Category: Sentimento em palavras Page 52 of 61

Receita do dia: Poesia

Poesia

1º- Pare de fazer as coisas osmoticamente, observe com destreza as belezas e a singularidade de cada coisa;

2º- Esteja alguns minutos sozinho, para refletir sobre a vida, as pessoas e tudo aquilo que tem vivido durante o tempo que se passou até então;

3º- Leia algo inspirador… poesias, músicas, romances, que possam mimetizar seus objetivos;

4º- Esteja em um lugar silencioso, barulhento, sozinho, acompanhado e escreva tudo aquilo que sente, sem se preocupar com concordâncias, coerências…

5º- Construa um texto procurando distanciar-se, traduzindo personalismos, para poder compartilhar e oferecer o que foi produzido às pessoas que estão ao seu lado;

Nutro-me de tudo aquilo que serve de inspiração: conversas, pensamentos, sentimentos e estoco tudo dentro de mim. Externar em poesia esses sentimentos, experiências, sonhos e o que eu considero devaneio, é o modo que encontrei de doar um pouco daquilo que tenho procurado fazer, os passos que aprendi na Grande Festa, ainda com modesta cadência, mas sempre seguros.

Transformar a vida em palavras é um exercício cotidiano, um desvendar-se, descobrir-se e perceber, mais que tudo, que vivemos experiências parecidas, que estamos realmente “no mesmo barco”, mas que, se sabemos aproveitar, podemos remá-lo juntos.

Silenzio

Silenzio

Non sento nemmeno i rumori

dei clacson fuori casa.

Oppure le gocce

che cadono e scorrono nel lavabo.

Guardo su e negli angoli della mia stanza,

ci sono quelle ragnatele

rimaste dall’imprevidenza colpevole

della signora della pulizia.

Cerco di concentrarmi respirando

e ogni tanto soffiando quell’aria che soffoca.

Alla fine mi fermo ad aspettarLo.

È già venuta la zia andicappata, il povero,

ma Lui non è ancora apparso.

Ma viene?

L’aspetto ancora un po’,

nel silenzio.

Redenção

Redencao

Não se renda, para que eu não me renda.

Quando acordo com aquele sentimento de vazio,

Ou o desespero gotejante das tristezas

que parecem me consumir em doses homeopáticas,

Quando perco a fé ou, para os leigos,

a certeza de que as coisas não acontecem por acaso.

Ou mergulho introspectivamente em mim,

para achar respostas inexistentes.

Eu me rendo.

Não se renda, para que eu não me renda.

Diante dos males de hoje,

em que somos levados a perder as esperanças.

Ou quando o ódio se instala no meu coração,

como neblina a cegar-me os bons sentimentos,

que fazem com que as pessoas se aproximem de mim.

Quando não sou “homem novo”,

não me entrego completamente aos relacionamentos experiências,

por medo ou covardia.

Eu me rendo.

Viver a minha vida, ser feliz individualmente tem seu mérito,

mas é esse o ponto de chegada?

Ser uma pessoa considerada relativamente boa, honesta, morrer e fim?

Tenho me perguntado muito sobre esse fim,

se tenho vivido suficientemente bem, aproveitado cada momento,

para o caso de a vida chegar ao seu vértice.

Tenho vislumbrado a redenção em tantas coisas,

prazeres vãos, fraquezas, medos, angústias,

deixando de observar o desenho das nuvens, o brilho das estrelas,

a beleza dos sorrisos.

E é por isso lhe digo:

Não se renda, para que eu não me renda.

Estamos juntos!

Indeciso

Indeciso

É não saber se digo sim, por não querer dizer não,

Começar, se ainda não consegui terminar,

Indecisão é planar, sem saber se a hora é mesmo de atacar.

Esperar.

É não saber se digo não, por não querer dizer sim,

Terminar, se ainda não hora de começar,

Indecisão é atacar, sem saber se o melhor agora é observar.

Transformar.

Indecisão

Indecisão

Bom, não sei, não lembro, não quero, não vejo e por isso vivo.

É não saber se digo quero, por não dizer reluto,

“Cominar”, se ainda não hora de “termeçar”,

Fico indeciso quando escrevo, sem saber. Ouço sem escutar, tenho sem doar (TUDO).

Deixando de amar.

Neste dia

Neste dia

Quero ser feliz, amar e descobrir a graça de ser feliz, neste dia!

E não deixar pra depois entender que pra ser, preciso morrer.

Pra ter, tenho que, felizmente, perder.

Mas não é perder sonhos, coisas, pessoas, é perder-se.

Quero crescer, entender e descobrir a graça de não deixar de sorrir, hoje!

E não deixar para amanhã pra alegrar-me ao encostar a cabeça no travesseiro.

Perceber que nem segundo, nem terceiro, fui primeiro.

Mas não a receber, ganhar, mas primeiro a amar.

Hoje vou cantar, ouvir aquela canção preferida, rir com uma amiga querida.

Rir de mim mesmo, ver o quanto é bom ser bobo e chato de verdade.

Hoje, e não amanhã!

Hoje vou dançar, tentar passos de forró e sambar sem as pernas coordenar.

Rir de mim mesmo, e ver que meus defeitos ou qualidades importam,

pois explicitam minha singularidade.

Hoje, e não amanhã!

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