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Sísifo e o Sessentão sorridente

Sísifo foi condenado pelos Deuses a levar durante toda a vida uma enorme esfera de pedra até o cume da montanha mais alta do universo. Lá ela escorregava das costas dele e rolava novamente para o pé da montanha e o homem tinha novamente que levá-la até em cima.

Já tinham se passado mais de 2 milhões de anos realizando essa árdua tarefa até que um dia um senhor sorridente, de estatura baixa, cabelo crespo, aparentemente sessentão, tentou abordar o homem e perguntar o que estava fazendo.

_ Cumprindo as minhas obrigações – respondeu sem paciência Sísifo

_ Você quer um cafezinho, um pão frito? Perguntou o senhor.

_ Hum…. quero.

E lá foi o sessentão preparar o lanche para Sísifo.

Depois de comer, carregando a pedra, logicamente, Sísifo agradeceu o sessentão e continuou seu trabalho.

No dia seguinte o senhor voltou e fez as mesmas perguntas e Sísifo aceitou novamente o lanche oferecido.

Por todo o mês, todos os dias, o sessentão voltava e fazia a mesma pergunta. No início ele foi aceitando, mas chegou um dia em que ele disse não, de maneira até um pouco estúpida.

_ Mas você não vai comer nada? – disse preocupado o sessentão,

_ Não te interessa  – respondeu Sísifo.

O sorridente homem ficou cabisbaixo, sem saber o que dizer e se retirou. Durante algumas semanas passava por ali, sempre a gritar e oferecer, mas recebia um não cada vez mais decidido de Sísifo.

Para o Sessentão o poder servir significava muito. Não é que sabia fazer inúmeras coisas, mas aquilo que ele sabia, procurava sempre doar para as pessoas de maneira concreta.

Um dia, caminhando pela estrada, pisou nos espinhos de uma grande e bela roseira. Ficou gritando ofensas por quase uma hora, mas quando percebeu que aquele encontro não era por acaso, correu para casa e pegou um grande balde de água para regar a planta. Havia encontrado “alguém” que aceitava seu amor, mesmo que às vezes, ele acabasse se machucando com isso.

Poesia em homenagem ao Sessentão mais importante da minha vida: MEU PAI, que hoje completa mais uma primavera. Posso dizer que conheço poucas pessoas que amam concretamente como ele, mas tantas vezes não dou valor a isso, como Sísifo. Contudo, ele continua me amando, independente de qualquer coisa.

O dia em que a menina que perdeu o assovio se foi

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Estava mergulhado nas tarefas do dia – a – dia quando recebi uma ligação dizendo que a menina que perdeu o assovio tinha ido embora.

Fiquei assustado, mesmo sabendo que àquele sábado era realmente o nosso último encontro.

Fui correndo abraçar a mãe da minha grande amiga, sentia uma dor sufocante e a vontade de só estar ali, ser útil, com sorrisos ou lágrimas. Não tinha muito que fazer.

A dor e a tristeza se confundiam com a imensa alegria das recordações, dos sorrisos, dos abraços, das risadas e conversas até tarde da noite.

Eu sabia que a menina que perdeu o assovio é que tinha decidido ficar com o pessoal da Grande Sala, mas tinha um sopro de esperança de que o Senhor barbudo iria ouvir a minha sugestão. Mas, não foi assim e a menina que perdeu o assobio se foi.

O que ninguém esperava eram as inúmeras homenagens. Todos aqueles que puderam desfrutar da amizade da menina estavam lá, se despedindo e agradecendo Àquele que possibilitou o encontro com a menina.

Desde que a menina que perdeu o assovio se foi, não paro de pensar na brevidade da vida, na maneira com a qual tenho aproveitado cada momento, o quanto tenho amado os que estão à minha volta, consciente de que realmente as despedidas ainda serão muitas.

Olhando uma foto com uma frase muito bonita, preparada pela menina que perdeu o assovio, entendi que devo me preocupar somente com ela. “Viva essa vida com as dores e alegrias cada dia” e só.

O corpo da Paulinha foi velado às 18hs na capela do Colégio Santa Marcelina, onde ela estudava. Durante a missa muitos foram os testemunhos de alegria e admiração pela transformação que a convivência com a Paula gerou no coração de cada um. Depois de 17 anos vividos de forma sublime, com todas as implicações que a Fibrose Sística exigia, Paulinha fez sua última viagem para Frutal, sua cidade natal, para ser sepultada hoje, ao lado de sua avó materna que tanto amava.

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O último encontro com a menina que perdeu o assovio

A menina que perdeu o assovio

Para sempre Paulinha – Revista Cidade Nova – outubro de 2008

A palavra que transforma – by Paulinha Bichara

O último encontro com a menina que perdeu o assovio

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Fui me despedir da menina que perdeu o assovio. Subindo às escadas que conduziam ao seu quarto, um forte aperto no coração por saber que talvez fosse à última vez, o meu adeus.

Chegando lá, o mesmo rostinho. Senti uma saudade do seu sorriso, da alegria que sempre me acolhia, do abraço apertado… Vê-la ali, frágil, sem sequer poder ouvir a sua voz deu uma tristeza, mas estava ali para falar, agradecer.

Disse muitas coisas à garota que perdeu o assovio. Falei do meu amor imenso por ela, da alegria de poder tê-la conhecido e vivido um tempo razoável ao seu lado e fiquei ali, observando-a, até que me sentei na cadeira que estava ao seu lado e, de repente, adormeci…

Estava em uma grande sala observando aquelas pessoas sorridentes, ouvindo um cara barbudo e cabeludo de pé em um púlpito. Do seu lado esquerdo, havia uma senhora linda, de um olhar penetrante e do lado direito estava a minha querida amiga.

Em frente a eles, algumas pessoas que já tinha visto em alguma ocasião. Alegrei-me ao ver o João Paulo conversando com Chiara, sorrindo, felizes.

Todos estavam ajudando aquele Senhor barbudo a decidir o futuro da garota que perdeu o assovio. Ela não queria voltar, estava bem ali, já havia vivido momentos difíceis na terra e achava que já era hora de voltar para casa. Mas, o apelo popular terreno, colocava – O justamente em dúvida se essa era a medida correta.

Havia também a mãe da minha querida amiga. Ela já havia investido toda a sua vida cuidando da menina que perdeu o assovio. Tinha deixado tudo, se anulado completamente para poder estar sempre disponível aos “previstos imprevistos” que a situação apresentava. Essa estratégia fez com que ela deixasse de se olhar no espelho, como a princesa, e isso transferiu todo o sentido da vida da mãe da minha amiga, para a filha dela.

O que seria melhor? O conselho estava tentando descobrir…
A minha vontade de optar, de ajudar, era vã. Sentia uma dor, cruel, por não poder fazer nada, só assistir, talvez ajudar a clamar pela volta da menina que perdeu o assovio, mas a decisão não era minha.

Caminhando pela longa sala, senti que alguém me tocava.

Acordei assustado e sorri para a enfermeira. Estava lá novamente, sentado na cadeira diante do corpo adormecido da menina que perdeu o sorriso.
Não sabia o que dizer, nem o que pedir, mas antes de sair disse internamente: OBRIGADO.

Em homenagem a Paulinha Bichara, que acabou de partir para o Paraíso. Paulinha tinha 17 anos e morava em Frutal, há dois anos estava em São Paulo, na fila de espera para o transplante de pulmão que possivelmente curaria a sua fibrose sística. Paulinha se foi e com ela muitos corações. Fica a alegria de poder tê-la conhecido e saboreado tanta vida, tanta alegria, tanta coragem.

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A menina que perdeu o assovio

Para sempre Paulinha – Revista Cidade Nova – outubro de 2008

A palavra que transforma – by Paulinha Bichara

Poesia – prece

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Paulinha não é só motivo de sorrisos,
É certeza que, diante de tanta dor,
Está assegurado o Paraíso.

Paulinha não é só motivo de risada,
É certeza que, diante dos limites físicos.
Existe uma alma encantada.

Paula é muita vida,
Que a alegria esconde a doença dolorida
e até tem gente que duvida.

Paula não se contenta de amar “em partes”
é sustento pros amigos, para família…
E tudo é um grande milagre.

Agora a Paulinha vive mais um momento difícil
Mas quem mais sofre é a mãe heroína
Por ver partindo a sua tão linda menina,
que acaba esquecendo que existe Alguém de olho em tudo
Capaz de abrir mesmo os semblantes mais diminutos.

Porém eu conheço a Paulinha e sei do amor divino,
Que não deixa só, pois o Pai já foi Menino.
E assim enquanto dolorosamente a gente oferece
Ele vai, aos poucos, ouvindo essa poesia-prece.

Homenagem aos noivos Aline e Renato | Valter Hugo Muniz

Aline e Renato

Aline e Renato

Pensando a respeito do amor e como ele é diretamente proporcional ao empenho de doá-lo às pessoas, concluímos que a vida deve ser feita, muito mais de grandes convicções, do que de pequenas incertezas.

Nenhum amor humano, por mais forte que seja, sobrevive, sem um Ideal, que os seres humanos traduziram com a palavra Deus.

É esse Ser quem assume para si a vulnerabilidade dos sentimentos humanos, divinificando-os, porque que Nele tudo crê, tudo espera e quando, por acaso, se erra, recomeça.

Não segue as aspirações do “amor de filme”, mas é mergulhado em uma realidade que não teme a exposição completa, nem o perder e tudo isso dá um profundo sentido ao sofrer.

E assim, não importa os acertos, as vitórias, também às derrotas, mas o que vale é “jogar juntos”, o dividir as glórias, as perdas.

Escolher viver com alguém não é um tentar ser feliz, por dar-se conta da incapacidade pessoal de gerar esse sentimento sozinho, mas é assumir uma Escolha que implica um chamado, uma resposta.

Sim! Aceito!

Aceito sofrer contigo
Aceito ser também amigo
Aceito amar por primeiro
Aceito ser seu companheiro
Aceito até o que me repudia
Aceito construir o Céu aqui, dia após dia.

Na lógica divina casar não é a soma das partes, mas dos inteiros. Duas pessoas capazes de amar sem necessariamente precisar retorno, cuidando e sendo cuidado.

Nós familiares, mas acreditamos que também os amigos, (do Movimento dos Focolares, da TV Cultura, do Trabalho, que vieram de longe, Minas, Ribeirão Preto, São José, enfim, todos) torcemos para que essa nova família seja repleta desse amor divino, que vos sustentará.

Estaremos rezando, oferecendo e vibrando pela felicidade dos dois, juntos, para que tenham também a coragem de superar as dificuldades e desafios que uma família exige.

Mas, claro, estamos aqui para testemunhar tudo e não só pelo brinde que nos espera no final dessa celebração! Tudo isso, para que vocês nunca se esqueçam, que não estarão em nenhum momento sozinhos.

Grande e forte abraço!

Amamos vocês

Sua Família

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