Category: Pra salvar a Comunicação Page 8 of 10

Documentário Jornaleiros: A escolha do projeto

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Desejo… vontade…

Porém, que bendito desejo era esse que me levou a tantos pequenos milagres e me trazem até aqui, há um mês da minha formatura?

O mesmo desejo que me fez escolher jornalismo. O mesmo desejo que me faz querer ter uma família, ser ético, viver pelas pessoas.O desejo de ver um mundo melhor.

Claro, isso é uma ideologia. Como o marxismo, o capitalismo e todos os “ismos” que levaram a civilização para frente ou para trás. Olhando mais ou menos para o ser humano.

Em muitas das discussões durante o curso fui chamado de existencialista. Mas como viver nesse mundo caótico, permeado de indiferença, sem acreditar nas potencialidades e no protagonismo dos seres humanos? Tudo bem, eu admito, sou sim existencialista.

Foi partindo desse pressuposto que pensei, pela primeira vez, no meu projeto de conclusão de curso.

Queria fazer algo de concreto e transformador. Não algo pretensamente grande, mas essencialmente útil e que fosse também um dom em retribuição a Deus, aos colegas, professores e também à faculdade.

A minha primeira idéia foi fazer um Portal na internet de instrução e formação de comunidades sobre a importância da comunicação como ferramenta de transformação das realidades.

Pensei em um trio de trabalho, tinha já algumas pessoas em mente, mas me vi diante de dificuldades técnicas que talvez fossem impossíveis de serem superadas.

Aí me questionei a respeito do que mais me faltou como formação na faculdade. Durante esses quatro anos na PUC percebi que não tive um aprofundamento na “arte” de transformar informação em imagem. Textualmente a dificuldade é já bem menor no final do curso, mas em vídeo as deficiências só não foram maiores por conta da aula de telecine e do estágio que fiz na TV Cultura.

Bom, era isso, vídeo. Queria fazer um documentário. Mas para falar de que?

Novamente o desejo de fazer algo útil me motivou a me questionar sobre isso. Entendi que deveria falar sobre a experiência de mergulhar no mundo da comunicação, de me transformar em jornalista, ainda mais em tempos de desregulamentação, escassez de ética e conformismo profissional.

Assistindo “Santiago”, do excelente João Moreira Salles, entendi que teria que partir daquele modo de conceber as idéias de maneira visual, de ver a si mesmo, por meio do discurso e da vida dos outros.

Foi assim que pensei nos meus quatro personagens. Estudantes, jovens como eu e que, em diferentes universidades, origens, experimentam na essência aquilo que ainda hoje me questiono. Do que valeram esses quatro anos?

Não pensei nessa empreitada sozinho. Pensei em fazer em trio, para dividir idéias, para construir algo “junto”. Porém, quis as casualidades da vida que isso não acontecesse. Por conta do estágio na TV Cultura, acabei perdendo a possibilidade de participar de algum grupo e mesmo de convidar alguém para entrar no meu.

Assim estava eu, cheio de idéias, projetos, mas sozinho. “É possível fazer jornalismo sozinho?” Questionou uma das minhas entrevistadas. Definitivamente não, é a minha resposta. E não o fiz.

Mesmo sofrendo para me organizar, trabalhar, estudar, namorar, jogar bola no time da faculdade, fazer tudo isso sem perder a vida social que sempre foi prioridade para mim, decidi encarar o desafio.

E, aos poucos, entrevistando um, conversando com outros, vi os caminhos se abrirem e chegar àquilo que posso apresentar, certo de duas coisas: fidelidade aos 99% de transpiração e ao desejo de fazer algo útil.

Encontrei discordâncias, desafios técnicos, limites pessoais, intelectuais, mas uma grande alegria e motivação em desenvolver um aspecto profissional que a faculdade não pôde me dar e que eu considero estratégico para o meu futuro como jornalista.

Enquanto essa fase se conclui, começa uma outra, com os mesmos desafios e impossibilidades que a vida apresenta, mas aquela certeza, fruto do desejo transformador, existencialista, que carrego, me dá a plena serenidade de que, o que me espera, são COISAS GRANDES.

Documentário Jornaleiros: Vontade que vem de dentro

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Vontade… Desejo… Duas palavras tão parecidas. Sinônimas, direi. Mas que para mim têm forças distintas. Enquanto a primeira descreve um impulso exterior, superficial, a outra carrega em si um anseio profundo, uma vontade que vem de dentro. Digo isto porque, se dependesse da minha vontade, não estaria hoje no advento da minha formatura na PUC-SP.

Depois de algumas experiências pelo mundo, me encontrei diante das inscrições do vestibular e mais uma problematização: Que faculdade eu presto?

Decidido a dar exclusividade para faculdades públicas, fui questionado por um grupo de amigos (que, como eu, acreditam que somos agentes concretos na construção de um mundo melhor) sobre a possibilidade de prestar PUC e assim ficar em São Paulo (tinha feito a inscrição só na UNESP, em Bauru) continuando a fazer parte desse grupo.

Movido por esse desejo e sem me questionar demais, decidi correr o risco, ciente de que, mesmo se passasse, não poderia estudar na PUC por estar desempregado e não ter condições de ser patrocinado pelos meus pais.

Enfim, fiz o vestibular e em janeiro tive a paradoxal notícia de que havia sido aprovado. E agora?

Lembro-me como se fosse ontem da inscrição. Minha mãe, mais preocupada que feliz, disse que só teria condições de pagar a matrícula, que eu deveria encontrar um emprego urgente.

Até aqui, tudo muito natural, nada de surpreendente mas, uma semana antes do inicio das aulas, recebi a ligação de um antigo chefe, gerente de uma loja de informática onde trabalhei alguns anos antes, me perguntando se não estava querendo um trabalho.

Feliz e muito surpreso (talvez assustado fosse a palavra mais adequada) disse que sim e fui conversar com ele no dia seguinte. Fui com o discurso pronto: “só posso trabalhar aqui se o senhor pagar a minha faculdade”, mas nunca na minha vida acreditaria que receberia um SIM sem questionamentos.

Foi assim que vivi o meu primeiro ano de faculdade. Mesmo não trabalhando na área pude cumprir com as obrigações financeiras sem prejudicar o orçamento familiar. Era uma conquista desses meus cientes “99% de transpiração” e do imensurável “1% de inspiração divina”.

Porém, depois disso, senti que aquele mesmo desejo que me havia colocado na PUC me empurrava para mergulhar na minha área. Precisava de um emprego ligado à comunicação.

Em dezembro, fui informar o meu chefe que estava procurando outra coisa e me vi diante de mais um problema: irritado ele disse que se não quisesse ficar, teria que ir embora no final daquela semana.

Após alguns minutos de desespero. Sentei diante do computador e “disparei” currículos por toda a parte. Até aí, novamente, nada de anormal. Surpreendente foi receber uma ligação dois dias depois para uma entrevista na quinta-feira.

Feliz, fui bem preparado para a Editora Análise e na sexta-feira, 20 minutos após estar oficialmente desempregado, fui informado que havia sido selecionado para começar a trabalhar na primeira semana de janeiro.

Fiquei mudo, afinal de contas, além do emprego, ainda ganharia duas semanas de descanso. Mas, como “nem tudo são rosas”, o salário era menor e assim, teria que contar com a ajuda financeira dos meus pais.

Isso realmente me incomodava, mas não tinha escolha e aquele desejo interior não me deixou desistir.

Depois de quatro meses lá, aprendendo “na prática” o jornalismo, construindo relacionamentos, recebi um email da PUC dizendo que o edital de 70 bolsas integrais para toda a faculdade tinha sido aberto.

Sem muita esperança me inscrevi, procurando não falhar na entrega dos documentos do “atestado de pobreza”, porque seria o primeiro parâmetro, seguido pelo desempenho no primeiro ano do curso.

Até aí, novamente, tudo tranqüilo. Quantas pessoas não fizeram o mesmo que eu? Mas o desfeche é que foi surpreendente, com diversos pormenores que não vou acrescentar para não virar uma grande novela. Mas, enfim, a partir de março do meu segundo ano de faculdade, comecei a estudar de graça em uma das melhores faculdades do Brasil.

A minha felicidade só não foi maior do que a certeza de que realmente era tudo fruto da fidelidade àquele desejo…

Links no Youtube:

Parte1: http://www.youtube.com/watch?v=JIBpbzzyqEU

Parte2: http://www.youtube.com/watch?v=gm9LQuVCOo8

Parte3: http://www.youtube.com/watch?v=TmRjBdtlzd0

Parte4: http://www.youtube.com/watch?v=Fxw7Wzqxw-A

Parte5: http://www.youtube.com/watch?v=lmHvfyau2QU

Parte6: http://www.youtube.com/watch?v=Emrn1Evaq7o

Documentário Jornaleiros: Premissa

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Problematização, Pauta, Apuração e Edição…

Essas quatro palavras não só são o centro do meu trabalho de conclusão de curso e da minha formação, mas também fazem parte de um método que construí para viver bem as escolhas que faço, desde o meu primeiro lapso de consciência individual.

Nestes poucos anos de vida tive que me confrontar com poucos problemas exteriores, mas muito interiores. E o que fazer para resolvê-los? Nada como um bom planejamento, uma boa pauta, para saber para quem perguntar, onde buscar as informações importantes, para passos decisivos.

Claro, depois disso, não basta ficar sentado, esperando intercessão divina. Aqui vai sempre aquela “frase-memorando”: Uma obra é feita com 1% de inspiração e 99% de transpiração. Não me lembro de quem é e por isso vou apurar:

(…)

Sim… A frase é do inventor da lâmpada, Thomas Edison, e se refere ao como ele vê o talento no realizar coisas.

(…)

Pois bem, desde sempre, minha vida tem sido um perene e insaciável arregaçar as mangas, um apurar, ouvindo o máximo de fontes possíveis, para encontrar respostas, ao menos minimamente, transformadoras.

Claro, por último é preciso editar. Nesse mundo exacerbado de informações… vozes, sons, ruídos e barulho se confundem de tal maneira, que escolher, dentro dessa massa de material bruto, é um trabalho que leva tempo.

Aqui, além da paciência de esperar, entrou como imprescindível na minha experiência o entender que é importante ser guiado pelo desejo…

Problematização, Pauta, Apuração e Edição…

Documentário Jornaleiros: Considerações finais

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Contemplar “Jornaleiros” depois de árduos meses de trabalho, de empenho e principalmente de inúmeras crises e perceber que muito do que foi materializado no documentário partiu de “dentro”, nada veio de conclusões superficiais.

Percebi que o trabalho em todo seu significado, em tudo que ele apresenta, tem paralelo extremamente pessoal com a minha vida universitária e as escolhas que a precederam.

Claro que, intencionalmente, os personagens exprimem, por meio da minha escolha editorial, aquilo que, sobretudo eu, penso em relação à formação, a escolha, ao jornalismo.

Não existe nada depois da formação, não esta contemplada propositalmente o “pós”, uma visão de dentro do Mercado, pois, efetivamente não cheguei a esse estagio da minha carreira e assim, não me sentia com propriedade suficiente para retratá-la em “Jornaleiros”.

Admito certa satisfação e o privilégio de poder contar com tantas pessoas que me ajudaram na concepção do filme. Os colegas de TV Cultura, professores da PUC, em cada conversa uma perspectiva se abria, uma idéia se formava.

O produto final é de uma diversidade e amplitude de conceitos sem necessidade de explicação. São discursos, opiniões e discussões que giram em torno dos quatro personagens. Ora críticos, ora superficiais, ora confusos, ora passivos, ora determinados. Um pouco de tudo.

Claro, sempre com o objetivo de promover o diálogo, o pensamento, o conhecimento dessas diferentes vozes e da necessidade de pensarmos juntos no futuro de uma profissão “em crise” como é a do jornalista.

Valeu o sofrimento, valeu olhar para trás e ver que realmente sou fruto da minha formação, mas principalmente da vontade de transformar a sociedade. Para o bem, claro!

Documentário Jornaleiros: Ultimas reflexões no advento da banca de TCC

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Faltam poucas horas para a minha tão esperada banca de TCC.

Realmente é difícil olhar para trás e não perceber que tudo fazia parte de um plano, claro, um caminho a ser percorrido.

Apesar de certa ansiedade, estou feliz… em ter tido saúde, apoio e coragem para superar cada dificuldade, insegurança… cada etapa.

Porém… claro, seria a maior hipocrisia acreditar que até mesmo a coisa mais irrisória seria possível sem Deus.

Sempre foi Ele o sentido de tudo… por Ele que não desisti!

Mas não um Deus – pensamento… claro que não… esse “meu” Deus se materializou sempre nas pessoas… familiares, professores, colegas de trabalho, de universidade, todo mundo tem muita “culpa no cartório” por cada coisa.

Bem… só queria dizer, faltando poucas horas para a minha banca, um grande obrigado.

Essa gratidão profunda, verdadeira, por cada um, só me vem uma palavra em mente: PRIVILÉGIO!

Vamo que vamo… “ai ai ai ai…. ta chegando a hora…. o dia já vem, raiando meu bem… e eu tenho que irrrrrrrrr embora!!!”… (e dá-lhe trilha sonora brega!!!!)

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