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Último Vôo

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Mamãe me ensinou a assoviar melodias celestes,
Fez do meu bater de asas, modelo para qualquer espécie.
Agora mamãe vai levantando vôo.
Pra que eu possa finalmente começar tudo de novo.

Mamãe me ajudou a reconhecer a dor
E me ajudou a perceber a profundidade do amor
Agora mamãe vai voando pelo Céu.
E fica pra mim a alegria de não ter sido criado ao léu.

Mamãe pode ir, mas sua presença não passa.
Permaneço alegre por saber que esse é um momento de Graças.
Mande meu abraço pro Papai do Céu.

Mamãe pode ir, o seu legado já é desses seus filhos.
Faremos do nosso canto, um modo de conservar todo o seu brilho.
Mande o nosso abraço pro Papai do Céu.

Poesia escrita como agradecimento à fundadora do Mov. do Focolares, Chiara Lubich, a quem muito devo a minha vida. Graças à ela, há mais de 25 anos atrás, meus pais se conheceram e assim deram início a minha existência. Por mais de 60 anos dedicando-se à construção de um mundo mais fraterno, tendo como foco a Unidade entre os povos, Chiara levou a presença de Deus em todos os cantos da terra, dando início a uma nova cultura de partilha e amor mútuo. Ontem, dia 12 de Março, Chiara Lubich foi para a sua casa, nas redondezas de Roma, na Itália, para viver, juntos aos Co-Fundadores dos Focolares, seus últimos momentos de vida, testemunho claro de que cada passo deve ser feito em comunhão, do primeiro “bater de asas”´ao “último Vôo”.

A menina que perdeu o assovio

Era uma vez a menina que vinha da terra do pão de queijo. Na sua cidade ela era conhecida por ser a menina do assovio.

Quando foi descoberta, tinha quatro ou cinco anos, em uma das festas da quermesse em que a banda mais famosa da região tocava músicas típicas.

Durante a apresentação de um dos maiores sucessos do conjunto, a menina se desvencilhou de sua mãe, correu pro microfone e assoviou a mais doce melodia que o povoado havia sentido. Todos ficaram maravilhados com a capacidade da menina, tão nova, ninguém assoviava como ela.

Passou sua infância sendo convidada para acompanhar os mais variados grupos cover, típicos da terra do pão de queijo, até Rock ela assoviou. Era realmente muito boa. Porém, um dia ela acordou cansada, deveria fazer uma participação especial no aniversário da cidade, assoviando diante do prefeito e o delegado, além de todos os amigos da escola e familiares.

A música começou lenta e na hora em que a menina deveria assoviar o som saiu fraco, destoado com a música. Ela tentou uma, duas, mas na quinta vez desistiu e correu chorando.

Depois de alguns meses foi descoberto que a menina ia perder o assovio. Aquilo foi um choque pra menina. Era aquilo que a fazia mais feliz, aquilo que a tornava especial diante de todos os habitantes da terra do pão de queijo.

Passou semanas em casa, trancada no quarto chorando. Culpava Deus de tamanha injustiça, até que a sua querida avó, talvez a pessoa que a menina mais gostava, bateu na porta e pediu pra entrar pra conversar com ela.

A avó, sempre doce, paciente, começou a dizer pra menina todas as coisas boas que aconteceram na vida dela depois que ela havia descoberto que sabia assoviar como ninguém. Que tinha se tornado famosa, que era querida por todos, mas que aquilo era um Dom de Deus. Que da mesma forma que ele havia dado, tinha o direito de tirar e dar a outras pessoas. Desta forma, a menina deveria agradecê-Lo por ter sido agraciada com aquele Dom, por tanto tempo.

Depois daquela conversa a menina saiu do quarto. Tinha redescoberto o sentido da vida, mas mais que tudo, tinha entendido que as graças são passageiras, mas a felicidade em vive-las servia de força para o momento em que elas se fossem.

Correu para a igrejinha que ficava perto da sua casa e agradeceu a Jesus por tudo, por ter sido presenteada e que agora queria continuar vivendo e procurando oferecer cada passo, cada momento, como agradecimento por ter uma família tão maravilhosa, por morar em um lugar tão gostoso e ter tantos amigos.

Assim ela voltou a viver normalmente, a ir pra escola, estudar muito, porque queria fazer medicina, querendo provavelmente descobrir uma cura para recuperar o assovio.

Até que um dia, em uma festa, em meados de fevereiro, começou a dançar. Não parava nenhum momento, estava com seus grandes amigos, era um momento muito feliz. Depois conversaram, riram, comeram juntos e ela descobriu outro jeito gostoso de ser feliz: Ter amigos e curti-los.

Aquela foi uma grande descoberta e desde então ela nunca mais pensou no assovio, deixou-se levar, deixou Jesus fazer essa surpresa e um dia ela veio, mas é uma outra história.

Outros textos

Um ano em que a Menina que perdeu o assovio encontrou com Deus

Saudades da Menina que perdeu o assovio

O encontro do Pequeno – alegria com a Menina que perdeu o assovio

O dia em que a menina que perdeu o assovio se foi

O último encontro com a menina que perdeu o assovio

A menina que perdeu o assovio

Para sempre Paulinha – Revista Cidade Nova – outubro de 2008

A palavra que transforma – by Paulinha Bichara

Santa Viagem

Discovery Feb. 24, 2011

Acabou a alegria.
Aquelas risadas exageradas de tirar o fôlego.
Aí deitei-me novamente na cama,
E comecei a chorar tudo de novo.

E das lágrimas ensangüentadas,
Da vergonha de mais uma derrota humilhante,
Abaixo a cabeça desolado,
Procurando entender a dor daquele instante.

Momento que por não se tratar de felicidade
Parece tardar horas intermináveis
E quando percebo que é isso que me faz crescer
Os sofrimentos passam a ser mensuráveis

Como é grande também a vontade de continuar vivendo
Percorrendo o Caminho mesmo com minha inerte coragem
Mas continuo perseverante, esperançoso.
Que tudo são degraus aparentemente inalcançáveis.
Nessa árdua e desafiante Santa Viagem.

Poesia oferecida para mãe e avó do César Marcon e em homenagem a irmã do Alonso

O urso polar

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Era uma vez um grande e forte urso polar, que vivia nas montanhas gélidas do norte da Alemanha. O animal havia perdido logo cedo o pai, mas o amor materno o fez crescer saudável e feliz.

Durante a sua vida, esteve sempre próximo dos animais da sua espécie e também nunca dispensou os longos períodos de hibernação, onde ele usava para olhar para si mesmo, repensar planos e descansar a alma.

Mas um dia, o urso acordou e não encontrou sua família. Estava em um imenso iceberg sozinho e mais que isso, com o derretimento das calotas polares, ele havia diminuído de tamanho e agora vagueava pelo Mar Báltico de maneira perigosa.

Visando o seu fim e triste por estar sozinho, o urso se lembrou da alegria vivida no verão anterior. As brincadeiras com os outros ursos, o carinho da sua família, tudo tinha sido muito especial para ele e havia permitido descobrir a importância da vida e de acreditar que tudo faz mesmo parte de um complexo plano, com caminhos sinuosos, mas que até então o haviam levado a mais plena felicidade.Lembrar disso ajudou o urso polar a recobrar a PAZ e o deixou cochilar.

Depois de algumas horas, o grande iceberg se chocou com a praia e ele pôde finalmente voltar a casa. Chegando lá encontrou todos os seus amigos e parentes ansiosos por notícias e se alegram ao ver que o urso, estava são e salvo e Feliz.

História em homenagem ao César Marcon, grande irmão, que hoje completa mais um ano de sua vida!!

Meu Rio

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Disseram-me que do Leme ao Pontal seriam quilômetros sem fim
E sinceramente eu não acreditei que era tão longe assim.
Disseram-me que a subida do Corcovado de bicicleta, para ver o Cristo, era íngreme, cansativa. E depois dela não me lembro se pedalei tanto em minha curta vida.

Disseram-me que Ipanema e o Leblon eram praias lindas, como a catedral e os Arcos da Lapa,
Mas me dei conta de tudo isso, somente depois de vislumbrar bem do alto, o que antes só tinha visto no mapa.

A Orla da Bahia de Guanabara, o Aterro do Flamengo e a Enseada do Botafogo me impressionaram, como quando observei que são os prédios que escondem o morro.
E no Leme, Copacabana, Arpoador, conheci praias extremamente visitadas o que me causou certo frisson.

Porém, o paraíso estava depois de São Conrado, da Barra e se chama Recreio,
Pois ali vi que meu conceito de praia era antes um completo devaneio.
E mesmo agora, nessa tentativa de descrição – poema, sem sequer uma simples melodia,
Vejo que o Rio é feito de canção, de “alguma coisa” que “acontece no meu coração”.

Jacarepaguá é mesmo longe pra caramba!
Do Leme ao Pontal não tem nada igual.
Daqui pro Méier vão tantos ônibus lotados quantos os que partem para Irajá.
O xodó do povo é o Rio.
Decidi que se alguém quer matar-me de amor, que me mate no Estácio.
E depois de mergulhar na alma Carioca,
E mesmo não conhecendo a Mangueira e subindo no Pão de Açúcar.
Sinto iminente a dor de quem chorou na volta.

Viva o Rio!

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