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Viver um falsa felicidade

ser-o-que-nao-soua

(escrito em 2004)

Um dia me questionaram sobre a felicidade… se era realmente feliz.
Claro que não levei muito a sério, pois como todos, nunca presto atenção nesses besteirols de teorias filosóficas.

Uma noite, não me lembro bem quando, dormi. Quando acordei estava em frente a uma grande escadaria e vi que em cada degrau havia uma figura que não conseguia dicernir à distância.

Quando pisei no primeiro, como num redemoinho, fui transportado para um momento em particular que havia vivido há muito tempo atrás, porém agora era somente espectador.

O engraçado é que foi num dia em que um amigo bateu na minha porta, pedindo uma ajuda com algumas mudanças e eu, fingindo estar cansado o dispensei.

Acima deste estava o dia da minha formatura da faculdade, a mesma que havia pagado para não fazer o burocrático exame de vestibular e que pra estar lá naquele momento, também paguei ( e muito bem ) os professores e o Reitor.

Uns degrais sobre esses, o dia em que tapeei um colega de trabalho para posteriormente subir de cargo e depois que isso ocorreu, pude disfrutar de uma vida MARAVILHOSA.

A cada degrau a mais que subia, via o quanto tinha feito muitas coisas para o meu próprio benefício e ao mesmo tempo, a minha tamanha indiferença com as pessoas ao meu redor.

Contudo… Quando pisei no último degrau, percebi que aquela cena era bem recente, lembrava bem dela, talvez porque tenha acontecido antes de eu dormir.

Numa grande festa com meus amigos…
Acho que num bar… Isso… Num Bar…
Combinamos todos de levarmos algo para beber e havia uma grande mesa na entrada para deixarmos essas bebidas. Logicamente, escondi as que mais me apreciavam para poder disfrutar sozinho das mesmas.

Bebi com prazer e satisfação escondido, rindo, pois os outros não tinham nada além de uma cervejinha. Na volta pra casa, de carro, estava visivelmente alterado, fazendo loucuras, até…

… Caramba!!!! Morri… Estou morto!!!

No final da escadaria havia um senhor alto, barbudo e muito receptivo…
Quando alcancei-o, quase que subitamente ele me perguntou… Você é FELIZ???

Logo de cara pensei em dizer sim, porque vi aquilo que havia conquistado… Carros, casa, faculdade pública, trabalho… Tudo com muita esperteza. Mas… antes que eu desse a minha resposta, fui surpreendido com mais duas perguntas.

Quantos relacionamentos verdadeiramente profundos você construiu durante a sua vida ??? Você disse há alguém que a amava???
Fiquei mudo…

Percebi que vivi uma vida correndo atrás de todas as realizações pessoais possíveis e que chegando ali, elas não tinham valor algum.
Vi que não procurei acrescentar em nada… fui ao mundo a passeio…
E… agora era tarde…

… só posso conviver pela eternidade com o meu remorso, por haver disperdiçado todas as minhas oportunidades de amar e de não perceber que a verdadeira felicidade está nos relacionamentos construídos e nos Atos de Amor…
Que pena!!!!

Automedicação contra honestidade

desonestidade

Existem mais de 100 drogarias “24 horas” espalhadas por São Paulo, buscando atender os imprevistos que podem afetar a saúde de maneira branda ou acabar definitivamente com ela.

Segundo um levantamento da Fiocruz – Fundação Osvaldo Cruz -, o estado de São Paulo lidera o ranking de intoxicação por remédios, com mais de 13 mil registros por ano e o número de casos médios de uso indiscriminado de remédios está crescendo.

Na noite de quinta-feira, vou a uma dessas drogarias para comprar Pasalix, remédio com a função de combater a ansiedade e a insônia da minha mãe, professora de Ensino Fundamental, do nada generoso estado paulista.

Chegando na Droga Verde da avenida General Olímpio da Silveira, já passadas às 23 horas, percebi uma fraca circulação de pessoas, mas, conversando com uma senhora que parecia ser uma das funcionárias da drogaria, estava uma mulher bem vestida, que aparentava uns 40 anos.

Enquanto esperava, fui tentando descobrir se o Pasalix era remédio de prateleira, mas foi uma decisão em que obtive pouco sucesso. As drogarias da rede Droga Verde têm uma infinidade de produtos espalhados nas 40 unidades da cidade e comercializam medicamentos, vitaminas, cosméticos e artigos de higiene em geral. Verdadeiros shoppings centers da saúde que, não raramente, oferecem, de maneira irônica, cigarros aos seus clientes no balcão de vendas.

Aguardando “só um momentinho”, que já passavam de 15 minutos, escuto a senhora bem vestida discutir com a farmacêutica, sem conseguir entender do que se tratava. Aproximo-me e aos poucos vou ouvindo a confusão. A senhora precisava de um remédio para dor e obrigava a funcionária a indicar algum remédio eficiente, mas a farmacêutica negava. “Isso não é permitido, minha senhora!”. “Eu sei, mas sou sua cliente!”
Inconformada com a falta de flexibilidade da funcionária em não querer indicar remédios, a cliente começou a se exaltar. “Você me negou informação uma outra vez e levei um remédio que me adiantou nada!”.

Nas farmácias, todos os dias, consumidores procuram por remédios sem receita médica. “As conseqüências de tomar um remédio sem a indicação correta podem ser muito graves e em alguns casos leva à morte”, diz a toxicologista Rita Higa. A situação se agrava ainda mais quando a vítima é criança.

Os minutos vão passando e a mulher continua ofendendo a funcionária da Droga Verde. Quer de qualquer jeito uma indicação de remédio, mas acaba não obtendo. “Ah, me dá qualquer um então sua incompetente!” e dirigindo-se ao caixa, não deixa de exprimir para os outros funcionários da Droga Verde sua insatisfação pelo mau atendimento.

O que preocupa ainda mais é que, de acordo com um estudo da Fundação Osvaldo Cruz, as intoxicações por remédio bateram recorde no país e revelam que, em média, três ocorrências são registradas por hora. E o estado de São Paulo representa 41% dos casos.

Depois daquele show, finalmente chegou a minha vez de ser atendido e tentei olhar com certo respeito pela farmacêutica. Exemplos de dignidade como estes, na área da saúde, são tão raros que merecem grande consideração.

2 anos de escrevoLogoexisto

 

2 anos de escrevoLogoexisto

Carpe Diem

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As vezes me dou conta de que gasto muito mais tempo pensando em resolver problemas, que desfrutando das alegrias que a vida (e as experiências) proporciona. Provavelmente isso decorre da mania perfeccionista que construí com um grau relevante de influência do cinema “felizes para sempre”.

Essa visão deturpada do mundo, das coisas, pessoas, relacionamentos, nos cega dos valores e aprendizados que a vida REAL proporciona.

A concepção funcionalista das coisas (porque estar bem, é funcional) é perigosa porque faz com que, muitas vezes, deixemos de viver os momentos bons da vida, procurando entender o porquê de algo “fora do padrão”.

Esta não é uma tentativa presunçosa de conselho, é só uma reflexão pessoal a respeito do como essa terrível transformação que me obriga a desprender da juventude e mergulhar no “mundo adulto”, me impulsiona a perder a vontade infantil de viver, aproveitar.

Isso rende muita reflexão, mas não vamos perder tempo, vale mais a pena viver!

Conformismo ético

metro cala-te_thumb[3]Tem gente que usa o discurso da honestidade individual para não se mobilizar em prol dos mais necessitados.

E não estou falando de lutas político – partidárias, mas do recobrar a própria sensibilidade diante dos pobres, sobretudo as crianças, que vemos cotidianamente estirados pelas calçadas das grandes metrópoles.

Dói mais quando me dou conta de que olho a marginalização, a miséria, com descaso, do que quando tento me colocar no lugar desses necessitados.

O pior é que existem que pessoas que usam da ascensão honesta, edificada pelo esforço pessoal, para justificar a própria passividade diante dos problemas sociais, principalmente os urbanos. Afinal de contas: “eu não tenho culpa de ter nascido rico… ou… todo mundo que quiser, por meio do esforço pessoal, pode alcançar os próprios objetivos”.

Sim! É verdade que a honestidade, a determinação, são valores louváveis de admiração e respeito. Mas, esse construir a própria estrada, só tem valor social, se possibilita que de tudo isso possa emergir também a solidariedade.

A ética é um conjunto de regras básicas, condutas individuais, que possibilitam o bem estar social. Sem o bem de todos e com a predominância de um favorecimento seccionado dos benefícios cidadãos, é demagogia pensar em uma Nova Sociedade.

Também as lutas fundamentalistas de classes não têm sentido, (os trabalhadores do campo, os pobres, os negros, as mulheres…) não se desenvolve a capacidade de deixar que a dialógica seja a base das novas propostas.

O que é consenso, ao menos entre a minha razão ética e a minha individualidade subjetiva, é que existe uma necessidade latente de não justificar nosso conformismo, com atitudes que deveriam ser obrigatórias (a honestidade, sobretudo). Sem um “algo mais” é impossível mudanças concretas… Fica tudo no discurso.

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