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Alguém que procuro

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Passeio em meio a multidão procurando alguém muito importante que perdi há tempos

Disseram-me que o tempo fez com que ela se transformasse
Mas queria achar que era mentira, custe o que custasse.

Que havia feito novas escolhas, percorrido muitos caminhos
Mas que raras vezes tinha ficado sozinho

Outros contaram que a pessoa havia conhecido culturas
Mas que continua com medo de altura.

Queria encontrar, pois sempre esteve do meu lado,
As vezes me ajuda a fazer o certo, outras errado.

E em meio aquela massa de gente desfigurada, infeliz
Procurei seguir os caminhos que o Dono do Jogo quis

Mas continuava perdido, pelo excesso e não pela clareza da trilha
Sentia falta de uma guia ou espécie de cartilha.

Passei, horas, dias, meses, mas não deu.
Acabei descobrindo que quem eu procurava não era mais EU.

Jesus era um coelho?

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Felipe sempre foi uma criança expansiva e sua agitação gerava um certo desconforto para seus pais, principalmente em momentos inesperados.

A formação religiosa sempre foi uma exigência familiar, mas os ensinamentos dificilmente sobreviviam ao bombardeamento laico, mesmo a criança estudando em uma escola “de princípios”.

Durante as festas, sobretudo na Páscoa, Felipe se irritava com a quantidade de ritos, principalmente porque não queria participar de celebrações longas, enquanto seus colegas estavam se divertindo por conta do recesso escolar decorrente da ocasião.

Mas, o que mais irritava Felipe era justamente o fato de não entender todo aquele “teatro”. Na quinta-feira todos tinham que ir de chinelo na igreja para que o padre lavasse os pés, na sexta a celebração (porque já tinha sido advertido para não dizer MISSA, pois é o único dia do ano em que não tem esse rito) era de tristeza. Todo mundo quieto, muita gente chorando, porque Jesus tinham morrido as 15h e iam todos beijá-lo.

No sábado, pelo contrário, era dia de festa! Todo mundo feliz, cantando, se abraçando. O Salvador tinha ressuscitado. O que o menino nunca entendia é que diziam que Jesus ressuscitava no terceiro dia, mas se ele morreu na sexta-feira ás 3h da tarde, como festejavam a ressurreição já no sábado, um dia depois da morte? “Esse mundo adulto é estranho!”, pensava o menino.

Felipe já achou que Jesus era um gato, porque sempre ouvira dizer que o gato tem 7 vidas e se o Homem morreu e ressuscitou, só podia ser um felino que perdeu uma de suas vidas.

_ Pai, Jesus era um coelho? – perguntou o garoto, assim que deixaram o supermercado.

_ Claro que não né Felipe! – respondeu o pai.

_ Mas então porque durante esses dias vendem tantos ovos de Páscoa?

Sem conseguir responder, o pai de Felipe desconversou e mal sabia ele que existia sim uma conexão entre a festa com o presente de chocolate.

“Em várias antigas culturas espalhadas no Mediterrâneo, no Leste Europeu e no Oriente, o uso do ovo como presente era algo bastante comum. Em geral, esse tipo de manifestação acontecia quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera, sinônimo de uma nova vida que estava para chegar. (Enquanto nós acabamos de entrar no outono, no hemisfério sul, nesse período, no hemisfério norte, começou a primavera)

Não por acaso, vários desses ovos eram pintados com algumas gravuras que tentavam representar algum tipo de planta ou elemento natural. Contudo, a entrada do ovo, como sinônimo de festejar essa nova vida, se “fundiu” com as festividades cristãs no Concilio de Nicéia, no ano de 325. Neste período, os clérigos tinham a expressa preocupação de ampliar o seu número de fiéis por meio da adaptação de algumas antigas tradições e símbolos religiosos a outros eventos relacionados ao ideário cristão.

Chegando ao auge do período medieval, nobres e reis de condição mais abastada costumavam comemorar a Páscoa presenteando os seus com ovos feitos de ouro e cravejados de pedras preciosas. Até que chegássemos ao famoso (e bem mais acessível!) ovo de chocolate, foi necessário o desenvolvimento da culinária que, somente duzentos anos mais tarde, fabricou os primeiros ovos de chocolate da História. Depois disso, a energia desse calórico extrato retirado da semente do cacau também reforçou o ideal de renovação sistematicamente difundido nessa época.

Claro que tudo isso foi um prato cheio para dar significado às campanhas em prol do consumo. A publicidade tem o poder de se incorporar dos simbolismos para transformá-los em “desculpa” para comprar, passando a ser esse o verdadeiro significado da festa.

Já dizia um religioso, a nossa história é o cerne onde está constituída a nossa identidade e abrir mão dela, é ignorar quem somos e o que queremos celebrar.

Quero uma nova vida ou um ovo da Nestlé na Páscoa?

Uma herança chamada preconceito

coexistmeaningPreconceito é uma daquelas heranças culturais, muitas vezes sem significado, que nos distancia uns dos outros e que quase sempre aceitamos sem nos questionarmos o porquê.

Árabes e Judeus brigando por Jerusalém pode parecer uma briga política, mas a falta de resoluções toca profundamente no desrespeito e o preconceito com a cultura religiosa do outro.

Paulistas e nordestinos seguem os mesmos escopos. A segregação social criou fluxos migratórios decorrentes do desenvolvimento exclusivamente sulista, num país em que uns foram mais “privilegiados” que os “outros” que vieram procurar seu espaço dentro do contexto que lhes permitia a sobrevivência.

Brancos levantam a bandeira da democracia, contra a política de cotas e de vantagens, lutam pela manutenção dos “direitos iguais”, mas esquecem que por 500 anos os negros não puderam desfrutar de sua civilidade com a escravidão e exploração da sua raça. É como competir numa prova de 100m com alguém que acabou de disputar a maratona.
Sim, tudo isso deve ser conhecido! Precisamos pensar historicamente, já dizia Sérgio Buarque, para lidarmos bem com essas diferenças, sem ingenuidade e buscando soluções pacificadoras.

Porém, no final, será sempre a necessidade de “abrir mão” de benefícios exclusivos, de vantagens sociais, para incluir desprivilegiados na partilha do “grande bolo”.

Enquanto tiver gente comendo mais que outras ou pessoas sem poder saborear as delicias de ser cidadão, entraremos em choque com esse preconceito herdado, que tantas vezes não encontram mais significado para a nossa geração, mas que a falta da consciência nos faz revivê-lo com nossos iguais, num fluxo infinito de descaso e omissão.

Provocação 15 – O velhinho barbudo e o Natal

Provocação 15 – Valter Hugo Munizprovocacao-15Para download: http://www.4shared.com/file/96354276/49d52171/Provocao_15.html

Quando chega o inverno

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Depois que o outono passou, chega o inverno e as crises inevitavelmente recomeçam. Tanto a rigidez das folhas, como a morte de muitas plantas, transformam a flora num cenário as vezes desolador

Porém é nesse momento que a natureza se “contrai” para sobreviver à drástica mudança climática. Tudo para a sua efetiva proteção.Enquanto os raios solares aquecem outras terras, aqui eles saem pela tangente e assim o frio desola.

Também nos relacionamentos vivemos muitos invernos. Momentos de “contração”, de “morte”, mas tudo em prol de um renascer, mais forte, mais intenso.

O inverno, como as outras estações, é uma fase passageira. Que serve para reflexão, para pensar na efetiva produtividade das relações, no quanto de felicidade e beleza elas trazem para as nossas vidas.

É nessa estação que precisamos estar mais em casa, que não temos como “fugir” de nós mesmos, que precisamos nos enfrentar.

Aproveito meus invernos para crescer interiormente e espiritualmente. Para entender que preciso estar sempre buscando o melhor, sem me acomodar com o pouco conquistado, construído.

Porque depois do inverno, preciso estar pronto para gozar do renascer da primavera.

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