Category: [Mistério] Page 42 of 113

Artistas urbanos

artistas-urbanos

Entre pedalas que me levam pra todo lugar
Vejo o malabarista e suas bolinhas no semáforo a bailar
Parece mais um espetáculo no meu cotidiano
Mas é parte do show dos artistas urbanos

Passo sobre a ponte e olho os aranhas-céu
Parece que as brancas nuvens formam um belo véu
O espetáculo parece uma tela de Monet
E tenho vontade de ficar ali e vê para crer.

Os artistas urbanos não são só aqueles que fazem arte
A gente os vê quando quer, em cima, embaixo, em toda parte
Mas é preciso parar para olhar nessa frenética corrida
E saber que nesse mundo de concreto tem mesmo muita vida.

Viva os artistas urbanos!
Que embelezam meu cotidiano,
por mais simples que seja!

Viva o meu olhar humano!
Que me deixa ver o cotidiano,
por mais cego que esteja!

Majestosa fábula do jardim de flores

giardino
Desde criança o menino Ago não sabia a importância das flores que cresciam no jardim que se postava lá no alto da montanha, de fácil acesso para os moradores da vila. Vivia pisando em todas elas. Não via nada de divino, afinal “eram somente flores”, dizia o garoto toda vez que alguém o repreendia.

Porém um certo dia, Ago avistou uma margarida. Estava sozinha, misturada em meio as mais variadas flores, mas logo lhe chamou a atenção. Resolveu então colhê-la, mas esquecera-se que em dois meses, viajaria para longe, sem poder cuidar da bonita flor.

Assim, o tempo passou e a flor foi aos poucos morrendo, até perder a última pétala e ser enterrada junto à matéria orgânica que permeava o jardim.

Durante a sua viagem, Ago acabou se apaixonando por outra flor. Era uma orquídea, rara e tão bela que o garoto não queria nunca mais se afastar dela. Cultivou-a durante muito tempo, regava todos os dias e se deliciava com a sua beleza, mas logo ele voltou para a sua vila e a flor teve que ficar, pois não se adaptaria ao clima onde ele morava.

Alguns meses passaram depois da sua volta e ele finalmente reencontrou o girassol. Lembrava que havia passado grande parte da infância cuidando de um lindo girassol que estava plantado bem próximo da sua casa e ficara sabendo que ele tinha sido preservado ali e sobrevivido ao passar dos anos.

Ago passou alguns meses cuidando daquele girassol. Porém já não era mais a mesma coisa, principalmente porque não conseguia mais acordar todos os dias cedo para regá-lo, já não acompanhava o ciclo de vida da flor, até que ela morreu.

A perda do girassol fez o garoto sentir um grande vazio… o que faria de agora em diante sem a flor que gostava tanto?

Novamente o tempo serviu para que ele descobrisse a mais linda flor que jamais havia encontrado no jardim. Não era frágil como a margarida, nem rara como a orquídea, ou conhecida como o girassol. Tinha uma beleza singular, tinha um aroma novo, uma vivacidade desconfortante.

Quando correu para pegar a mais linda rosa do jardim, furou-se em um dos seus muitos espinhos e ali percebera que teria de ter alguns cuidados especiais se quisesse ficar com a flor.

Porém, Ago, não teve medo. Colheu a rosa para se tornar o jardineiro mais feliz do vilarejo e daí em diante, percebeu que não precisaria se preocupar com o seu triste passado com as flores, mas gozar de uma felicidade profundamente renovada, pela presença maravilhosa da mais linda rosa.

Adulto X Criança

adulto

Sempre se briga para mostrar que existe uma razão
Mas se esquece da relatividade do certo e do errado.

Sempre se discute para mostrar que cada um tem uma opinião
Mas quando isso se estende é preciso ter muito cuidado.

Os julgamentos fazem parte da incompreensão da subjetividade dos conceitos
Principalmente porque a gente cresce e os valores já se esfumaram
E sendo adulto a ética é tão mais complexa que antes
Acabando que procuramos desculpa para nos justificar a todo instante.

Ser criança é conservar uma simples pureza
Que vive o que acredita, com a mais absoluta certeza.
E mesmo que as esquizofrênicas concepções adultas nos corrompam
Dentro nós descobrimos respostas que só as crianças encontram.

Recomeçar

grd_recomec3a7ar2094c719_630x354

Recomeçar, porque não se encontram mais respostas
Porque fecharam-se enfim todas as portas
E no final, não se sabe o que fazer

Recomeçar, porque nem sempre o diálogo esclarece
Porque de desilusão as vezes se padece
E no final, é melhor agir por merecer

Recomeço todos os dias porque continuo errando
E mesmo agindo da melhor forma possível
É raro estar sempre acertando

Recomeço porque ainda acredito que o amor cura
E pode-se buscar resposta, mesmo que não seja segura
E ao menos feliz a gente recomeça, amando.

A desculpa que faltava aos empresários

appleJosé nasceu empresário. Daqueles com a clássica história do “nasceu pobre e conquistou cada centavo”. Porém, como bem se sabe, no Brasil, conquistar um alto patamar financeiro, tantas vezes pressupõe, além do enorme sacrifício individual, sonegação de impostos e exploração trabalhista.

Difícil mesmo acreditar que toda a fortuna de José foi conquistada com esforço cristão, procurando seguir cada mandamento que a doutrina estipula, mas como não há provas e nem confissão, ninguém pode julgar.

Nesses tempos de crise, muita empresa já quebrou por vaidade, por presunção, irracionalidade ou mesmo burrice em achar que essa lógica autofágica do capitalismo iria sobreviver por muito tempo.

No caso da empresa de José foi a mesma coisa. Passou grande parte do tempo sonegando impostos e negando direitos trabalhistas aos funcionários em prol do lucro agressivo.

mac1Porém a sustentabilidade da empresa já havia chegado ao limite, já havia cortado todo tipo de custo, mas faltava diminuir o número de funcionários.

Pensou, pensou, mas não encontrava justificativa para sua atitude. Já havia na empresa um número escandaloso de funcionários que incorporaram funções de dois ou até três cargos. Precisava de uma grande oportunidade.

Para a felicidade de José e outros milhares de empresários, no primeiro dia de agosto de 2007, as perdas de crédito do setor imobiliário se alastraram no país dos irmãos ricos do norte.

Assim, a crise tem sido a melhor desculpa para justificar o corte da mão de obra, sem direito a repúdios trabalhistas.

Page 42 of 113

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén