Category: Estórias Page 4 of 16

Feliz acaso

morador-de-rua-brasilMais uma noite fria de terça feira, mas lá estava eu, dentro do ônibus para reencontrar meus amigos.

O trânsito na Paulista me perturba, porque mesmo a pouca distancia não me deixa chegar ao meu destino, na hora que desejo.

Passantes, passageiros, todos unidos por uma mesma causa: chegar logo em casa!

E eu, continuo olhando pela suja janela de um SPTrans, para descer no ponto certo.

Demorou… claro, mas cheguei.

Descendo com pressa sou surpreendido por um sinal que quando desço da guia: fecha.

E volto.

Volto e olho pro lado desconfiando ser o único que não tinha passado.

Mas aí se aproxima um morador de rua e seu cachorro.

O cão de estimação começa a fazer cocô na calçada e eu quase morro.

_ Será que ele vai limpar? – passou pela cabeça esse juvenil pensamento.

Acreditando que a educação do simples senhor poderia emergir a qualquer momento.

Espero, olho, e ele me devolve o olhar surpreso da minha observação.

_ Ah! Ele vai limpar! – penso… _ Ops, não vai não.

Naqueles milissegundos o senhor gira e procura um pedaço de papelão.

O cão deixa as suas fezes e o senhor vai cambaleante limpar o chão.

Vejo a cena e riu comigo, feliz, com uma grande aprovação.

Por saber que independente da situação social

é possível ter gestos bonitos fruto de uma boa educação.

Maravilhosa fábula do jardim estrelado 2

flor magnifica
Alguns anos se passaram e a constelação terrena começou a se desprender dos vasos.

Uma a uma, as estrelas mais luminosas começaram a voar para assim chegarem ao lugar aonde seriam notadas por todos os habitantes da terra.

As flores mais antigas foram as primeiras, mas quase que instantânea a morte, seu brilho era adquirido por uma estrela de cor semelhante, com ajuda de um raio produzido pelo aviador.

Porém, o que todos mais temiam era o adeus da Flor Magnífica. Fora ela quem cultivara com seu brilho todo aquele jardim ao redor da Baita. Em torno dela que se reuniram as outras estrelas. O medo era que a sua ida para o céu enegrecesse a constelação terrestre.

E o momento chegou. Naturalmente a estrela magnífica se desprendeu do Cravo (a outra flor ligada a ela já tinha ido) e voou em direção ao céu.

As outras flores da terra instantaneamente adquiriram um brilho mais intenso, como se a sua precursora emprestasse sua luz para que a constelação terrena continuasse viva.

Assim, o desafio das novas gerações de flores-estrelas era manter viva a Luz que iluminava a terra. A vivacidade de cada uma delas era imprescindível para o céu terreno.

Maravilhosa fábula do jardim estrelado

ceu estrelado

Nas casas ao redor das montanhas italianas era comum encontrar pequenos vasos que acolhiam diversos e coloridos tipos de planta, mas o que acontecera na Baita foi uma grande transformação, com significados ainda pouco compreensíveis.

Num dia comum de verão, alguém jogou uma pequena semente em um dos vasos da Baita. Ali brotou uma flor magnífica, que jamais ninguém havia visto e que logo ao se abrir transformou-se numa estrela. Aquela luz intensa quase “escondia” o seu colorido.

Após o surgimento dessa flor, outras flores, um pouco menos intensas, mas já de um colorido perceptível, brotaram da mesma forma nos vasos vizinhos e logo também se transformaram em outras estrelas.

Isso tudo fez com que estranhamente os vasos das outras casas, as flores dos jardins, brotassem nas proximidades e também, uma após a outra, se transformassem em estrelas.

Naquele mesmo vaso da flor primogênita, surgiu um cravo, ligado e comumente tão bonito quanto a flor magnífica.

Como se não bastassem os acontecimentos já surpreendentes, outro pequeno vaso, unido pelas raízes à flor magnífica se aproximou dela e do cravo. Ambos extremamente luminosos e de coloração mais discreta.

Enquanto isso, a constelação de estrelas que se formava a cada germinação ia iluminando cada vez mais a Baita. As estrelas eram gradativamente menos brilhantes que as suas precursoras, mas também mais coloridas.

Ao lado de cada flor intensa se reuniam outras da mesma cor. Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde, Azul, Violeta e Anil… um arco-íris brilhante e maravilhoso.

Um dia um avião sobrevoou aquela região e espantado com aquela constelação terrena não hesitou em pensar: Assim na terra, como no céu.

(continua…)

Mãe

História de um filho da mãe

Essa é uma história edificada por valores humanistas e princípios profundamente cristãos.

Era uma vez uma jovem, como eu, com sonhos e planos comuns à idade. A diferença é que os seus anseios não foram construídos em uma metrópole turbulenta como São Paulo.

A jovem saiu de casa cedo para traçar seu próprio caminho. Estudar, trabalhar e conhecer um mundo além do sítio.

Assim começava uma nova aventura que ainda não terminou e que agora inclui o marido e a mais impactante mudança de sua vida: a chegada dos filhos.

Aqui, maternidade, não significa somente ceder o próprio corpo para que uma vida se desenvolva. Não! Ser mãe é ceder muito de si mesma. De inúmeras horas de sono, dos sonhos para acompanhar o crescimento dos filhos.

Mãe talvez seja o melhor dos eufemismos para sacrifício, prontidão.

Como coadjuvante, o mais fantástico para mim não é ser fruto de uma semideusa, que não erra. Dessa forma o amor profundo pareceria utópico ou talvez difícil de ser espelhado. Não, a vida me fez perceber a beleza de uma mãe humana. Que se desespera diante dos obstáculos, que fala demais, que ri alto, que muitas vezes perde a noção do ridículo e que outras tantas acaba fazendo tudo aquilo que desaprovou um dia nos filhos.

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É aí que o verdadeiro amor se faz possível! Porque não é só ser amado, como filho, mas também poder amar quem me gerou, não só ser perdoado pelas nossas falhas, mas também perdoar. É ás vezes ser pai, outras amigo.

Sempre acreditei na importância de entender o pr da nossa própria história. Quase sempre, é o autor convida alguém especial para introduzir sua obra. Deus também se permite o mesmo, dando-nos uma mulher, uma mãe que nos conduz, desde o início, nessa aventura chamada VIDA.

Dia das mães me faz lembrar risadas escandalosas, provocações debochadas, mas principalmente o sacrifício de criar eu e minhas irmãs de maneira íntegra, de não poupar esforços para nossa realização nos estudos, na profissão e como seres humanos.

Em um mundo aonde a gratidão é tão banalizada, dizer obrigado é uma forma de reconhecer a graça de ser filho e poder celebrar cada dia nesse mundo. Hoje, de maneira particular, por ser um filho da mãe.

Jesus era um coelho?

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Felipe sempre foi uma criança expansiva e sua agitação gerava um certo desconforto para seus pais, principalmente em momentos inesperados.

A formação religiosa sempre foi uma exigência familiar, mas os ensinamentos dificilmente sobreviviam ao bombardeamento laico, mesmo a criança estudando em uma escola “de princípios”.

Durante as festas, sobretudo na Páscoa, Felipe se irritava com a quantidade de ritos, principalmente porque não queria participar de celebrações longas, enquanto seus colegas estavam se divertindo por conta do recesso escolar decorrente da ocasião.

Mas, o que mais irritava Felipe era justamente o fato de não entender todo aquele “teatro”. Na quinta-feira todos tinham que ir de chinelo na igreja para que o padre lavasse os pés, na sexta a celebração (porque já tinha sido advertido para não dizer MISSA, pois é o único dia do ano em que não tem esse rito) era de tristeza. Todo mundo quieto, muita gente chorando, porque Jesus tinham morrido as 15h e iam todos beijá-lo.

No sábado, pelo contrário, era dia de festa! Todo mundo feliz, cantando, se abraçando. O Salvador tinha ressuscitado. O que o menino nunca entendia é que diziam que Jesus ressuscitava no terceiro dia, mas se ele morreu na sexta-feira ás 3h da tarde, como festejavam a ressurreição já no sábado, um dia depois da morte? “Esse mundo adulto é estranho!”, pensava o menino.

Felipe já achou que Jesus era um gato, porque sempre ouvira dizer que o gato tem 7 vidas e se o Homem morreu e ressuscitou, só podia ser um felino que perdeu uma de suas vidas.

_ Pai, Jesus era um coelho? – perguntou o garoto, assim que deixaram o supermercado.

_ Claro que não né Felipe! – respondeu o pai.

_ Mas então porque durante esses dias vendem tantos ovos de Páscoa?

Sem conseguir responder, o pai de Felipe desconversou e mal sabia ele que existia sim uma conexão entre a festa com o presente de chocolate.

“Em várias antigas culturas espalhadas no Mediterrâneo, no Leste Europeu e no Oriente, o uso do ovo como presente era algo bastante comum. Em geral, esse tipo de manifestação acontecia quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera, sinônimo de uma nova vida que estava para chegar. (Enquanto nós acabamos de entrar no outono, no hemisfério sul, nesse período, no hemisfério norte, começou a primavera)

Não por acaso, vários desses ovos eram pintados com algumas gravuras que tentavam representar algum tipo de planta ou elemento natural. Contudo, a entrada do ovo, como sinônimo de festejar essa nova vida, se “fundiu” com as festividades cristãs no Concilio de Nicéia, no ano de 325. Neste período, os clérigos tinham a expressa preocupação de ampliar o seu número de fiéis por meio da adaptação de algumas antigas tradições e símbolos religiosos a outros eventos relacionados ao ideário cristão.

Chegando ao auge do período medieval, nobres e reis de condição mais abastada costumavam comemorar a Páscoa presenteando os seus com ovos feitos de ouro e cravejados de pedras preciosas. Até que chegássemos ao famoso (e bem mais acessível!) ovo de chocolate, foi necessário o desenvolvimento da culinária que, somente duzentos anos mais tarde, fabricou os primeiros ovos de chocolate da História. Depois disso, a energia desse calórico extrato retirado da semente do cacau também reforçou o ideal de renovação sistematicamente difundido nessa época.

Claro que tudo isso foi um prato cheio para dar significado às campanhas em prol do consumo. A publicidade tem o poder de se incorporar dos simbolismos para transformá-los em “desculpa” para comprar, passando a ser esse o verdadeiro significado da festa.

Já dizia um religioso, a nossa história é o cerne onde está constituída a nossa identidade e abrir mão dela, é ignorar quem somos e o que queremos celebrar.

Quero uma nova vida ou um ovo da Nestlé na Páscoa?

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