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S.O.S. Egito

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Procuro entender uma maneira eficaz de, a partir do meu testemunho pessoal, transformar, aos poucos, lugares e relações. Diante desse desafio “vitalício” eu sinto a “dor” ao perceber que existem muitas tragédias da humanidade que estão longe do alcance das minhas forças.  Não tenho nenhum tipo de idealismo fútil ou crença de que, se estivesse nesses lugares, às coisas poderiam ser diferentes. Na verdade, o que mais me incomoda é o fato de que, afastado geograficamente de um acontecimento, sou vítima da leitura factual mediada (ou manipulada). Assim, não sei nem mesmo por quê orar. É assim que tenho me sentido em relação ao Egito.

Diante de um conflito que, dia após dia, tem tirado a vida de inocentes, fomentado a perseguição religiosa e afastado qualquer tentativa respeitosa de diálogo e reconstrução do país, fica difícil encontrar um “lado bom”.  Aparentemente, alguns dos meus amigos egípcios, diretamente “envolvidos” no conflito, “apoiam” a ação do exército que retirou do poder o presidente islamita Mohammed Morsi para estabelecer uma nova ordem que, contudo, parece utópica em curto prazo. Por outro lado, após a divulgação do numero oficial de mortos, vítimas dos confrontos entre os que apoiam e os que são contra o ex-presidente Morsi, os EUA e a União Europeia criticaram fortemente o governo interino egípcio, afirmando que existe uma repressão do exército em relação aos protestos.

Diante das incertezas sobre os fatos, o assessor presidencial Mostafa Hegazy acusou a imprensa do Ocidente de ignorar atos de violência atribuídos aos ativistas islamitas, como ataques contra a polícia e a destruição de igrejas cristãs. “Nós, como egípcios, sentimos profunda amargura ante a cobertura dos eventos no país”, disse ele. (by BBC Brasil)

Posso afirmar, com segurança, que, as mesmas incertezas em relação aos relatos dos manifestantes presentes nas passeatas ocorridas no Brasil, há alguns meses atrás, se propagam entre as ruas e praças do Egito. As mesmas dúvidas a respeito da manipulação da mídia no #vemprarua brasileiro, se multiplicam após cada reportagem lida sobre a situação no Egito.

Entre as possíveis verdades, prefiro aquelas não ditas, pois são as que mais denunciam a omissão escandalosa da Comunidade Internacional, principalmente da ONU, imersa em um colapso estrutural que impede uma verdadeira colaboração na resolução de conflitos internos de uma nação em perigo.  

Enquanto isso, a única esperança de um “final feliz” cai sobre os corações generosos do povo egípcio que, mesmo não aparecendo nos principais jornais do mundo, soma inúmeros exemplos de solidariedade. A foto deste post mostra o cinturão de muçulmanos protegendo algumas igrejas cristãs no país.  

Rezar, por acaso, muda o mundo?

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Eu vivo um período de questionamentos sobre a tal da “oração”. Não é que eu perdi a Fé no “meu” Deus, mas é que, sempre mais, penso que é melhor rezar com as minhas atitudes, minhas forças, minha vida.

Contudo, aos poucos, venho descobrindo que a oração nada tem a ver com raciocínios materialistas; não é um ação que incute uma reação imediata, um resultado. Rezar é colocar todo o nosso ser em relação com o Divino, com as foças “sobrenaturais” que acreditamos, independente de quais e quantas elas sejam. Dessa relação nasce a Luz capaz de iluminar nossas ações (e as dos outros), nossos caminhos, em prol do bem.

Cada vez mais, me dou conta de que existe uma fase (ou dramas) da vida aonde as forças físicas, a saúde, não permitem a construção “braçal” de uma sociedade mais justa, como ocorre na juventude. Assim, a Fé por meio da oração, dá a esperança de continuar contribuindo, em um “outro plano”, para o bem comum.

Sempre vi com “maus olhos” a ausência massiva da juventude nos bancos das igrejas católicas que frequento. Nada contra os idosos, mas acho que são os jovens, sobretudo, que precisam conhecer as palavras e os ensinamentos do Cristo, para darem uma “direção” às revoluções que eles defendem e lutam. Porém, depois de descobrir que a oração realmente tem uma força, mesmo que imensurável materialmente, percebi que é bonito que ainda existam muito “velhinhos” frequentando as igrejas, mas sobretudo rezando e potencializando às boas energias sobre o mundo.

Rezar também é aquilo que, muitas vezes, nos resta quando vivenciamos algo que não podemos mudar com as próprias mãos. O massacre que está ocorrendo no Egito é um exemplo atual. Tenho amigos naquele país africano que, há tempos, tem procurado se reerguer, começar um caminho que respeite a grandeza do seu povo. Mas, o que vejo é, sempre mais, uma polarização de projetos, uma radicalização religiosa (muitas vezes promovidas pela mídia) e assim, vidas são perdidas e o bem comum se dissolve, como também vão se dissolvendo os sonhos de um país melhor.

Por isso ainda rezo. Rezo e acredito. Porque o mesmo Deus que me faz profundamente FELIZ, mesmo diante das dificuldades da vida, deseja que cada ser humano goze dessa “tal felicidade”.

Políticos gostam de pizza?

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Praticamente todo brasileiro cresce ouvindo que no país, quando se trata fazer exercer a Justiça perante um crime feito por políticos, “tudo termina em pizza”. A partir de hoje, dia que se inicia o julgamento dos recursos dos chamados “mensaleiros”, essa história pode mudar.

Os escândalos envolvendo membros do Partido dos Trabalhadores foi para mim um golpe forte na esperança e na admiração que eu, e grande parte do povo brasileiro, nutria pelo partido. Admito que me emocionei quando, em 2002, Lula conquistou a presidência. Naquele momento acreditava que começava uma nova era da política brasileira. Era alguém “vindo de baixo”, um trabalhador, operário, nordestino, que ia guiar os rumos dessa imensa nação da qual faço parte.

Os muitos benefícios sociais promovidos pelo governo petista são indiscutíveis, mas os escândalos de corrupção e a ideologia promovida pelos membros do partido, de pouco diálogo com a oposição, levaram o governo do partido para o “buraco”. A incapacidade de promover um trabalho conjunto, uma escuta verdadeira, construtiva, tornou o Partido dos Trabalhadores igual (ou pior) aos demais. E, pois bem. O Mensalão está aí para mostrar que a corrupção não é privilegio da “direita”.

O que realmente pode mudar a história depende da firmeza do Supremo Tribunal Federal, que não pode permitir que os 25 réus escapem da punição estabelecida. Seria um evento vergonho para a política e para o povo brasileiro… mais um.

Os revolucionários voltaram das férias

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Talvez seja impressão minha mas, durante o mês de julho, as manifestações contra o governo foram feitas, majoritariamente, pelos profissionais da saúde. Nestas passeatas, nada de revolucionários, muita reivindicação justa, nada de violência, mas, mesmo assim, o modelo de protesto não gerou mudanças expressivas nas decisões do governo.

Agosto. Voltam às aulas nas universidades do país, recomeçam os protestos de caráter “juvenil”, volta a violência nas manifestações. Calma lá! Não estou dizendo que os jovens são, essencialmente, violentos. Não poderia afirmar tal coisa. Na verdade, acho que a juventude é, muitas vezes, inconsequente e idealista (o que não é algo fundamentalmente ruim).

As mudanças, contudo, como havia dito em outros posts, não são feitas na base da força, do grito, do pau e da pedra. Infelizmente, os protestos, violentos ou não, só tiveram resultados pontuais, nenhum sucesso estrutural, o que mostra que a metodologia talvez seja equivocada.

Ouvindo uma discussão interessante na rádio, ontem, percebi, novamente, que é preciso encontrar novos modelos de participação política e, mais que isto, de revalorização do voto como elemento “supremo” de verificação do trabalho feito pelos representantes eleitos.

Como dizia um dos comentaristas na rádio “a maior pesquisa que se pode fazer para saber se o cidadão está contente com os governantes é a ELEIÇÃO”.  É fundamental que essa indignação se transforme em desejo positivo de encontrar melhores representantes.

Historicamente temos votado mal. Elegido políticos desonestos, preguiçosos e aproveitadores, isso quando não votamos em palhaços ou ex Big Brothers. Mas é, justamente, o VOTO que nos permite reconfigurar e, talvez, melhorar as câmeras e o Congresso.

Além de “ir pra rua” é necessário ter uma consciência construtiva, promovendo debates e avaliações que culminem em um voto consciente, pensado, transformador. Nenhum dos dois, sozinho, é eficaz, mas juntos, manifestações públicas e voto consciente, podem sim exigir um projeto político que transforme a vida de todos no Brasil.

Quando é o silêncio que “fala”

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Muitas vezes o silêncio ou as justificativas “sem fundamentos” mostram a verdade escondida, para aqueles que querem ver.

A verdade é um Bem que se sobressai. Mesmo que tarde, ela sempre aparece, de maneira indiscutível, indissolúvel. E, pois bem, quem não tiver medo dela, ou melhor, das suas consequências, “que atire a primeira pedra”.

Esses questionamentos fazem parte das minhas reflexões a respeito do caso escandaloso da chacina de uma família aqui em São Paulo. A versão absurda que a mídia construiu com o testemunho policial já, por si só, parece revelar as inverdades ocultas no caso.

Infelizmente, se ninguém confessar, nunca será possível desvendar todas as causas e justificativas ao redor do caso. Foram cinco vidas tiradas de maneira misteriosa, triste, que geram suspeitas perigosas. Talvez, por isso, a verdade seja omitida por aqueles que já sabem o que realmente aconteceu. Contudo, aos poucos, as discordâncias vêm à tona… a verdade se desvencilha de seus silenciadores e quer, de alguma forma, ser descoberta.

Como jornalista, não sei se estaria pronto a sacrificar minha vida (e da minha família) revelando o que aconteceu. Não sei se, recebendo ameaças de morte, revelaria (ou não) aquilo que eu sei e, por isso, entendo quem optou pelo silêncio. Cabe aos investigadores interpretá-lo, para que as respostas sejam encontradas.

Pessoalmente, desde que li a primeira matéria sobre o caso, percebi que havia algo errado na incriminação do adolescente de 13 anos. Difícil acreditar na história, como ela vem sendo contada.

É fundamental manter o senso crítico em relação ao que a mídia diz e o que, principalmente, ela não diz. Só assim, acredito, é possível desvendar a verdade ou, ao menos, não acreditar nas mentiras que nos contam.

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