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29 dias no país do Tsunami – Parte 1: Mergulho na dor que frutifica

Bandeira da indonésia

Bandeira da indonésia

Você sabia que a Indonésia é o país mais mulçumano do mundo?Sabia que também reúne o maior conjunto de ilhas do planeta?

E que lá as mãos são usadas tanto para comer como para limpar o traseiro?

Pois é, eu também não sabia nada disso até passar um ano ao lado de um verdadeiro indonésio nascido na bela ilha de Nias e morador de Medan, capital da grande Sumatra.

Durante aquela experiência vivida em Montet (Broye), pequena cidade do cantão de Friburgo no sudoeste suíço, pude entender um pouco da cultura do arquipélago asiático.

Depois de ficar bravo com as raras vezes em que meu amigo Ponty dava descarga após um “número 2”, saborear as misturas de tempero na preparação de carnes (fico feliz de nunca ter perguntado o que ele colocava na comida) e entender seu sofrimento com o frio do país europeu, me senti de certa forma “batizado” para visitar aquele país tão diverso culturalmente do meu.

Comer com a mão não é nem um pouco nojento ou constrangedor, como qualquer um pode imaginar. Diante de cada prato está um pequeno pote com água para lavar os dedos antes de se servir. Porém, quando soube que as fezes também são limpas com uma das mãos (A ESQUERDA), senti um certo deságio, para mim bem normal.

Com Ponty entendi que os indonésios pertencem a um povo alegre como o meu… sofrido e pobre como o meu… explorado historicamente como o meu. Mas, claro, nunca imaginava que um dia pisaria em seu país. A Indonésia está a 15.414 km de distancia do Brasil, mas culturalmente essa distância física é muito amplificada.

Esqueceram de televisionar o nosso Big Brother

big-brotherTodos os dias, vivemos diversas etapas de um Big Brother muito mais real do que aquele que assistimos na TV, mas nosso envolvimento com a realidade é bem diferente.

Fofocas no trabalho, gente querendo passar por cima do outro, o chefe arrogante, o funcionário preguiçoso ou outro que se aproveita da boa vontade de quem se oferece para ajudar. O primo drogado, a domestica faladeira, a mãe que ta sempre reclamando e o pai desempregado que liga toda hora para saber dos filhos. A irmã calada e o irmão egoísta. Em todo esse “jogo” de relacionamentos existem também aqueles que preferem serem eles mesmos, sem esconder um defeito ou mesmo sem deixar de se envolver com seus iguais.

Tantas pessoas são eliminadas de nossas vidas devido aos diferentes caminhos escolhidos, colegas de classe, universidade, trabalho. Acabamos também tendo de escolher algumas pessoas para entrarmos em profundidade e construir uma verdadeira amizade.

Vivemos provas individuais para conquistar nosso “ganha pão”, outras em equipe e tanto as alegrias ou frustrações são compartilhadas, comemoradas ou sofridas em grupo.

Interessante pensar o quanto a nossa vida não desperta a mesma curiosidade do programa televisivo. A vida do outro parece sempre mais interessante que a nossa e também poucas vezes nos damos conta do MILHÃO de experiências que podemos fazer e a fortuna de relacionamento que é possível construir.

A televisão edifica modelos de pessoa que nem sempre refletem a beleza do ser humano, com suas contradições, credos e concepções de verdade. O Big Brother só é capaz de mostrar o quanto o ser humano é articulado para manipular seus iguais, sem medo de usá-los em prol de um objetivo claro.

Gostaria de ver um programa sem prêmios, sem estímulos financeiros, simplesmente para que as pessoas fossem elas mesmas e mostrassem o quanto são capazes de viver em comunidade.

Divagações sobre o Crise

crise2Enquanto permanecemos sentados em nossos confortáveis sofás, deliciando-nos com o Show da Vida Real, vai se desenhando no mundo um cenário crítico, digno de reflexão.

De dezembro a fevereiro 750 mil pessoas perderam seu emprego no Brasil, números pequenos se comparado aos 600 mil americanos desempregados só em janeiro de 2009.

“Mas o que eu tenho a ver com isso?” pensaria o mais ingênuo cidadão. Muito, responderia qualquer estudioso econômico ou político em meio ao cenário atual.

Em um ano, 600 trilhões de dólares foram emprestados via crédito nos Estados Unidos e o que se transformou na tal “bolha” é uma dívida de mais de 30 vezes a riqueza “material” do planeta (o PIB mundial é de aproximadamente 50 trilhões e dos EUA 13 tri). Ou seja, as operações financeiras nos Estados Unidos com concessão de crédito e ações do mercado financeiro inventaram uma riqueza irreal que virou uma imensa dívida que deverá ser de alguma forma paga por alguém.

Seguindo as leis do capitalismo pensado por Marx, para que o capital superior sobreviva (geração de riqueza baseada na circulação das mercadorias, típicas de países tecnologicamente desenvolvidos, como o Japão) é necessário que exista o capital inferior (trabalho massivo “braçal”, comum na China) em sintonia.

Traduzindo: O dinheiro precisa encontrar trabalho que o justifique como moeda (valor material). Não pode ser inventado (com especulações), pois só o trabalho (físico) gera riqueza.

Mas, durante anos, não foi isso que aconteceu. Emprestou-se dinheiro inexistente gerando dividas irracionais que agora ameaçam não só os bolsos, mas a paz do planeta.

A situação econômica levou o planeta às questões políticas de regulamentação da moeda, que se choca com o capitalismo liberal de auto regulagem, tão defendido pelos países do hemisfério norte. Enquanto isso, crescem os Movimentos pró-esquerda na América Latina, como possível alternativa à crise financeira.

As manifestações também se multiplicam a cada dia com o aumento do volume mundial de trabalhadores desempregados, que acabam sendo os principais “pagadores” da irresponsabilidade e ganância do setor privado e bancário.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) o número de desempregados em 2009 pode chegar a 50 milhões de trabalhadores. Estima-se que em 2008 o número total de trabalhadores na Canadá , França, Itália, Japão, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos é de 346 milhões (fonte: OCDE – Organização de Cooperação e desenvolvimento econômico).

“Mas o que eu tenho a ver com isso?”

Acho que a resposta para essa pergunta começa a ficar mais clara quando vemos (ou começarmos a ver) que muitos conhecidos perderam seus empregos e entrar no Mercado de Trabalho está se tornando quase impossível nesses tempos de Crise.

Mais gente desempregada aumenta as possibilidades reais de mal estar social e problemas graves potencializados com a criminalidade.

Em 2010, nós brasileiros teremos a difícil missão de escolher um presidente competente para os tempos difíceis que se aproximam. Aqui não se discute mais se é PT ou PSDB, mas se queremos um capitalismo liberal ou intervencionismo estatal para os desdobramentos econômicos. Isso me faz pensar numa pergunta: Por que acreditamos ainda que poucos privilegiados (banqueiros, sobretudo) são mais capazes por gerenciar a vida de milhões de pessoas?

Como recebi em um email:

Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo. Resolver, extinguir. Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta. Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. Ou o triplo. Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.

Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse. Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse. Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia.”

Que mundo queremos para o futuro? Que mundo vamos deixar para quem vier?

Provocação 14 – Futebol é coisa de mulher

Editorial:

Essa edição do Provoc@ç@o nada mais é que uma homenagem singela as jogadoras de futebol feminino, por tudo aquilo que elas mostraram em 2007. Pela garra, força, perseverança e coragem…
Não vou dizer muito, mas vê-las jogar, me deixou a forte impressão de que realmente é possível jogar um futebol bonito e alegre, sem as exacerbações publicitárias, mas com um mínimo de incentivo.
Fica aqui também a minha homenagem às mulheres brasileiras, especialmente àquelas que posso disfrutar da companhia.

Grande Abraço

V@lter Hugo Muniz

PS: Texto sobre a vitória feminina nos Jogos Panamericanos (http://vartzlife.wordpress.com/2007/07/26/rainhas-do-futebol/ )

provocacao-14
Para download: http://www.4shared.com/file/94912175/347505c1/Provocao_14.html

Eu, ciclista urbano

sobre-o-minhocao
As 7hs da manhã acordo e pego a bicicleta para participar de um dos muitos passeios ciclísticos organizados no dia de comemoração dos 455 da cidade de São Paulo. Este, especificamente, que decidi participar, foi organizado pelo grupo de ciclistas “Sampa Bikers”.

Ao ver a multidão que se formava, comecei a pensar o que faziam cerca de 200 paulistanos acordarem tão cedo no domingo, para simplesmente pedalar pela cidade.

Enquanto caminho em direção a “largada” do passeio, encontro um jovem e um senhor, provavelmente pai e filho, que logo se apresentam com o sorriso estampado nos rostos. Casais, grupo de amigos, gente de todo tipo, se reunia ali para participar do evento.

Depois das instruções de segurança partimos em direção ao centro velho de São Paulo. Pedalando com aquele grupo imenso, me sentia parte de uma grande instalação artística, que se contrasta com o ambiente acinzentado da cidade. Os motoristas de carro buzinavam, as pessoas nas ruas olhavam interessadas.

No caminho, os relacionamentos iam sendo construídos ao longo das pedaladas. Uma brincadeira, uma piada, um comentário, se transformavam em brechas para longas conversas a respeito do cotidiano dos ciclistas urbanos.

“Bicicleta paga um real! Um real!”, gritava divertido um senhor na entrada de um dos muitos estacionamentos pagos do centro da cidade!

Próximo a Estação da Luz encontramos um grupo grande de pessoas que se dirigiam a um dos shows organizados pela prefeitura. Muitos gritam, batem palmas, admiradas, e nós retribuímos com sorrisos, acenos, um simples agradecimento a toda aquela demonstração de carinho.

Depois de percorrermos quase 10 kms entre as ruas do Centro paulistano, nos encontramos com um outro grande grupo nas escadas do Teatro Municipal, ainda no Centro. Ali muitos se abraçam, tiram fotos, a alegria faz os dois grupos se misturarem ao ponto de eu quase não saber qual era o meu.

Porém ali decido encerrar meu passeio. Despeço-me das pessoas que conheci contente pelos novos relacionamentos construídos e por poder ver a minha cidade por outra perspectiva, pedalando em minha bicicleta.

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