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Sobre o jornalismo

Por meio da comunicação jornalística, intrinsecamente inserida em um determinado contexto cultural, os sujeitos humanos, reciprocamente e fundamentalmente diferentes entre si, edificam a própria identidade.

Contudo essa comunicação precisa necessariamente ser encontro verdadeiro e dramático com o Outro, mesmo em uma relevante distância física. Ao reconhecerem-se na informação jornalística os sujeitos humanos, reciprocamente, afirmam a própria existência.

Porém, a experiência proporcionada pela comunicação jornalística só se conclui na transformação dos envolvidos no processo. Ambos, a partir da experiência de ação e reconhecimento proporcionada pelo jornalismo, sentem-se estimulados a estreitar os laços com os sujeitos humanos próximos, em uma relação muito mais complexa e ampla.

O jornalismo que não é comunicação, no sentido etimológico da palavra, se reduz a simples maquina de produção de informação.

Homenagem aos noivos Karina e Lucas | Valter Hugo Muniz

Karina e Lucas

26 de maio de 2012 – UNIDOS EM ALGO MAIOR  

Há quase um ano venho me esforçando intelectualmente para exprimir algo que só pude experimentar sensitivamente: a comunicação e os meios tecnológicos aproximam as pessoas.

Dos meus 28 anos recentemente festejados, metade deles vivi junto à Karina, sendo que nem 5% deles convivemos diariamente. Agora como explicar um amor tão profundo, verdadeiro, que sobrevive decisivamente ao passar do tempo?

Além da imensa ajuda que os meios de comunicação proporcionaram durante os anos, ALGO MAIOR cristalizou nossos laços, manifestando-se singularmente nas nossas vidas e permitindo-nos permanecer unidos, mesmo distantes fisicamente, em cada etapa das nossas vidas.

Foi esse ALGO MAIOR que também promoveu o encontro entre Karina e o Lucas, e também o meu encontro com o Bacanão.

Misteriosa Presença, Formidável Força que ajudou os dois a superarem as dificuldades, dores e até mesmo a distância, mas que finalmente nos transportou a esse Incrível Momento.

Karina e Lucas. Lucas e Karina.

Dois conceitos que exprimem uma mesma realidade. Duas realidades que se encontram em um único Conceito.

Bendita a comunicação que nos liga em palavras, conceitos, Comunhão.

Distante geograficamente é impossível não me sentir próximo, pois jamais estive realmente longe durante todos esses anos.

Junto no coração é difícil não sentir uma pequena dor por não poder testemunhar fisicamente essa união do qual me sinto verdadeiro partícipe.

Neste 26 de maio de 2012, dia em que completo dois anos de vida europeia, eu vos festejo. Unido como sempre, feliz como nunca.

Que o “Deus de todos” abençoe o casamento de vocês e dê forças para as novas etapas, desafios, de uma vida, vossa, nossa, sempre direcionada nEle.

Beijo grande, meu e da Flavia.

Valter

Marcos já deixa saudades…

Torcedor de futebol é um bicho estranho. Por mais sensato que possa parecer, é capaz de perder a razão, os amigos e até a namorada pela paixão incontrolável pelo próprio time.

Mas eu não.

Tive a “sorte” de nascer filho de um santista admirador e não fanático por futebol.

Isso me poupou alguns anos de sofrimento, quase ilusórios, porque quando entendi que tinha vocação pra torcedor do Palmeiras, nunca mais dormi tranquilo depois de um jogo do meu time: ou por culpa da tristeza da derrota ou pela agitação de mais uma vitória.

Mas o capítulo mais marcante da minha vida de Palmeirense aconteceu quase 12 anos atrás, na minha cidade natal, durante a semifinal do campeonato de futebol mais importante do continente.

O Palmeiras jogava contra o seu maior rival e depois de uma batalha vencida no jogo normal, os pênaltis. Momento de tensão que deu quase em briga, mas que culminou com o encontro dos dois maiores ídolos contemporâneos de Palmeiras e Corinthians: Marcos x Marcelinho Carioca.

A Narração daquele momento ainda toca meu coração quando escuto novamente:

“……Marcelinho esta na bola, Marcos no centro do gol, se Marcelinho perder o Palmeiras está na final de libertadores, Marcelinho correu em direção a bola bateuuuuu …….. ESSSSSSSSSSSSSSSSSpppppppppppppppaaaaaaaaaaaaallllllllllllllllmmmmmmmmmmmaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Maaaaarrrrrrrccccccccccooooooooosssss !!!!!!! O Palmeiras está na final da Libertadores de 2000!!!

A festa foi linda, inesquecível. Lembro-me bem dos tantos abraços aos inúmeros desconhecidos nas arquibancadas do Morumbi lotado. As lágrimas que escorriam de emoção… difícil de explicar o sentimento…

Porém algo inesperado saiu da boca do herói da partida, que poderia dizer, como disse o jovem atual ídolo do Santos após o título da mesma competição: “Hoje eu fiz história”. Mas não, Marcos ressaltou o fato de que pênalti é loteria, a união do time e não os próprios talentos, a façanha pessoal.

Esse é o Marcos. Atitudes de respeito e incontáveis exemplos de como se dever ser esportista o fazem ídolo não só da “Famiglia Palestrina” mas de qualquer amante do futebol.

Em um mundo de ídolos arrogantes como o santista Neymar, o português Cristiano Ronaldo, comparo Marcos e a sua grandeza a um outro ídolo, jovem, talentoso e acima de tudo humilde: Messi.

Marcos deixa a carreira de goleiro do Palmeiras, da Seleção, como campeão não só nos gramados, mas na vida, no testemunho aos jovens  (futebolistas ou não) brasileiros de que, antes de ser ídolo pelo talento, é preciso crescer em caráter, no respeito aos adversários e no amor ao próprio time.

Obrigado Marcos, em você se renova o meu orgulho de ser Palmeirense.

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Jornalismo e teologia: A escolha antropológica do modelo trinitário

Duas realidades que aparentemente não se misturam, jornalismo e teologia têm na própria essência o estudo da relação e reciprocamente podem coexistir e iluminar um a “verdade” apresentada pelo outro.

Estudar a relação é encontrar como pressuposto a necessidade de um modelo. A história do pensamento ocidental percorreu um caminho partindo de Aristóteles e seu “Principio de não contradição”, passando pelo cientificismo kantiano, a dialética hegeliana, entre outros modelos racionais que buscaram entender e explicar a ontologia relacional do ser humano.

Entre esses, provavelmente o dualismo dialético foi o modelo que mais se “encarnou” na nossa sociedade, servindo como justificativa à destruição e o auto movimento perceptível no observar a realidade.

Eu, pessoalmente, estudando e conhecendo-a cada vez mais, encontrei na teologia o meu modelo de ler as situações, que não se expressam por meio de um dualismo, mas na dinâmica trinitária que envolve a expressão de si mesmo, do “outro” e do Mistério.

Um acontecimento visto da prospectiva dialética não pode aceitar a verdade do outro, para existir precisa eliminá-lo. As determinações do que é verdade nascem sem considerar a pluralidade. Verdade é aquilo que se expressa a partir da dinâmica dialética em vez de uma conclusão costruída a partir do dar-se “fenomenológico” das coisas.

Por outro lado o modelo trinitário considera que a relação é, antes de tudo, expressão pessoal da leitura de um acontecimento, impossível para quem vive de destacar-se, manter a neutralidade.

Mas além disso ela é também encontro com “um outro” (humano ou não), suas motivações e porquês, que tantas vezes superam a nossa capacidade de compreender totalmente. Somos muito condicionados pelos nossos valores, ideais. Por isso, exprimir esse “outro” exige um “movimento direcionado” à ele, que depois ajuda no aperfeiçoar a compreensão dos fatos.

Finalmente é necessária a dimensão do Mistério em todos os acontecimentos. A Racionalidade não tem todas as respostas aos porquês do homem. O cientificismo não considera “verdadeira” à transcendência que nos envolve como seres do Cosmo, ignora o fato de que qualquer acontecimento possa ter em si um “algo” de inexplicável, inexpressível.

A prospectiva trinitária dos acontecimentos, porém, é também articulada em uma “forma determinada”, uma unidade (roubando a definição guardiniana) que nos permite estarmos imersos em uma infinita mudança (movimento) permanecendo porém nós mesmos.

A cotidianidade dos acontecimentos é esse consecutivo movimento, mas que precisa ser lido em maneira trinitária, que é em si também unitária, onde esta última serve como “direção” a fim de que o modelo trinitário não se transforme em dualismo dialético.

Entendo que para quem não adere à fé cristã considerar a trindade um modelo de relação é quase uma ofensa. O curioso é perceber que, por outro lado, é possível para os “anti religiosos” acreditar e estudar a mitologia grega, indígena e etc. A fé é principalmente um movimento antropológico de abertura em relação ao Mistério, dimensão (felizmente) impossível de ser excluída na nossa humanidade.

O pai do meu pai faleceu

08-12-201212-24-35Mariapolis
Mariápolis-SP – Cidade onde morava o Sr. Antônio Berto

O pai do meu pai concluiu sua viagem hermenêutica no mundo do pluralismo de almas.

Não o chamo de avô pelo simples motivo de não ter tido uma convivência familiar próxima. As minhas lembranças do Sr. Antônio Berto se resumem a dois ou três encontros e inúmeras memórias que meu pai sempre guardou com carinho e admiração.

Contudo, um fim contingente (ele tinha 89 anos) pode servir como oportunidade de reflexão, de entendimento sobre o valor do passado e a sua consequência no presente.

Conversando recentemente com a minha Flávia redescobri algo que só o intelecto (no sentido Aristotélico) poderia permitir: que as dores do mundo já foram divinizadas no Cristo que acredito.

Eu sempre abominei qualquer tipo determinismo baseado na experiência religiosa, pois foi justamente dela que entendi o mais profundo e verdadeiro de «livre arbítrio».

Mas, no estudo de teologia feito aqui no Istituto Universitario Sophia entendi que uma coisa não anula a outra. O livre arbítrio não é violado no evento histórico da crucificação, muito pelo contrário, a morte do Cristo aconteceu justamente porque os homens eram livres. O que é difícil de entender é que podemos acolher a dor, vivendo totalmente livres (nós e os outros), como “graça”, participando do mistério vivido pelo tal Filho do Homem.

Aceitando o silêncio, a incompreensão, a solidão, o Cristo transformou algo ontologicamente negativo em possibilidade de protagonismo e “ressurreição” por parte de nós, igualmente filhos de Deus.

Dessa forma a mais (aparentemente) insignificante dor pode ser vivida na Luz (especialmente em comunhão com o próximo). Claro que essa conclusão se desdobra às dores maiores.

Não existe condenação pelo fato de que se sofre. Dessa forma somos convidados a passar de uma visão hermenêutica que considera «vazio ontológico» esse “espaço de ausência de sentido” a um olhar renovado que enxerga na dor «oportunidade de amar sem condicionamentos».

É nessa dimensão que tenho entendido os laços de fraternidade e é nesse encontro pessoal com o “silêncio que falar” que me despeço do sr. Antônio, que pode até não ser considerado (pelos meus limites humanos) avô, mas que, indiscutivelmente, é irmão.

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