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Brilho nos olhos

Brilho nos olhos

“Posso te fazer uma pergunta pessoal?” Indagou-me uma senhora do Jardim de infância frequentado pela Tainá, nossa primogênita. “Sim, claro”, respondi já surpreso com a ousadia rara de vivenciar aqui na Suíça.

“Você acredita em Deus?”perguntou ela em alemão. “Como?”respondi surpreso. Ela repetiu em espanhol, o que confirmou que eu a havia entendido. “Sim”, respondi tranquilamente. “Eu sabia! Dá para ver no brilho dos seus olhos”, disse ela.

Desde que cheguei na Europa, tento não só preservar, mas também cultivar a fé-encontro, que experimentava cotidianamente no Brasil. Diante da ausência de coisas, comum na minha terra natal, o “ser“ de cada um parece mais acessível. E na beleza dos sonhos, contradições e necessidades do outro é que a vida se revela em toda sua plenitude. O tal “brilho nos olhos”, para mim, é fruto de uma busca constante em dar significado à vida, indo além da minha própria existência. É descobrir o amor em mim, para mim e pelos outros.

Esse Amor que preenche e dá sentido a quem eu sou, nasce do encontro com Jesus (ou “algo maior”) a quem eu procuro fazer espaço para que Ele faça parte do meu dia-a-dia.

É bom demais perceber que, de alguma forma, esse Amor ainda transborda e consegue tocar o coração de pessoas que nem me conhecem. Com o passar do tempo e vivendo em um país em que os bens materiais parecem ocupar o espaço dos relacionamentos, eu achava que esse brilho já tinha se apagado. Que alívio!

Otto luminoso rastro

Rastro infinito.

Ao me tornar pai
descobri um Amor que toca o infinito.
Um sentimento tão genuíno, divino,
que dá sentido aos caminhos tortuosos percorridos anteriormente.
Sempre que um filho é gerado,
uma faísca de Amor transcendente ilumina o nosso céu,
deixando um rastro luminoso, inesquecível.
Aceitamos acompanhar a sua trajetória, como a nossa, passageira.
E juntos, não importa o quanto tempo,
experimentarmos a presença Deus e o significado desse Amor.
Com o Otto foi assim, ele me deu Deus, na oração, no cotidiano oferecer.
Otto, oito, infinito.
Luminoso rastro deixará

Poesia escrita para o pequeno Otto. Filho de um casal amigo, o menino teve uma breve mais marcante passagem terrena, levando Deus e a oração para todos os cantos do mundo.

amem-se

Amem-se

Partiu para o Paraíso um dos pilares mais importantes da minha história. E é impossível não olhar para traz com lágrimas nos olhos, admiração e profunda gratidão pelos momentos que, por intercessão dela, eu pude viver!

O seu amor “direto e reto”, o senso de justiça fruto do seu suor e lágrimas moldaram a imagem que construí dela. Uma mulher forte, concreta e imensamente enraizada na Fé de que Deus é Amor. Até o fim.

Nos últimos anos nossos encontros foram raros, mas simples e profundos. Em sua última mensagem para mim, o Deus que ela tanto amava está vivamente presente, abençoando a minha família, com alegria profunda.

É assim que vamos permanecer sempre unidos ! No imenso amor a Deus. No desejo de sermos agentes ativos de uma nova humanidade. Na certeza de que quando nos amamos, dinificamos o nosso agir e transformamos o mundo. Começando pela nossa família e pela comunidade em que vivemos.

Amem-se.

O jovem e Deus

Deus é Jovem

Quais são as características que nunca devem faltar em um jovem? “Entusiasmo e alegria. E a partir disso se pode começar a falar de outra característica que não deve faltar: o senso de humor. Para poder respirar, é fundamental o senso de humor, que está ligado à capacidade de se alegrar, de se entusiasmar”.

Essa é uma das passagens conclusivas do livro-entrevista « Deus é Jovem », assinado pelo Papa Francisco. No diálogo com Thomas Leoncini, Francisco dirige-se não apenas aos jovens do mundo inteiro, dentro e fora da Igreja, como também a todos os adultos que por esta ou aquela razão são detentores de um papel educativo e de orientação no seio da família, nas paróquias e nas dioceses, na escola, no mundo do emprego, no associativismo e nas mais diversas instituições.

A esperança deve passar necessariamente pela fé em Deus? “Não necessariamente (…) Basta que exista uma pessoa boa para existir esperança (…) Os muros são colocados por terra com o diálogo e o amor. Se você está falando com alguém, fala de cima do muro. Então você falará mais alto, e aquele que está do outro lado do muro vai ouvir melhor e poderá lhe responder. Se você faz o bem, não tenha medo de gritar”.

Difícil não se encantar com as muitas passagens inspiradoras desse diálogo que revelam um pouco mais desse homem tão admirado. A simplicidade do discurso, as escolhas intelectuais, mas acima de tudo a humanização da Fé, faz de Francisco mensageiro de um cristianismo realmente universal. Sem fugir das perguntas, dos exemplos pessoais e de uma análise realista da sociedade em que vivemos, o Papa acredita que esperança no futuro está no encontro entre jovens e velhos. Na relação entre o entusiasmo original e liberdade adquirida pelas experiências vividas.

Carta aberta aos jovens participantes do Genfest 2018

Queridos jovens,

Muitos de vocês já devem estar a caminho ou até já chegaram nas Filipinas para mais um Genfest. Essa grande festa dos jovens do Movimentos dos Focolares é historicamente um dos momentos mais celebrados e globalmente vividos pelos membros da Obra de Maria. Ainda mais este Genfest, o primeiro fora do continente europeu.

Eu, como vocês, me considero membro da “Geração Nova” mesmo se o tempo e as experiências que vivi (e os cabelos brancos acumulados no processo), já não me permitam dizer que sou tão jovem.

Entretanto, eu também tive o privilégio de viver essa experiência de doação permanente que vocês são convidados. Pude me maravilhar com as alegrias que as escolhas relacionadas à pureza, ao desapego, à abertura e principalmente à radicalidade nos faz sentir. Tive crises de fé, decepções com Focolarinos (lembrem-se de que eles são seres humanos), sofri com a rigidez da estrutura da Obra e não poucas vezes me perguntei se a o Movimento era mesmo o meu lugar.

O mais interessante é que tudo isso, sentimentos bons e ruins, e até mesmos os relacionamentos, passaram ao longo do tempo. A única coisa que ficou e que está viva em mim até hoje é a certeza de que não posso me contentar com migalhas, porque tenho uma vida só e que por consequência, preciso vivê-la bem.

Nos próximos dias vocês experimentarão na própria pele a certeza de que um mundo unido é possível. Encontrarão gente de todas as partes do planeta, farão novos amigos e perceberão que tem muita gente que acredita nessa “loucura da unidade” e que vive intensamente para concretizá-la no dia-a-dia. O risco, porém, é vocês não conseguirem construir uma ponte entre o que vão viver e o contexto onde vocês estão inseridos. O entusiasmo dessa experiência talvez faça com que não queiram voltar para o difícil mundo onde a unidade, a paz e as pontes ainda precisam de vocês para construí-las.

Vivam intensamente cada segundo dessa experiência para que fique uma marca em suas almas. Lá na frente, talvez vocês vão perceber que esses momentos de grande entusiamo nos ajudam a continuar fazendo as escolhas, as renúncias e os sacrifícios certos.

Com vocês, revivo as minhas esperanças de que juntos podemos escrever uma nova história e honrar o convite à unidade que herdamos de Chiara Lubich. Boa Festa

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