Category: Introspecções Page 27 of 36

Nada passa

Nada passa

Cresci ouvindo que as coisas passam e quando crescemos os amigos vão embora. Diziam-me que os momentos gostosos se tornariam cada vez mais raros e a vida ficaria gradativamente mais chata.

Porém, o que tenho percebido e concluído com o passar dos anos, é que sim, as fases passam, acabam. Eu, por exemplo, não posso mais gozar do descompromisso e do baixo grau de responsabilidades de outrora, mas em relação às coisas mais prazerosas da minha vida: momentos de encontros e reencontros, conversas, café da manhã em família, futebol e a euforia ao conhecer alguém interessante, todas elas vão voltando em ciclos.

Dei alguns passeios pelo mundo, conheci pessoas, fiz experiências duras, fortes e profundas, mas ECCOMI (eis me aqui, em italiano) novamente, sentando escrevendo memórias, depois de um final de semana na casa do Bruno, de uma noite de conversas sobre o desenrolar irracional do meu relacionamento com ela, um café da manhã em família… Tudo como há nove anos atrás.

Os encontros com esses meus amigos de infância não têm sido raros este ano. Depois de um longo período onde ao menos um de nós estava em algum lugar distante, muitos foram os reencontros maravilhosos e que me deram a certeza de que as coisas construídas pelo amor, realmente não passam.

Engraçado é ver que também a felicidade é a mesma, que algumas dificuldades foram superadas, outras perduraram, mas o crescimento sempre veio acompanhado de novos desafios, obstáculos. E a vida, nunca deixou de ser esse grande e contínuo espiral.

Os anos passam (e talvez seja realmente o tempo a única coisa que concretamente passa e não volta), mudam-se as fases, perdem-se certezas, para construir outras, novas, mas fica sempre aquela incontrolável vontade de ser feliz e aproveitar cada segundo, dessa tão única oportunidade de dançar na festa que, infelizmente, tem hora indeterminada de acabar.

Bendita dor de barriga (Diário pessoal – 29/09/05)

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Hoje, enquanto voltava para casa, sentia uma tremenda dor de barriga, devido ao mal estar em que me encontrei esta manhã e que não me deixou colocar nem mesmo uma bala na boca. Porém, depois de todo o dia, indo em direção a minha casa, comecei a pensar no porquê daquela dor. Depois de alguns passos eu culpei o vazio que tinha na barriga. Como não havia comido nada é claro que o estômago estava nervoso.

Naqueles minutos, quase hora, eu refleti um pouco sobre o que seria o vazio… Claro que tenho que admitir que vivo uma fase extremamente filosófica, mas naquele momento eu entendi algumas coisas interessantes.

Antes de tudo pensei sobre qual seria o nosso conceito de vazio. Você já pensou no que consiste o vazio? Quando ás vezes, nos sentimos tristes e insatisfeitos sem um motivo claro, quando estamos em uma sala sem nenhum móvel, quando entramos em um elevador sem ninguém e também estamos sozinhos em casa… Certamente podemos dizer que estamos em situações da qual o vazio se apresenta claramente.

Mas não, o vazio não existe! Não serei prepotente ao ponto de afirmar que essa seria também uma conclusão científica, mas acredito realmente que o vazio não existe.

Pegando alguns exemplos que relacionei acima, podemos analisar-los, um a um. Quando nos sentimos tristes ou insatisfeitos, sem nenhum motivo aparente, nos vêm logo à vontade de dizer que nos sentimos vazios. Porém, não é a falta de algo/alguém que nos faz estar assim, mas o excesso de coisas que não nos fazem feliz.

Bom… pego outro exemplo, um pouco mais concreto, uma sala vazia ou mesmo o elevador. Certamente eles permanecerão assim somente se os observamos de fora, porém cientificamente sabe-se que no mundo existem coisas que estão presentes, mas que não podemos perceber com os nossos olhos. Os gases, as ondas, radiações, todas coisas que realmente existem e que não podemos distingui-las como matéria, mas que mesmo assim fazem parte do universo.

Enfim, se não existe o vazio como podemos dizer, de forma simples, estes sentimentos, internos e externos, que a vida nos faz viver?

O vazio é a oportunidade que aparece para preencher algo cheio de futilidades, com coisas melhores.

Voltando aos exemplos, pegamos outra vez o sentimento. O fato de estarmos cheios de coisas que não nos ajudam a sermos felizes é uma grande oportunidade de abrir-nos àquilo que realmente nos preenche de alegria, ou melhor, Felicidade. Uma sala “vazia” nos dá a possibilidade de colocar belos móveis que a deixará mais bonita e, sobretudo, estar sozinho pode ser um momento para fazer algo para alguém ou estar com um pouco consigo mesmo.

Bem, aqueles que chegaram até aqui certamente dirão que eu fiquei ou estou ficando louco, porém é legal ver que das pequenas dores (como uma simples dor de barriga) existem muitas oportunidades de entender tantas coisas, mas é preciso estar atento.

É importante aproveitar essas oportunidades que aparecem para estar em relacionamento profundo com nós mesmos. Não é fácil entender a dor, porém é ali que se escondem os segredos da verdadeira Felicidade.

Inevitável e opcional

Inevitável e opcional

Falar de dor é sempre um paradoxo dos tempos modernos, em uma sociedade hedonista ao ponto de rejeitar as alegrias que compreendê-la nos proporciona.

Nunca tive muito problema com a dor, sobretudo depois que percebi que é através dela que se cresce e não em decorrência de uma vida feliz, prazerosa e sem problemas. “Quando falta a dor, muitas vezes nos iludimos com o que é transitório”.

Porém, “é necessário que a dor não nos afogue a alma na amargura”, que não nos impossibilite ver as graças escondida nela.

A dor é mesmo inerente às nossas vontades, porém o sofrimento é opcional. Vivemos diariamente situações difíceis, revoltantes, às vezes bobas aos olhos dos outros, mas importantes para nós, e quase sempre nos mergulhamos nelas, deixando de olhar além “do muro”.

Sofrer é se render aos próprios limites, é não acreditar no Plano Celeste que envolve às nossas vidas, é não ter fé de que a dor, como a alegria, é uma nota musical na nossa particular melodia.

Podemos, mesmo nos momento interiores mais difíceis, viver a “Divina Comédia” de estar destruído por dentro e mesmo assim sermos capazes de sorrir, de transmitir a Felicidade que se esconde na falta de alegria, parâmetro superficial, pois não é porque não estamos alegres que não somos profundamente felizes.

Somente através da dor vivida é que podemos compartilhar a dor daqueles que estão a nossa volta, sem posturas assistencialistas ou piedosas, mas por estar sob a mesma “graça”, permanecer em um diálogo horizontal.

Em meio a tantas e complexas conclusões, uma só invade meu coração neste momento: A Dor tem uma função importantíssima, pois nos ajuda a nos manter no essencial e não nos contentarmos com o nosso próprio eu, indo além do nosso sofrimento pelo outros.

(aspas retirados do livro Meditações de Chiara Lubich)

Por que namorar?

Por que namorar

Saí do banho pensando se as pessoas realmente se perguntam o por que namorar, antes de começar um relacionamento desse gênero, ou simplesmente começam o namoro e vêem no que vai dar, depois.

Na semana passada, ouvi de uma amiga, lamentos “tenebrosos” sobre o seu namoro. Que estava ligeiramente arrependida por não corresponder as suas expectativas e ser algo demasiadamente empenhativo. Dizia que não precisava namorar para beijar alguém, estar juntos… e que namorando se privava de “ficar” com outras pessoas, de fazer o que quisesse sendo, no seu conceito, livre!

O modo como ela falava do seu namorado, com certo tom de escárnio me fez sentir mal, por me imaginar no lugar do garoto e um dia saber que a minha namorada estivesse dizendo aquelas coisas ao meu respeito à pessoas que nem sequer me conhecem.

Perguntei então a ela porque havia começado aquela experiência, se ficou claro que desde o início ela não estava disposta a viver o namoro com seriedade. O fato de ela não saber o que me responder me fez pensar o porquê namorar, porque eu comecei a viver uma experiência desse tipo.

Pensando na minha experiência, concluí que tudo gira em torno da exigência de construir a minha vida com alguém, dividir tudo, crescer junto. Sempre achei que assim a vida pareceria mais emocionante, verdadeira.

Por isso comecei a namorar, pra viver com ela e por ela e, logo pude descobrir a fantástica capacidade que possuímos de gerar felicidade, o quanto é bom fazer coisas aparentemente simples, dar uma flor, ligar (mesmo sem vontade), dar um abraço e receber em troca um sorriso.

Desde o início, até o fim, vivi, descobri e redescobri o quanto é gostoso estar com alguém e compartilhar as nossas vidas.

Namorar não é um contrato que assinamos com alguém que estará disponível 24 horas por dia para satisfazer nossas carências. É um pacto de amor recíproco, de estar pronto a amar, ao ponto de “dar a vida” (muitas vezes perdendo vontades) pelo outro.

Desse modo, acredito que seria mais raro encontrar pessoas arrependidas com uma experiência tão realizadora. Qualquer objetivo nobre nesse caso, qualquer escolha pessoal, é pessoal. O que nos faz estar com alguém é, essencialmente, a vontade de construir a vida juntos. E PONTO.

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