Category: Introspecções

chamam vida

Aquilo que eles chamam vida

Acordar cedo depois de ter dormido pouco.

A manhã de estudo me cansa e me faz questionar o porquê de ter que aprender coisas inúteis.

Como comida reaquecida no microondas. Alimento geneticamente modificado ou industrial. Pura química.

Corro para a escola, mas percorrendo as ruas da minha cidade vejo o grande “show”.

Dezenas de mendigos pelas calçadas pedindo dinheiro, crianças nos semáforos, pobres seminus deitados, bêbados e pessoas que viram as cabeças para o espetáculo do “cuspe social”.

Entendo que os europeus possam ser assim, pois para olhar o que existe no mundo é preciso abrir as janelas, mas aqui a miséria bate todos os dias nas nossas portas e a barulhenta campainha parece não incomodar os mais abastados.

Vejo-me imerso em um rio de indiferença e sinto o coração despedaçar-se… O que eu posso fazer??

Interrompo a reflexão para entrar na escola, cheia de jovens alienados, com suas roupas caras, celulares, todos vieram com os pais, que fazem de tudo para esconder deles o que acontece além dos muros de seus condomínios.

Passo toda a tarde estudando. Ouvindo os professores que fazem pequenas exibições, vomitando suas ideologias naqueles que serão o futuro intelectual do país. (E ainda não entendemos o porquê das coisas não mudarem nunca).

No final do dia volto pra casa, correndo, porque não é mais seguro caminhar quando o sol se põe. A criminalidade é um reflexo do nosso Sistema.

Chego em casa cansado, ligo a TV e o que vejo?

Um canal que manipula os fatos e ilude as pessoas com as suas telenovelas feitas para elite, que apresenta um telejornal falso, infelizmente dono da Verdade.

Chega!! Quero dormir!!! É nesse momento que experimento a mais plena paz. Pego um livro e leio, converso com as minhas irmãs, minha mãe…

Fecho os olhos, esperançoso de que amanhã será melhor, mesmo que seja pura fantasia.

É isso que os Paulistanos chamam VIDA.

Minutando relacionamentos

Hoje, conversando com uma colega da faculdade, sobre os relacionamentos que construímos, fiz algumas reflexões pertinentes.Estudando as culturas de massa e principalmente o efeito que a pos – modernidade tem causado na sociedade, é perceptível a relação entre eles na condução do comportamento dos indivíduos.
Macluhan é um dos pensadores de comunicação que acredita no homem, que vê o surgimento do mundo pós-moderno de forma positiva, mas pouco realista.De acordo com Jair Ferreira dos Santos, o indivíduo contemporâneo é vazio, insatisfeito, acredito que essa seja uma releitura mais coerente, ao menos é o que tenho percebido nas pessoas a mim próximas.Destes questionamentos surgiu o neologismo minutar…Aquilo que as pessoas acabam vivendo. Uma busca por alegrias momentâneas, num determinado ambiente. Querem somente sentir-se acolhidas e amadas nos locais que freqüentam cotidianamente, mas tudo com o a mais perene superficialidade.Dei-me conta desta “problemática” quando observei o modo com que às pessoas se cumprimentam…

_Oi, Tudo bem?

Sem nem mesmo se preocuparem com a resposta. É já algo automático.

Os indivíduos não se interessam mais uns pelos outros, querem só minutar, estarem feliz de forma fragmentada, como é o indivíduo pós – moderno. Um conjunto de tudo, sem uma essência verdadeira.

É difícil acreditar que nada que construímos vale a pena. Antes é preciso quebrar esses paradigmas, ir contra esses limites que é a sociedade que depositou em nós e não algo que faz parte da nossa natureza.

Não podemos viver minutando a felicidade, pra não nos frustrarmos. Quanto mais o relacionamento permanece superficial, mas sentimos o vazio e a insatisfação.

Minutando, se vive de forma concreta o contentamento descontente.

Espere o outono chegar: A importância de dar tempo ao outro

outono

Basta que se espere o outono chegar… pois, na primavera, enquanto a morte dá lugar à vida e as flores germinam, a natureza se prepara para mais um ciclo existencial.

Sucedendo o inverno, que contrai as células de cada ser vivo, potencializa-se a produção de energia, a aurora e o vento suave revigoram o ressurgir da flora.

Durante este período que as árvores geram flores e frutos, funde-se a ligação da haste das folhas ao caule. É a beleza resplandecente da criação que atinge o ápice e se prepara aos poucos para morrer.

Tentando arrancar as verdes folhas de uma árvore na primavera, será necessário certo esforço, mas esperando chegar o outono, onde as folhas secam e caem, ecoando uma renovação natural, pode-se poupar demasiado sofrimento.

Existem momentos, sobretudo nos relacionamentos que construímos, em que acabamos querendo arrancar do outro algo que ele ainda não está pronto para nos ceder.

A angústia causada pela incapacidade de esperar sufoca não somente quem quer tirar, mas principalmente àquele que é obrigado a dar. O segredo está em aguardar o outono chegar. Assim se respeita o tempo do outro até que o mesmo possa dar naturalmente o que é preciso, renovando o relacionamento.

Outono: 

n substantivo masculino
1 estação do ano que se situa entre o verão e o inverno [No hemisfério sul, inicia-se quando o Sol atinge o equinócio de março (21) e finda quando ele atinge o solstício de junho (20); no hemisfério norte, principia quando o Sol atinge o equinócio de setembro (22) e finaliza quando ele alcança o solstício de dezembro (20).]

Redescobrir o óbvio: a felicidade em perceber o valor da vida

Redescobrir

Uma alegria imensa tem invadido ultimamente o meu coração. Uma felicidade profunda por poder fazer parte deste Grande Jogo e ser mais uma peça que se deixa conduzir no Tabuleiro. Pode ser que eu esteja a redescobrir o óbvio. Mas, toda vez que tenho ido ao Seu encontro mesmo não estando fisicamente pleno, essa alegria parece querer transbordar. É nesses momentos que reencontro as minhas certezas, que se dissipam as complexidades que intermitentemente me atrapalham a viver amando.

Buscando uma resposta para todo esse bem estar descubro a morte… e morrer me faz feliz.

Às vezes me vejo tão apaixonado, querendo redescobrir a vida, que acredito que não vou viver muito. Vou morrer jovem. Nascemos para morrer. “Se alguém quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á. Pois de que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma” (Mateus, XVI; 24 a 26)

Intelectualmente, agora, entendo o porquê dessa Luz que não tem me deixado em nenhum momento.

Esse meu desejo de entregar tudo, o que tenho e o que sou, me sustenta, conduz.

Que eu morra sempre Senhor, em cada momento,
para que o meu olhar não se perca,
quando guiado pelo firmamento.

Comunicar, me doar, provocar | Sobre o início do escrevoLogoexisto

Comunicar“Comunicar é doar a si mesmo, é compartilhar aquilo que se é e o que se sabe, em prol do bem comum, da humanidade. Comunicar, me doar, provocar”.
(Do diário pessoal do autor)

Quando alguém procura pensar naquilo que almeja ser e principalmente quando isso não vem de forma natural, mas é exigido pelo tempo quase sempre inoportuno, muitas dúvidas, medos e angústias podem surgir.

No meu caso foi diferente, desde sempre fui um apaixonado por relacionamentos. Estar com as pessoas, ter muitos amigos, conversar, até por carta ou telefone, sempre foi algo que fiz. Relacionar-me incutiu aos poucos em mim a idéia da importância de comunicar bem, de ser claro, profundo, para poder compartilhar melhor aquilo que vivo e experimento.

Durante o Ensino Médio, essa certeza foi se concretizando pela aptidão natural pelas ciências humanas e assim o jornalismo começou a se desenhar na minha vida. Comecei a ler muito, me apaixonar não somente pelas histórias, mas sobretudo por como os autores conseguiam materializar em palavras, pensamentos, fatos e consequentemente criar um universo paralelo, cada vez mais fantástico e maravilhoso.

Para quê comunicar?

Tudo bem, era incrível, mas para que? Sempre tive grandes aspirações, ideais… Não conseguia ver um mundo tão desigual e não poder fazer nada. Queria de alguma forma fazer a minha parte, desenrolar o meu papel no Grande Jogo.

Percebendo os meus dons, acreditei que poderia usar a facilidade para me comunicar e assim, de alguma forma, realizar esses anseios pré – definidos.

Luís Fernando Veríssimo, Rubem Alves foram alguns dos nomes que me encantaram e fizeram com que eu tivesse a certeza de que escrever sobre o mundo é uma ação concreta, é um já e não agora para a melhoria da sociedade. Porém, foi Antônio Abujamra, o provocador, que mais me encantou. O seu questionar, comunicar o diferente, preocupar-se com o indivíduo, sem motes preconceituosos como o conceito de massa, me impulsionou a refletir, a procurar soluções, a olhar para mim mesmo e ver o que poderia fazer de forma concreta. Quis fazer igual.

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