Passei os meus últimos dois dias refletindo sobre a minha vida de estudante no Istituto Universitario Sophia.
Faz parte da experiência o processo de compreensão do que significa estar aqui (realmente) fazendo uma experiência que é estudo, mas também VIDA!
O paradoxo de uma convivência comunitária na diversidade (communitas) é algo que muitas vezes sufoca. As minhas explicações para isso são de natureza analítico – contemporânea, pois vejo que culturalmente vivi grande parte da minha vida em um ambiente que me impulsionou a manter uma postura individualista, mesmo rodeado de outros 20 milhões de “cúmplices do cotidiano”.
Essa característica se confronta com o paradoxo comunitário justamente porque coloca em contraposição o desejo de unidade, vivido depois concretamente na unicidade. Explico. Nós, seres humanos, temos a real necessidade “do outro”, de estar em relação, é próprio da nossa natureza e é aquilo que substancialmente dá significado a nossa vida. Contudo, é uma relação que culturalmente é exprimida com algo que não pode me causar “perdas”. Relaciono-me com “o outro” até que ele não me faça mal.
Mas o amor comunitário em que fui convidado a viver aqui em Sophia é uma tentativa de colocar em pratica um conceito que engloba “a ferida do outro”, o outro que me faz mal, não porque quer, mas porque é diferente, pensa diferente.
Na vida de comunidade aqui, não a unicidade (feita da simples soma das partes diferentes que não se relacionam), mas a unidade (união das partes para formar um todo com significado único) é o objetivo primário.
Entender isso significou primeiramente não conseguir me ver “à altura” da experiência, mas depois me ajudou a entender que ela só é possível quando aceito “mergulhar” nas relações, no outro – diferente, fonte da verdade nova, desvelada (aletheia).
A experiência concreta que me levou a concluir que realmente ESTOU AQUI foi o fazer e o retorno do vídeo da nossa viagem da universidade. Colher as pessoas, significou entender a beleza de Sophia, que é sim o estudo, o empenho constante em mergulhar no mundo teórico, mas que se encarna nas relações, no outro que é diferente e por isso, maravilhoso.
Viver em Sophia é se apaixonar pelo outro, pelas diferenças e entender a importância e a complementaridade delas, mas que depois também nos faz perceber “únicos”.
Estar feliz aqui custa muito, pois é muito dolorosa a mudança conceitual da “unicidade em unidade”, mas cada momento que passo aqui, com essas pessoas, me faz entender que no final, vale a pena.