Hoje foi um dia inesquecível.

Depois de acordar e tomar café fomos ver como tinha ficado a cidade de Banda Aceh, capital da região e lugar mais próximo das ondas gigantes que engoliram o sudoeste asiático.

Toda a beleza que tinha visto nos dias precedentes tinha desaparecido.

Ver aquilo que o Tsunami havia destruído me transformou profundamente, ma um acontecimento em especial é difícil de esquecer.

Enquanto percorríamos com o carro os poucos quilômetros de distância que nos separavam do centro da cidade, a vegetação cobria como um véu tudo aquilo que nem em sonho imaginávamos ver.

Assim que passamos a fileira de palmeiras uma visão curiosa. Um barco enorme, em meios as casas, no centro da cidade. “Cadê o mar?”, pensei, temeroso de não transformar em palavra meus pensamentos por não saber o que poderia receber como resposta.

Nos aproximamos e aquilo que parecia ilusão se materializava diante dos nossos olhos. Um enorme navio,  de dimensões desconhecidas para mim, no meio da cidade, sobre 4 casas e 7 quilômetros de distância do mar.

Aquela cena de filme se transformou em Thriller quando soubemos que em cada uma dessas casas havia uma família, que não pôde ser salva à tempo.  Aquele grande navio que, disseram, se transformaria em memorial ao Tsunami, era a tomba daqueles indonésios.

Contar essa experiência parece banalizar aquilo que meu coração sentiu. Vemos esporadicamente em filmes e nas “pseudo-ficções” dos telejornais em todo mundo catástrofes naturais e o sentimento é quase de indiferença. Olhar com os próprios olhos, sentir o choro desesperado das pessoas, o cheiro da putrefez dos corpos, transforma essa visão e o valor que damos a cada coisa de nossas vidas.

Paro por aqui, pois em vez de escrever, explicar, tanto, prefiro meditar sobre tudo aquilo que vi.

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