Category: Introspecções Page 26 of 36

Incertezas

Incertezas

Brinco com as minhas maiores incertezas, certo de que não é porque eu não entenda, não esteja provavelmente pronto, elas não tenham uma resposta verdadeira.

E fruto dessa ignorância, desses meus incontáveis limites, encontro a mais importante virtude do tal Novo Milênio: Paciência.

Ás vezes quero resoluções imediatas para os meus problemas, para os problemas dos outros, para os problemas do mundo. É muitas vezes massacrante estar sentado 8 horas em uma cadeira, discutindo política, economia, enquanto, do lado de fora da Redação, perco a conta dos tantos necessitados que precisariam de alguém que, ao menos, pudesse ouví-los, encorajá-los, e eu aqui.

Contudo, vejo que existem outros tipos de necessidades, menos gritantes como a falta de comida, de abrigo… a falta de Sentido para vida.

Assim, encontro sim sentido em todos os lugares em que as “situações” me colocam. Estou diante de pessoas que muitas vezes tem sim todas as condições de se desenvolverem humanamente e espiritualmente, porém, se apegam à coisas vãs.

Quase de improviso, lembro-me de uma conversa com um desses jovens franciscanos da Toca, em que deixei evidente o meu estupor e admiração pelo trabalho deles com os pobres e a tamanha frustração de fazer sempre pouco por eles… Então ele me mostrou justamente os diferentes tipos de pobreza e aquela, talvez mais grave, pobreza de espírito.

Entendi, desta forma, que procurar viver pacientemente cada momento, procurando dedicar tempo e atenção para quem está ao meu lado, é o melhor maneira de, aos poucos, ir clareando as incertezas.

Capacidade de sorrir

sorrir

Acredito que entre tantas capacidades que o mundo Capitalista nos obriga possuir, a mais importante delas é a capacidade de sorrir. Não que este ato seja uma espécie de reverência “auto-alienativa” perante aos problemas e conseqüências de uma cultura sanguessuga, mas por fé de que existem coisas que estão além do nosso Ser, humano.

Sorrir, diante dos mais mau humorados cidadãos, sendo eles chefes, motoristas de ônibus, donos de mercados, ou companheiros de viagens no metrô, trem, é, mais que tudo, ser um simples paradoxo na sociedade.

Entre tantas violências que enfrentamos durante o dia… visual, sonora, também o egoísmo, individualismo, hedonismo, tudo isso deve ser burlado pela nossa capacidade de sorrir.

Esse singelo ato transforma ambientes, nos transforma e ajuda a manter-mo-nos perseverantes na busca de um mundo “vivível”, não isento de problemas ou dificuldades, mas suficientemente arrendado para que possamos buscar as respostas emancipatórias juntos.

Sorrir é o primeiro passo para não nos contentarmos com a nossa omissão irresponsável e aos poucos, irmos descobrindo que só o nosso protagonismo pode transformar as pessoas que estão à nossa volta, ou seja, uma pequena parcela do mundo.

Pensamento idiota

Pensamento idiota

Fiquei pensando, em uma das minhas estúpidas reflexões, no quanto, tantas vezes, vivemos a vida de forma medíocre, nos contentando com o que temos, em vez de buscar o máximo.

O que nos é apresentado, sistematicamente, gira em torno de oportunidades sempre escassas de convivência profunda, troca de valores. A vida, especialmente nas grandes metrópoles, nos faz mergulhar (sem máscara de oxigênio) em um vasto oceano de superficialidades.

Os impulsos frenéticos que atingem as nossas vidas nos auxiliam na contínua perda de paradigmas e nos confunde nas escolhas das prioridades, oferecendo um tudo, cada vez mais vazio em si mesmo. Assim, não é difícil a vida perder o sentido, não é anormal o sentimento constante de infelicidade e a sensação de que dentro, falta alguma coisa.

Vivendo essas realidades de forma constante, tenho redescoberto essa resposta nas pessoas, nos relacionamentos. Calcar meus passos sem mergulhar profundamente na minha realidade, nos indivíduos que as situações colocam na minha frente, tiram qualquer espécie de sentido que possa dar a minha existência.

É imprescindível estar “de corpo e alma” com as pessoas que estão ao nosso lado, para construirmos relacionamentos verdadeiros, ao ponto de ter certeza de que dar a vida por eles é uma evidência e não uma “frase pronta”.

Pode ser que para a maioria isso pouco importa, mas achei importante, para provocar quem lê, chamar esse profundo questionamento, de Pensamento Idiota.

Reformulando paradigmas

paradigmas

Estou reformulando conceitos básicos em que estão consolidados meus paradigmas.

Desde muito pequeno foram me dadas concepções de amor, amizade, família, casamento, pais, Deus e a estabilidade de tudo isso só começou a ser afetada no advento da minha juventude, ou para meus pais: na “aborrecência”.

Só ali percebi que a nossa humanidade ultrapassa nomenclaturas, muitas vezes inertes se não são relacionadas às pessoas, seres humanos que, independente da idade, estão percorrendo um caminho tão árduo como o nosso, vivendo crises, superando traumas, procurando ser finalmente FELIZ.

Questionar-me sobre isso me faz quase sempre perder as minhas famosas RESPOSTAS PRONTAS, derrubar estamentos baseados em uma tradição que às vezes gira em si mesma. Viver o outro, com o outro, não é matemático, mesmo parecendo muitas vezes lógico.

Dentro desse universo de dúvidas e questionamentos consigo tirar poucas conclusões que não sejam orientações simples de qual caminho devo seguir.

Entendi o quanto é importante respeitar os nossos limites.. humanos, físicos, psíquicos. Os nossos passos devem ser meticulosamente medidos em momentos difíceis, para não nos violentarmos.

Depois o viver juntos… Isso é a premissa das premissas. Não dá para estar com alguém que se esconde, que não se doa por completo. Conquistar esse mútuo “acolher e CO-VIVER” precisa ser o foco (sem pressa) na construção de relacionamentos. Não dá para viver se enganando.

Reformular paradigmas tem me ajudado a perceber a dinâmica da vida, a importância de não dar por descontado nada, de amar hoje, acompanhando as mudanças e exigências atualizadas de quem está ao meu lado.

“Eu não disse que seria fácil, mas que valeria a pena” (Chiara Lubich)

Neo-liberdade

Neo-liberdade

Nasci em um mundo feito de paradoxos delineáveis em que jovens como eu, como você, procuramos TODOS uma coisa em comum: A Felicidade. Ser feliz é uma busca que nós faz sermos realmente iguais. São somente os conceitos de felicidade e os diferentes modos de alcançá-la que nos diferencia.

Desde que comecei a “andar com as minhas pernas”, tomando minhas decisões de forma consciente, tenho percebido diferentes buscas, algumas padronizadas, outras ainda ocultas. A liberdade de escolher o que quisermos me deu sempre a certeza de que a minha vida é aquele papel em branco em que tenho os lápis de cor para colori-lo do modo que eu mesmo entender. Porém o conceito contemporâneo desse “ser livre” vem sendo deturpado através de uma singela escravidão de si mesmo, baseada em satisfações pessoais, proposta pelo mundo Capitalista e enaltecida pelos meios de comunicação.

Vendo meus colegas, observando essa busca desenfreada por uma felicidade individualista, egoísta e, sobretudo, percebendo rostos cada vez menos sorridentes, jovens cada vez menos resolvidos com si mesmos e mais preocupados com o que “os outros” vão achar, comecei a me questionar sobre essa tal liberdade.

Assim passei a entender que sozinhos jamais seremos capazes de nos libertar radicalmente dessa escravidão e que liberdade “não significa tanto a possibilidade de escolher entre o bem e o mal”, pois esses têm se tornado conceitos cada vez mais relativos na nossa sociedade, mas é algo que nos leva a um contínuo caminhar rumo ao bem.

A partir disso, vi que para sentir profundamente a liberdade é preciso amar, pois aquilo que nos torna mais escravos é o nosso eu. Ao passo que, pensando sempre no outro, ou naquilo que o nosso coração ou a consciência nos diz profundamente, não pensamos em nós e somos livres de nós mesmos.

Fomos chamados para a liberdade, mas quase sempre essa liberdade se realiza quando fazemos algo para quem está ao nosso lado. Esse é o paradoxo do amor: somos livres quando por amor nos colocamos a serviço dos outros; quando, contrariando os impulsos egoístas, nos esquecemos de nós mesmos e estamos atentos às necessidades dos outros. Esse amar muitas vezes é perder, perder-se, pela felicidade do outro, que em contrapartida, nos presenteia muitas vezes com sorrisos que justificam a nossa existência.

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