Category: Pra salvar a Comunicação Page 6 of 10

Sobre o jornalismo

Por meio da comunicação jornalística, intrinsecamente inserida em um determinado contexto cultural, os sujeitos humanos, reciprocamente e fundamentalmente diferentes entre si, edificam a própria identidade.

Contudo essa comunicação precisa necessariamente ser encontro verdadeiro e dramático com o Outro, mesmo em uma relevante distância física. Ao reconhecerem-se na informação jornalística os sujeitos humanos, reciprocamente, afirmam a própria existência.

Porém, a experiência proporcionada pela comunicação jornalística só se conclui na transformação dos envolvidos no processo. Ambos, a partir da experiência de ação e reconhecimento proporcionada pelo jornalismo, sentem-se estimulados a estreitar os laços com os sujeitos humanos próximos, em uma relação muito mais complexa e ampla.

O jornalismo que não é comunicação, no sentido etimológico da palavra, se reduz a simples maquina de produção de informação.

Jornalismo e teologia: A escolha antropológica do modelo trinitário

Duas realidades que aparentemente não se misturam, jornalismo e teologia têm na própria essência o estudo da relação e reciprocamente podem coexistir e iluminar um a “verdade” apresentada pelo outro.

Estudar a relação é encontrar como pressuposto a necessidade de um modelo. A história do pensamento ocidental percorreu um caminho partindo de Aristóteles e seu “Principio de não contradição”, passando pelo cientificismo kantiano, a dialética hegeliana, entre outros modelos racionais que buscaram entender e explicar a ontologia relacional do ser humano.

Entre esses, provavelmente o dualismo dialético foi o modelo que mais se “encarnou” na nossa sociedade, servindo como justificativa à destruição e o auto movimento perceptível no observar a realidade.

Eu, pessoalmente, estudando e conhecendo-a cada vez mais, encontrei na teologia o meu modelo de ler as situações, que não se expressam por meio de um dualismo, mas na dinâmica trinitária que envolve a expressão de si mesmo, do “outro” e do Mistério.

Um acontecimento visto da prospectiva dialética não pode aceitar a verdade do outro, para existir precisa eliminá-lo. As determinações do que é verdade nascem sem considerar a pluralidade. Verdade é aquilo que se expressa a partir da dinâmica dialética em vez de uma conclusão costruída a partir do dar-se “fenomenológico” das coisas.

Por outro lado o modelo trinitário considera que a relação é, antes de tudo, expressão pessoal da leitura de um acontecimento, impossível para quem vive de destacar-se, manter a neutralidade.

Mas além disso ela é também encontro com “um outro” (humano ou não), suas motivações e porquês, que tantas vezes superam a nossa capacidade de compreender totalmente. Somos muito condicionados pelos nossos valores, ideais. Por isso, exprimir esse “outro” exige um “movimento direcionado” à ele, que depois ajuda no aperfeiçoar a compreensão dos fatos.

Finalmente é necessária a dimensão do Mistério em todos os acontecimentos. A Racionalidade não tem todas as respostas aos porquês do homem. O cientificismo não considera “verdadeira” à transcendência que nos envolve como seres do Cosmo, ignora o fato de que qualquer acontecimento possa ter em si um “algo” de inexplicável, inexpressível.

A prospectiva trinitária dos acontecimentos, porém, é também articulada em uma “forma determinada”, uma unidade (roubando a definição guardiniana) que nos permite estarmos imersos em uma infinita mudança (movimento) permanecendo porém nós mesmos.

A cotidianidade dos acontecimentos é esse consecutivo movimento, mas que precisa ser lido em maneira trinitária, que é em si também unitária, onde esta última serve como “direção” a fim de que o modelo trinitário não se transforme em dualismo dialético.

Entendo que para quem não adere à fé cristã considerar a trindade um modelo de relação é quase uma ofensa. O curioso é perceber que, por outro lado, é possível para os “anti religiosos” acreditar e estudar a mitologia grega, indígena e etc. A fé é principalmente um movimento antropológico de abertura em relação ao Mistério, dimensão (felizmente) impossível de ser excluída na nossa humanidade.

Documentário Jornaleiros completo + defesa da tese

[vimeo http://www.vimeo.com/28114449 w=400&h=300]

Considerações finais retiradas da parte escrita do documentário

Contemplar “Jornaleiros” depois de árduos meses de trabalho, de empenho e inúmeras crises é perceber que muito do que foi materializado no documentário partiu de “dentro”, nada veio de conclusões superficiais.

Percebi que o trabalho em todo seu significado, em tudo o que ele apresenta, tem paralelo extremamente pessoal com a minha vida universitária e as escolhas que a precederam.

Claro que, intencionalmente, os personagens exprimem, por meio da minha escolha editorial, aquilo que, sobretudo, eu penso em relação à formação, a escolha, ao jornalismo.

O filme não explora propositalmente o “pós formação” , uma visão de dentro do Mercado, pois, efetivamente não cheguei a esse estágio da minha carreira e, por isso, não me sentia com propriedade suficiente para retratá-la.

Admito certa satisfação e o privilégio em poder contar com tantas pessoas que me ajudaram na concepção do filme. Os colegas de TV Cultura, professores da PUC; em cada conversa uma perspectiva se abria, uma ideia se formava.

O produto final é de uma diversidade e amplitude de conceitos sem necessidade de uma prévia explicação. São discursos, opiniões e discussões que giram em torno dos quatro personagens. Ora críticos, ora superficiais, ora confusos, ora passivos, ora determinados. Um pouco de tudo.

Claro, sempre com o objetivo de promover o diálogo, o pensamento, o conhecimento dessas diferentes vozes e da necessidade de pensarmos juntos no futuro de uma profissão “em crise” como é a do jornalista.

Valeu o sofrimento, valeu olhar para trás e ver que realmente sou fruto da minha formação, mas principalmente da vontade de transformar a sociedade. Para o bem, claro!

A televisão como instrumento de comunicação social

Depois da maravilhosa experiência com «JORNALEIROS», que me levou a refletir intensamente sobre a importância da formação dos jovens jornalistas, inicio um “novo degrau” de compreensão “científica”.

Hoje começo a seleção bibliográfica para a minha tese de “laurea magistrale” no Instituto Universitario Sophia e como “abre-alas” um “mergulho” no livro «Homo Videns», de Giovanni Sartori.

Fui envolvido pelo título e pela introdução provocatória (e diminutiva) a respeito da televisão como instrumento de comunicação de massa.

Críticas sobre o conteúdo televisivo encontram-se aos milhões… na verdade até o mais leigo dos telespectadores talvez consiga identificar conteúdos imprestáveis na televisão brasileira (mesmo que a italiana é sem dúvidas a mais deplorável que pude conhecer). Porém o que achei interessante é uma tentativa de análise do instrumento “televisão”.

Conversando com um dos meus professores aqui na universidade, físico nuclear, filósofo e teólogo. Intelectual extremamente crítico e eloqüente sobre os mais diversos assuntos da cultura contemporânea me encontrei nessa inquietante reflexão, possível chave de leitura para a minha tese: o mau da televisão é no seu conteúdo, na forma que o instrumento é operado ou é in si, no próprio instrumento?

Giovanni Sartori tem a sua teoria: a televisão transformou o “homo sapiens”, ser capaz de pensar suas ações e construir uma interpretação simbólica por meio da linguagem, em “homo videns”, primata que, ao dissociar o pensar do ver, privilegiando o último, regrediu de maneira evidente.

Algumas perguntas que permanecem são: A visão não é instrumento de conhecimento e enriquecimento cultural? É possível “culpar” a televisão no “emburrecimento” analítico do homem pós moderno? Qual é o papel da televisão hoje, como instrumento cultural de massa?

Hoje, 11 de março de 2011 («11-03-11» combinação de números que daria uma reflexão interessante sobre uma nova proposta de codificação binária da informação) começa uma reflexão que queria ir compartilhando, construindo, junto com colegas de profissão e de mundo cultural (instrumental).

Minha principal motivação é justamente começar (ou continuar) a construir um caminho encontre o significado verdadeiro da informação televisiva. Que essa não seja banalizada como instrumento de manipulação e  mas que possa, sobretudo, (mesmo que traga benefícios econômicos à quem produz) impostar a centralidade da pessoa humana e o desenvolvimento social.

Provoc@Ç@O 18 – Para onde queremos ir?

Editorial:

Nos últimos dias tive o privégio de conhecer Paris e toda a beleza da Cidade Luz.  Não me gabo disso, certamente, mas posso dizer que estar uma semana em uma capital cheia de uma atmosfera especial me ajudou a refletir muito sobre o que é desenvolvimento e quais as consequências que as escolhas, levando em conta aspectos econômicos ou sociais, podem gerar.

Às “vésperas” das eleições que vão direcionar uma continuidade ou mudança nas diretrizes do Brasil me pareceu importante escrever sobre a realidade que me “esbarra” todos os dias aqui na Europa.

Desde que cheguei tenho me surpreendido com a dura realidade que o Velho continente vem vivendo. A colheita das sementes plantadas há alguns anos.

Será que buscamos um país nos moldes desenvolvidos da Europa e EUA? Será que o desenvolvimento econômico garante o bem estar???

Não sei!

Para download: http://www.4shared.com/document/3vA7rzhp/Provocao_18.html

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