Category: Estórias Page 11 of 16

Nunca é a última chance

última chance

Uma experiência me fez perceber que nunca é a última chance de fazer algo pelo próximo. Enquanto caminhava pelas barulhentas ruas da minha cidade, paro pra olhar o mendigo que caminha lento e de cabeça baixa.

Penso alguns segundos em fazer algo… Lembro-me que tenho uma maçã que há muito tempo coloquei na mochila, mas no momento em que não olhava para ele, um carro o pegou e jogou dois metros adiante.

Não sabia o que fazer, esta envolvido em um choque tão grande que parecia uma estátua.

Olhava-o lá inconsciente. Era ele que queria amar! Não sei se ele, por acaso, já havia sentido o amor verdadeiro, a certeza de que alguém o queria bem.

Com lágrimas nos olhos me girei para o céu e ofereci a única coisa que naquele momento eu podia: A minha incapacidade de salvá-lo.

Voltando para mim, enxugando as lágrimas, olhei para o lado e vi um garotinho sentado na calçada. É Ele que me aparecia, uma outra oportunidade! Pego a maçã e dou ao menino, recebendo em troca um sorriso desdentado e assim entendi que, enquanto posso respirar, haverei muitas oportunidades de amar e, melhor ainda, de recomeçar.

Dado Mágico | Segunda parte

Dado Mágico

Primeira parte aqui

Quando as coisas voltaram ao normal, Pedro não sabia muito bem onde estava. Sentia uma baita dor de cabeça causada pelos giros da desagradável viagem. Porém, ao se levantar, foi recebido com um grande sorriso da senhora de óculos, que se apresentou como Clara.

Caminharam juntos até um grande corredor cheio de portas e chegando lá Clara tirou da bolsa um chaveiro com muitas chaves e antes de abrir a porta à sua frente perguntou a Pedro: _Você está pronto? Não tão certo ele disse que sim e os dois entraram.

Do outro lado havia uma sala tipicamente italiana e Clara explicou rapidamente que eles não podiam vê-los, mas que ela queria mostrar exatamente o que a primeira face do dado queria dizer…

Depois de ter ajudado a mãe durante uma hora Henrique parecia estar muito contente e sentado em uma poltrona começou a ler uma história em quadrinhos. Quando conseguiu se acomodar, a mãe o chamou novamente: _ Henrique, é preciso comprar uma garrafa de vinho e o supermercado fecha daqui a pouco! _ Ah não mãe, logo agora que estou lendo! – respondeu Henrique. Mas depois, olhando para o objeto que estava a sua frente e lembrando da frase que estava na face superior “Amar a Todos” Levantou-se e saiu correndo para comprar o que a mãe havia pedido.

Quando se virou para perguntar o que aquilo significava, Clara já estava novamente dentro do corredor convidando-o a sair daquele ambiente. A senhorinha disse que explicaria depois o que cada coisa significava e com outra chave abriu a porta que estava em frente àquela que ela acabara de abrir.

O cenário agora era um grande campo e lá ao fundo alguns garotos, mais ou menos da sua idade, caminhavam em direção ao cercado onde ficavam diversos bezerrinhos. Alguns minutos depois um dos meninos, o menorzinho, tropeçou num galho que estava caído na estrada e se machucou. O garotinho começou a chorar, mas os outros garotos continuaram andando. Porém, um deles, retirou do bolso o mesmo dado que Pedro havia encontrado e alguns segundo depois voltou para ajudar o menino, enquanto os seus amigos corriam na frente. Com um lenço, o menino limpou o joelho ferido do menorzinho e ele parou de chorar. Depois ele pegou na mão do menino e juntos foram ver o tal bezerrinho.

Quando chegaram lá no cercado, Clara chamou novamente Pedro e  ao atravessar a porta, ele percebeu que estavam agora nas ruas da sua cidade, em frente ao banco do ponto de ônibus.

Clara explicou ao Pedro os poderes mágicos do dado e o modo no qual ele estava transformando às pessoas. Aqueles dois meninos haviam jogado o dado e a face “Amar a Todos” serviu de convite para que eles vivessem durante todo o dia preocupado com cada um que estivesse ao lado deles.

Pedro ouviu tudo com muita atenção, mas não entendeu muito. Despediu-se de Clara e foi pra casa pensando em tudo aquilo que tinha visto. A única certeza que tinha é que na manhã seguinte ele jogaria o dado e faria o mesmo que os dois garotos que ele havia visto anteriormente fizeram.

Dado Mágico | Primeira parte

Dado Mágico

Pedro vivia num bairro bem populoso da periferia paulistana. Tinhas dois irmãos menores e era filho de pais que brigavam muito. O garoto não entendia o porquê daquelas discussões constan­tes entre eles, havia de todas as formas procurado entender a difícil cabeça dos adultos, mas tinha concluído que, quanto maior a idade, menor a capacidade de perdoar os erros dos outros.

Caminhando pelas ruas do seu bairro, depois da tarde de futebol no campinho da escola, Pe­dro tropeçou num objeto que parecia ser um dado. Abaixou para pegá-lo e com ele em mãos desco­briu que não eram números, mas frases que preenchiam as faces do dado.

Não entendia o como aquele dado tinha parado ali, mas resolveu levá-lo consigo, para mos­trar a sua vizinha e melhor amiga Rosinha. Porém, antes disso, no dia seguinte, Pedro lembrou que tinha que le­var alguma coisa para escola, porque era o dia do “Mostra e conta”, onde cada criança apresentava um objeto pessoal diferente… um gato, um vídeo-game, um brinquedo… Depois de muito pensar, Pedro decidiu levar o dado.

No caminho da escola, encontrou uma senhora de óculos sentada no banco do ponto de ônibus. Ficou impressionado com o sorriso dela e tomou um belo susto quando ela o chamou. Meio acanhado se dirigiu a ela e deu um bom dia bem tímido.

A senhora perguntou se aquilo que Pedro havia no bolso era o Dado do Amor. Impressiona­do Pedro retrucou: Dado do que??

_ Do amor” disse novamente a senhora.

Ele disse que havia encontrado o objeto no chão da rua e que estava levando pra escola para mostrar aos seus colegas.

_Deixe me ver” – disse a senhora. E quando ela tocou no dado! O mundo desapareceu.

A Cidade dos Óculos Mágicos | Segunda parte

Óculos Mágicos

As duas estudantes que se conheceram no primeiro dia intenso de aula, viveram juntas a adaptação no famoso curso preparatório que tem como preocupação, o ingresso de jovens no Ensino Superior.Moças iguais, vivendo a mesma situação, muitas vezes constrangedora, para enfrentar o tão temido processo seletivo, e assim conquistar a almejada vaga no mundo do conhecimento e, posteriormente, no Mercado.

As diversas carreiras, caminhos “construíveis” permitem uma infinidade de escolhas, todas dentro de um padrão pré estipulado. “Nada pode atrapalhar o andamento do Sistema”. Uma quer fazer física a outra biblioteconomia, uma pensa em números e “estruturas” a outra viaja no conhecimento do “mundo homem” ou seria por acaso homem mundo?

O caso é que ambas estão, dia após dia, na mesma luta e o convívio que leva à conquista do objetivo baseia-se e enriquece justamente da diferença entre os mundos de uma e da outra.

O fato de procurarem uma convivência pacífica foi criando uma espécie de membrana nos olhos das garotas, uma espécie de lente de contato, sendo já desprezíveis os óculos mágicos, pois a Natureza as havia presenteado com um desenvolvimento específico, fruto do esforço de não serem concorrentes, mas procurarem construir juntas, se ajudarem, preservando as diferenças, o “algo a mais” que não passa.

Esse primeiro caso específico de harmonia foi instantaneamente detectado pelos órgãos de imprensa da Cidade dos Óculos Mágicos e serviu como primeira solução para a restauração da ordem naquela que é ainda caótica, em decorrência do desaparecimento dos tais óculos.

Primeira parte: http://vartzlife.wordpress.com/2007/08/16/a-cidade-dos-oculos-magicos-parte-i/

O livro do Salvador

livro do Salvador

Em uma pequena cidade da Roma antiga, dois garotos cresceram em casas vizinhas. Passaram a infância brincando juntos, aprenderam as ciências do homem com o mesmo tutor e tinham desenvolvido em comum o grande sonho de conhecer Deus. Ouviram muitas histórias dos seus avós e pais à respeito de um tal livro do Salvador, que contava a história de um homem, que viveu nas terras do Oriente alguns séculos atrás. Que Ele havia sido enviado por Deus e que muitos o consideravam Seu filho.

Buscaram então, de inúmeras formas, entender e descobrir a história do tal Salvador, pois sabiam que era através Dele que entenderiam e conheceriam Deus.

Enfim… depois de muito procurarem, conversando com o sábio escrivão que vivia muito perto da casa deles, receberam de presente um velho livro que tinha sido escrito pelos antigos sábios e também por contemporâneos do Salvador. Assim.. os dois meninos começaram a ler o livro… maravilhavam se com cada história, cada feito, milagre, percebiam gradativamente que Ele era um cara especial.

Depois que acabavam de ler uma história, voltavam para os afazeres cotidianos… estudo, trabalho, mas algo ia aos poucos transformando as ações deles. Começavam a olhar as pessoas de um modo diverso. Haviam lido coisas muito marcantes, frases chaves ditas pelo Salvador. “Não existe amor maior do que dar a vida pelo irmão”, “Amar uns aos outros como eu vos amei”. Tinham recebido uma formação baseada em valores profundos de respeito, honestidade, mas aquelas palavras mencionadas no livro apresentavam um conceito de amor diferente do que estavam acostumados.

As leituras cotidianas iam aos poucos transformando as suas atitudes. Quantas vezes haviam passado diante dos marginalizados e nem sequer haviam olhado nos olhos deles? Isso sem contar o fato de nunca haverem perdoado qualquer espécie de injúria advinda de uma ocasião específica. À medida em que as leituras iam se materializando na vida dos dois garotos, uma voz misteriosa começava a falar dentro deles. Conseguiam cada vez mais entender as situações, as pessoas… Estarem mais sensíveis, superarem medos, angústias… Aquela voz parecia direcioná-los em cada pequeno ato, nunca mais se sentiram sozinhos.

Conversando um dia entre eles, sobretudo dos efeitos que a leitura do tal livro havia produzido na vida de ambos, encontraram novamente o escrivão que havia-os presenteado e começaram a contar tudo aquilo que o livro havia gerado em suas vidas. O escrivão contou que tinha recebido o livro de um dos discípulos do Salvador e que ele também tinha sido transformando pelas histórias contadas pelo livro. Percebera a importância de reservar alguns momentos do seu dia para lê-las e meditá-las, pois isso tornava mais audíveis as vozes interiores, que ele havia descoberto serem divinas.

Encantados com aquilo que o sábio escrivão havia dito, entenderam que o grande objetivo almejado de conhecer Deus tinha se realizado. Aquelas palavras do velho livro haviam ajudado os dois a conhecerem o Amor divino, que é Deus transformado em matéria e assim entenderam que, após a passagem do Salvador, esse era um dos modos que Deus encontrou de se eternizar na terra, de fazer com que as pessoas possam descobrí-Lo em cada pessoa e estar com Ele em cada momento.

Depois de se despedirem do escrivão, procuraram divulgar o tal livro entre todos os seus amigos, em pouco tempo aquele se tornou o livro mais lido em todo o mundo e muitas pessoas puderam finalmente conhecer e reconhecer o Deus que tanto procuravam.

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