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Moderna depressão

oração depressão

Os celulares tornaram-se o único elo de relacionamento
Esperamos emails na caixa de entrada como principal intento
Passo grande parte do meu dia descontente.
E ainda tem gente que olha pra gente

Acorda-se pra trabalhar, corre-se para trabalhar, almejando não descansar
E assim os anos passam e ainda não se sabe quando a vida vai finalmente começar
Os dias passam e ninguém nem dá bom dia pra gente
Passo grande parte da minha semana descontente

Difícil lembrar a última vez que gozamos uma quinzena de férias
Vivemos nos preocupando com tarefas estupidamente sérias
Passo grande parte do meu dia desconte
E ainda tem gente que olha pra gente

E quem passa não é que escolhe pra quem olhar
As vezes o motivo é pra suprir a vontade de falar
Mas são olhares vagos, de um desinteresse interessado
De alguém que nunca desejou ser mais um na multidão
E na verdade quer mesmo é fugir, dessa moderna depressão

10.000 visitas no eLe


Desde que comecei esse blog, por incentivo da Professora Raquel Balsalobre, que ministrou uma das disciplinas que cursei na PUC-SP como calouro, nunca pensei que o eLe (escrevo, Logo existo) chegaria aos 10.000 acessos. (Esses acessos começaram a ser contabilizados em fevereiro de 2007, mas o blog foi criado em agosto de 2006)

É engraçado perceber que pessoas, de diversos bairros de São Paulo, diversos estados do Brasil e países do Mundo, perderam alguns minutos da sua vida, lendo as “besteiras” que escrevo.

A idéia foi (e é) compartilhar alguns pensamentos, questionamentos, histórias, que vagueiam pela minha cabeça, excessivamente sensível, com todos aqueles que tenho (ou tive) algum contato pessoal.

Nesses quase 2 anos, enchi de crônicas, poesias, contos, histórias, notícias, fotos, dicas de CDs, Livros e pior, enviei DIARIAMENTE atualizações que entupiram a caixa postal dos meus amigos.

Por isso… esse obrigado pelos 10.000 acessos é para vocês!!! Que leram (não tudo, claro) os meus textos e puderam de alguma forma pensar, sofrer, torcer, se alegrar com algo.

Espero chegar um dia aos 100.000, depois aos 1.000.000… vai depender de vocês…hahahha

Um grande e forte abraço, pessoal para cada um.

(queria dar mesmo pessoalmente)

V@lter Hugo Muniz

O respiro de Glauco

respirar

Glauco começou a fumar com 12 anos. Pra fazer média com os amigos da escola, é claro, porque já tinha consciência suficiente pra saber que o cigarro era algo prejudicial pra sua saúde. Mas, como pré-adolescente ta sempre procurando aventuras, nem ligou pra nóia típica de adulto chato e careta.

Com 14 anos começou a jogar bola na categoria infantil. Até que era bom, nenhum Robinho da vida, mas tinha habilidade e um chute forte. Só que já ali, o poder do tabaco começou a fazer efeito. Não agüentava jogar os três tempos e isso o fez perder a artilharia do campeonato, tão sonhada, para um magricela da escola rival.

Tirando esse percalço, Glauco até que tinha uma vida normal. Ia bem na escola, saía com os amigos, só perdia mesmo na corrida. Até que entrou na USP e conheceu a Carolina. Morena do sorriso encantador, um pouco mais baixa que ele. Demorou seis meses pra se aproximar dela e quando conseguiu, descobriu que ela tinha aversão a cigarro.

Fez de tudo para parar de fumar. Tentou chiclete, adesivo e até terapia, mas era tarde, já estava viciado. Passou os quatro anos amargando uma desilusão que beirava o desespero. Olhava para Carolina e a desejava sempre, mas, o cigarro era “ciumento”.
Porém a frustração durou até conhecer a Joana, que fumava dois maços por dia e de companheira de tragos, passou a ser sua esposa.

Tiveram filhos normais, sem problemas respiratórios, mas Glauco nunca agüentava brincar mais de meia hora com os meninos. Com as leis que limitavam a presença do fumo em lugares públicos, passou a se isolar em casa, não saía mais, pois não dava pra ficar sem cigarro.

Com 55 anos, descobriu um câncer no pulmão. Tinha uma enorme mancha preta no raio x e os médicos deram mais 2 ou 3 anos de vida, e só. Os anos passaram, a saúde foi piorando e logo ele não conseguia mais sair da cama.

Via seus filhos o olharem apreensivos, ainda meninos. A esposa havia morrido há dois anos. Mas agora era a sua hora e o desespero de pensar com quem as crianças ficariam, ocasionou uma falta de ar, a última, percebida com um “bip” contínuo e com o choro estridente dos meninos que, de agora em diante, teriam que respirar sem a presença dos pais.

*respiração (in italiano)

Infinito recomeçar

infinito

Infinita vezes pedi desculpas por não corresponder
as expectativas dos meus interlocutores.
Amigos,
Amores
E sobrou um indesejável vazio.

Infinita vezes pedi perdão por não saber
ser delicado com o próximo,
Grosso
Enfático
E sobrou um constante descontentamento.

Infinita vezes me arrependi de ser
mais eu do que me esforcei pra ser amor,
E tudo virou dissabor,
Tristeza,
As vezes rancor,
E sobrou uma sutil vontade de desistir

E, finalmente, infinita vezes tive
que assumir meus erros e recomeçar,
Não deixar de lutar,
Se eu quisesse crescer,
Sem parar de amar.
E sobrou a sensação de que nada está completamente perdido.

Profunda desconfiança

desconfiança

Confio diariamente nas multinacionais que produzem a comida que como,
Mas não confio nas pessoas que estão ao meu lado.

Confio nos motoristas de ônibus, metrô, carro, que me levam onde eu quero.
Mas não confio, nem mesmo, nos meus amigos.

Confio naqueles que me transferem seus conhecimentos, nas instituições de ensino, ambos sustentados por um capital simbólico,
Mas não confio nos membros da minha família.

Confio no Sistema, em quem faz música, e até mesmo poemas.
Mas não confio Naquele que conduz o mundo.

Passo a vida confiando em desconhecidos, na sorte, procurando pretextos.
Pra admitir, que no final das contas, confio em tudo, mas não em mim mesmo.

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