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2010 – Muitos anos em um!

E lá se vai 2010! Ano de mudanças significativas, definitivas.

Queria um dia ter talento suficiente pra fazer um anuário em poesia, mas prefiro usar da retórica para explicar bem e de modo sucinto aquilo que vivi.

Olhando para trás – exercício extremamente importante para quem deseja passos de “Billie Jean” e não “moonwalker” – me dou conta de tudo o que se passou nesse ano.

Do Casamento da minha irmã mais velha, à minha graduação como jornalista até essa tarde de estudos em Genebra não só um continente me distancia, mas sentimentos, passos e toda uma vida que mudou essencial e profundamente.

Os primeiros meses do ano foram vividos em ritmo de férias! Providência e trabalhos não esperados permearam o primeiro trimestre do ano que teve dois baluartes: a viagem freudiana as minhas origens pernambucanas e a acolhida daquela que se tornaria instrumento concreto do amor de Deus na minha vida.

A viagem à Recife foi maravilhosa! Transformou o modo com que via minhas origens, minha mãe e eu mesmo… me ajudou a entender o quanto fui amado pelos pais da terra e o Pai do Céu, que me ajudaram a fazer as escolhas que me trouxeram até aqui!

A visita da Flávia foi o momento síntese daquela que considero a minha busca existencial. Por tantos anos da minha vida pensei que deveria encontrar a pessoa certa pra viver comigo a vida, de maneira livre, desapegada, totalitária. Conceitualmente as intenções eram sempre as melhores, mas metodologicamente o erro era perceptível: Antes de tudo DEUS! Era o que a minha consciência (para os cristãos, o Espírito Santo) gritava insistentemente, mas que a teimosia não permitiu entender rapidamente.

Encontrar a Flávia, quase 5 anos depois do nosso último encontro foi recuperar um pedaço de mim que havia perdido “não sei quando, nem onde”. Mas que bastou para transformar definitivamente a minha vida.

Agora, já no Velho Continente, depois de passados mais de meio ano e muitas horas de estudo, de vida em comunidade na Istituto Universitario Sophia, de relacionamentos verdadeiros, novos, belos, tudo parece tão distante. A impressão é de que vivi realmente mais que um ano.

Claro que a saudade faz parte de toda a experiência… que é falta do feijãozinho da mãe, da caipirinha e o churrasquinho com os amigos, vida caótica na minha São Paulo, mas sobretudo falta das pessoas que me ajudaram a estar aqui, edificaram comigo a minha felicidade. Festejo a Graça de poder viver com algumas delas aqui na Zoropa… Quantas comunhões maravilhosas com meu grande irmão Cristian que transformaram profundamente a minha relação com Deus e aquilo que considero Felicidade de Estado.

Karina, William, Dani Fassa, Borjão… amigos das antigas… Naila, Samar, Claire, Jay, Alexis… novos amigos… Estive rodeado de pessoas queridas que me ajudaram em tantos momentos a não perder o foco, a perseverar, lutar e claro, RECOMEÇAR!

Queria oferecer toda essa minha profunda alegria, todo esse ano fantástico, à minha família que amo tanto e pelas qual vivo intensamente. É a certeza do amor dos meus pais, das minhas irmãs que me ajuda a seguir adiante de coração aberto, livre, FELIZ!

Não esqueço também das amizades, da Escola, da PUC, do Futebol, dos Focolares, da TV Cultura, Análise, Scriba… tanta gente que carrego dentro e que certamente dão sentido a cada experiência vivida. Cresce-se sem jamais esquecer das próprias raízes!

Agradeço à DEUS por mais um ano maravilhoso, pleno, cheio de desafios, aprendizados, mas sobretudo festejo a possibilidade de poder amar e no amor encontrar a verdadeira FELICIDADE. QUE VENHA 2011!!!

Encontros e reencontros de Natal

«Será que as pessoas se dão conta do que é concretamente deixar tudo? Conseguem entender o que é passar o Natal fora do próprio país, longe da família? Sinceramente, acredito que as pessoas muitas vezes enxergam as situações com um romantismo cego e inconscientes de que realmente tudo tem um custo…»

Aquele comentário resumia bem o que Paulo sentia nos últimos dias que antecediam o Natal. Há alguns meses na Europa, o jovem havia deixado o seu país para começar uma nova vida no Velho Continente e, especialmente no período do Advento, sentia falta de suas raízes.

Paulo lembrava-se perfeitamente da alegria vivida na semana que antecedia o Natal. O ritmo no trabalho diminuía, há mais de um mês gozava das merecidas férias de estudo e não pensava em outra coisa senão preparar-se bem para aquele momento tão particular do ano.

Natal para Paulo sempre foi a festa da família, da sua em particular. A vida na grande metrópole tantas vezes não permitia que ele estivesse sempre com suas irmãs, seus pais, mas naquela ocasião era diferente: estavam sempre juntos, cantando, rindo e comendo muito.

No dia 24 acordava com o bater de panelas e o perfume do pernil que já assava no forno. No café da manhã um pedaço de «chocotone» aquecido no microondas e uma Sminorf Ice, seguida de uma bronca da mãe que dizia que aquilo não era hora de beber esse tipo de coisa.

Durante todo o dia não comia muito para «fazer espaço» para tão esperada ceia. Ajudava a preparar doces, comprar as bebidas, mas acima de tudo procurava estar junto de suas irmãs, seus pais. Uma grande festa.

Já no entardecer começava a «arrumação». Todos bonitos, nada de luxo, pois raramente podiam usar vestidos novos, mas isso não impedia de que cada um da família pudesse apresentar-se BEM para a grande festa de chegada do Menino.

Lá pelas 20h toda a família caminhava juntos até a igreja. Sem dúvidas o motivo central daquele dia, daquela semana, talvez de todo o ano. Festejar juntos Aquele que deu forças, proveu todas as necessidades, deu saúde, alegria, a cada um é algo que queima o coração de Paulo, sempre que procura contar como é passar o Natal com a sua família. E por isso era evidente o estupor de Clara ao ouvir aquela narração tão «apaixonada».

Clara também festejava sempre o Natal a sua família. Mas em vez das quentes terras Sul-americanas, Natal para ela significava: neve, frio e a mesma sensação de acolhida que só a vida em família permite.

Pensava que talvez, em seu continente, muitas pessoas estariam vivendo aquela festa sozinhas, conseqüência do bem-estar financeiro que muitas vezes corrompe o verdadeiro sentido do Natal. Mas em sua casa não. Que alegria era ver aquela imensa árvore de Natal, comer tantas coisas boas, ir à missa juntos e sentir aquele forte calor e alegria que a vida na sua família permitia!

Natal era sempre uma oportunidade de reencontro, ainda mais agora que ela estuda longe, vê esporadicamente seus familiares, mas esse, em particular, tinha um sabor especial. Durante todo o ano sua família viveu um duro momento de incompreensão, dor, dificuldades. Todos tiveram que suportar aquele momento vazio de sentido, cada um com as próprias forças e também com a falta delas, mas era forte a sensação de que tudo foi purificação.

Aquela festa, em particular, era um momento de agradecimento por tudo aquilo que toda a família conseguiu superar, por todo o crescimento espiritual e humano e pelo aprofundamento do nos relacionamentos que permite que também o amor fosse mais sincero, mas verdadeiro entre todos.

As duas histórias, de Paulo e Clara, se encontravam no Natal. Diferentes no desenrolar dos acontecimentos, mas parecidíssimas em essência.

Tudo isso porque, antes de tudo, aquilo que os fazia plenamente feliz era que em nenhum momento do ano haviam esquecido o festejado da noite. Não era uma festa em si, mas o ápice de uma “gestação” vivida com alegria e as dores, cada dia. Talvez por isso aquela festa tinha tanto sentido e não era uma simples troca de presentes ou uma ceia repleta de comida gostosa.

Natal, especialmente aquele ano era Encontro e Reencontro. Encontrar-se cada um consigo mesmo, com os outros e com o Deus-Menino que é quem permite que o Natal seja a possibilidade de viver as coisas simples com uma disposição renovada.

Dor que não é sofrimento

Acabei de assistir o filme lançado este ano sobre o filósofo «católico» Agostino de Hipona, mais conhecido como Santo Agostinho.

Desde que cheguei ao Instituto Sophia, além de Sócrates, Aristóteles e Chiara Lubich, Agostino se transformou em um mestre que constantemente me ajuda a encontrar intelectualmente o sentido para tantas coisas que permaneciam no âmbito das experiências empíricas.

A sua clareza e profundidade em comunicar seu caminho de discernimento metafísico da realidade me impulsionou a pensar na possibilidade de começar explicar minhas poesias.

Não sou artista, filósofo, poeta, mas um jornalista sedento pela Verdade. Não aquela pseudo-verdade que transforma os valores morais em conceitos relativistas, nem mesmo as falácias hermenêuticas em relação a doutrina cristã, mas uma verdade que transforma, liberta e, acima de tudo, dá ALEGRIA!

Alegria, porém, que vive em relacionamento contínuo com a “dor que não é sofrimento”, que é dimensão nossa, realidade intrínseca, caminho para a Felicidade.  “Não é sofrimento” pois sofrer é  a conseqüência do não encontrar sentido à dor, é não contemplar o caminho do Bem Maior é submeter-se à escolhas baseadas no medo, é contentar-se com uma falsa vida.

Foram esses os questionamentos, sustentados pela grande admiração por Agostino e uma conversa edificante com meu irmão Cristian Sebok, que “maiêuticamente” brotou essa poesia que vos ofereço abaixo:

 

« Dor que não é sofrimento»

 

Dor que não é sofrimento

Que é vontade divina, compreensível lamento

Abraço-te sorrindo, lagrimas escorrendo

T’amo bela dor que não é sofrimento

Venha rápido pra que eu ilumine e cresça

E percorra O Caminho com fim que Ele conheça

Arde-me a alma quando me escapa o sentido-momento

T’amo afetuosa dor que não é sofrimento

Porque sofrer é escolha conseqüente

Entender a relação que envolve coração, alma e mente

Renegar tudo que não é felicidade de estado

T’amo dor, esteja sempre ao meu lado.

Dichiarazione

L’amor che per te sempre sento

“Non può non esserci”

È realtà, mai momento

Principio di non contraddizione

Che va al di là

Di qualsiasi semplice costatazione.

Ed è un amore concreto, azione

Che ci avvicina corpo, cuore

Ed esige un’anima dinamica, abile

L’amore che sento per te,

tra l’altro mi sembra incommensurabile

Ed è amore perché si donna e si stacca con gioia

Pure se l’insopportabile nostalgia mi annoia

Ma va avanti nel donno verso il prossimo e l’amore in Dio

Amarti è vivere un quotidiano “a presto” e mai l’“addio”.

maria

Maria, bicchiere che contiene in sé il Mare

Nel tuo silenzio ci sei madre mia.

L’annientamento in essenza

Divino pianoforte

Vergine e Madre

Paradosso abissale

Di chi vive, mentre in sé muore

Esperienza escatologica

La via del mito

Amore che va oltre la logica

Sì d’un disegno preciso

Simbolo presente della vera fede

Archetipo dell’abbandono in Dio

Serva fedele che nella sua giovinezza

Riassume l’Amore oltre l’umana piccolezza

Il logos che si chiede il celeste compito

Madre, pure se non ha mai “conosciuto uomo”

Donna che fa vuoto, è spazio totale.

Maria, bicchiere che contiene in sé il mare.

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