Mutual love

Systematically challenged to mutual love

This year, I received as a gift the book “My Ecumenical Journey” by the founder of the Focolare Movement Chiara Lubich (1920-2008). The compilation of reflections about ecumenism is accompanying my morning meditation before I start to work.

One year ago, I joined the communication department of the World Council of Churches, a membership organization that works for the unity between Churches from different Christian denominations.

Believing in unity nowadays demands hope in something bigger than merely human goodwill. But Chiara Lubich’s reflections on “My Ecumenical Journey” give some key elements that can help us to walk together towards a shared space of empathy, acceptance and communion.

Those who want to contribute to a united world, particularly between the various Churches, are systematically challenged to mutual love.

“A love that leads each Church to become a gift for the others, so that we can foresee in the Church of the future that there will be just one truth, but that it will be expressed in different ways, seen from different viewpoints, made more beautiful by the variety of interpretations”,

Chiara Lubich, my EcumEnical journey.

Mutual love starts with us, though. We are invited to be the first to love and not to wait that love comes from someone else. But what can we do when love doesn’t become mutual? In moments where we can’t understand or accept each other, Jesus Forsaken remembers us the measure of God’s love, that overcome men’s fears, indifference, ignorance and even death.

In “The art of loving”, another inspiring book that I read recently, Erich Fromm recalls that “Love is not just a relationship with a particular person: it is an attitude, a character orientation that determines a person’s relationship with the world.”

Love is our final Christian call. And we, church people, can’t do it without ecumenism. Seeking unity between our Churches, acknowledging the richness of the many interpretations of the Gospel, is to accept the systematical challenge for loving each other and to testify a world where differences don’t necessarily trigger division.

Notes: On 23 September this text was also published on the WCC Blog

Memories

Memories

Memories.
Those core moments that wire our existence
and give meaning to the time we spend here.
Is there a life with no memories?
Everything would be just void. Foolness.
We live, we struggle, we smile, again and again.
And all our memories are there, testifying our journey.
Luckily.

Racismo

Superar o racismo com o encontro

Falar sobre racismo sempre foi algo estranhamente distante para mim. Apesar de ter crescido em um ambiente jocoso em relação a minha cor, raras foram as situações em que me percebi inferior, simplesmente pela cor da minha pele ou por ocupar um espaço que não correspondia às expectativas dos brancos. Foi assim na escola, na universidade, na Igreja ou no mercado de trabalho, apesar de nunca ter encontrado um negro ocupando uma posição de liderança nesses ambientes para me espelhar.

A primeira vez que fui vítima do preconceito racial foi em uma das escolas particulares em que estudei. Durante um debate sobre as eleições daquele ano fui ridicularizado em voz alta por uma colega branca por não apoiar um determinado candidato que era preto como eu. Senti-me humilhado diante dos meus colegas, mas engoli a ofensa sem saber que estava sendo vítima de racismo. Muitos anos depois, dessa vez na Itália, fui ofendido e maltratado por suspeita de furto em um supermercado em Figline Val d’Arno. Um sentimento de indignação e desrespeito difícil de explicar.

Ontem foi ao ar o episódio sobre Racismo Estrutural do canal do YouTube Papo Objetivo em que fui convidado a partilhar minhas vivências como preto fora do Brasil. Essa foi a primeira oportunidade de externalizar publicamente o que venho descobrindo há alguns anos: a importância da luta pelo reconhecimento e a igualdade de direitos dos pretos, o valor da reparação histórica e, principalmente, a compaixão comigo e com todos aqueles que não sentem na pele as consequências do racismo estrutural.          

Um dia desses, aqui na Suíça, estava sentado em uma mesa repleta de pessoas brancas, discutindo sobre o racismo de forma inflamada, cheia de propósito. E eu estava lá, ouvindo tudo. Ninguém em momento algum pensou em me perguntar sobre a minha experiência enquanto negro. Por outro lado, era bonito perceber uma preocupação comum em todos de se tornarem pessoas melhores, mais conscientes do racismo estrutural.

Ao tomar a palavra, ressaltei a importância de enfrentar o racismo com a perspectiva do encontro. Não basta limitá-lo a uma discussão puramente intelectual. É preciso ir de encontro ao preto, à preta, à cultura preta, à arte preta. Eu sempre me pergunto: quanto amigos pretos as pessoas brancas têm? Quanto da cultura preta, da arte preta as pessoas conhecem? Quais dos autores e autoras pretas as pessoas já leram? No encontro a gente descobre as belezas e os limites do outro, profundamente diferente de nós, e a partir dele ampliamos a nossa percepção desse outro, ficando mais atentos para não o ferir ou ofendê-lo. 

Paralelamente, é fundamental educar as novas gerações para uma cultura antirracista. Temos o desafio de ajudar as meninas e meninos pretos a serem apresentados à questão racial não a partir do racismo, da violência. Eles precisam internalizar a sua negritude enquanto potência, como disse a jornalista Adriana Couto, durante o programa Roda Viva com o rapper Emicida.

O caminho antirracista é um caminho de luta quotidiana, mas que precisa ser feito com profunda compaixão e respeito. É preciso uma evolução que desça da cabeça e chegue aos braços e ao coração.

Suíço

Suíço-BRASILEIRO

Em 2020 completei seis anos vivendo fora do Brasil. Um tempo valioso de inúmeros desafios superados, escolhas, medos e incertezas. Quem vê de longe, no superficial das redes sociais, não tem como compreender o processo traumático de ter que redimensionar as próprias raízes e referências, para se adaptar a uma outra cultura com valores e dinâmicas tão diferentes.

Aqui na Suíça eu não sou turista. Não estou aqui para fazer uma experiência de trabalho ou estudo e depois voltar para casa. Agora eu sou (também) suíço. 

Entender isso não me tirou nada. Não me faz menos brasileiro. Aliás, essa foi a primeira lição que aprendi como imigrante: inculturar-se não é perder o que se tem, mas estar aberto para enriquecer-se com o novo, aceitando as diferenças ou simplesmente suportando-as com paciência, quando necessário.

Aqui em Berna, onde atualmente vivemos, ainda existe o obstáculo da língua. Já aprendi dois dos quatros idiomas nacionais, mas ainda falta o mais importante deles: o alemão. Contudo, o sentimento agora não é mais de intrínseca desconexão, mas de simbiose entre a minha brasilidade e o que eu considero “helveltismo”.

No último sábado, primeiro de Agosto, festejei mais um aniversário da Suíça. Não escondo o orgulho de ter como segunda pátria um país que nasceu de um pacto. Esse pequeno pedaço de terra no coração do continente europeu foi criado a partir da vontade recíproca de estar juntos, se unir. (Em alemão existe a palavra “Willensnation” – nação de vontade). Depois de um bom tempo vivendo aqui, posso dizer que essa é uma nação que sabe tirar proveito da sua diversidade, edificada no respeito mútuo. Uma receita quase infalível para o sucesso socioeconômico e o bem comum.

Riitiseili (Balança)

Turbilhão de vida esconde-se nessas sombras.

E uma pureza deliciosa. 

Olhares-sussurros do essencial. 

Em que crises se dissipam em sorrisos recíprocos. 

Ou nas lágrimas de crocodilo.


E no meu sobe e desce ritmado,

De ansiedade e orgulho.

Vislumbro vocês juntas, contente.

Amigas para sempre.


E eu pai, admirador.

Sinto e aceito o elevar da dor.

De um tempo que passa, 

mas nunca é o bastante.


Balança.

Balanço.

Às sombras, na Luz.

E que eu sempre as alcance. 

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