquisas transformam em números a incapacidade dos estudantes de aprender, mas falta uma espécie de “auditoria” com os professores das escolas, os mestres e doutores das universidades, que tantas vezes adotam posturas conservadoras no que se diz respeito à transmissão de conhecimento e não desenvolvem a capacidade de adaptação dos próprios conhecimentos com a demanda dos estudantes.