Category: [Eu] Page 62 of 81

Indigno bexigão

3171153888_f9d49e970d_bFui feito com a melhor e mais bem curada borracha que a cidade oferecia. Coisa fina.

Nada frágil demais que seja destruído no primeiro golpe, nem muito rígido ao ponto de suportar as “porradas” que o meu ofício atribui.

Por meio do alvoroço que faço, sempre fui responsável em transformar o acontecimento “festa”, em algo agradável para o maior número de convidados. As crianças sempre esperam com ansiedade o momento do estouro do bexigão.

Mas, ser bexigão tem também seus paradoxos.

A gente sabe que a festa não depende da gente para acontecer. Também estamos cientes que, ás vezes, para que somente poucas pessoas sejam convidadas e não haja alvoroço na festa, acabamos sendo dispensados.

Se formos rígidos demais, acabamos sendo trocados. Afinal de contas, sem explosão não tem o que o dono da festa quer: estouro e distribuição de doces (circo e pão).

Já ser frágil também promove dispensa, porque os convidados precisam passar o máximo de tempo possível entretidos com a brincadeira.

Mesmo com tudo isso, a pior coisa de ser bexigão é viver todos esses paradoxos calado. Sem poder escolher quando e como serei estourado, quem vai participar da festa ou que tipos de doces vamos oferecer para quem nos “acertar”.

Não… nada disso… bexigão vai pro abate quieto, exerce a própria função calado, servindo de manobra para fazer a festa mais ou menos visível. Ai daqueles que, em vez de oxigênio, queiram ser enchidos de hélio, como os balões, para voarem bem alto, sem serem estourados.

Também porque, mesmo sendo balão, você ainda vai depender da boa vontade dos outros para efetivamente existir!

Pensamentos:

Pensando na relação em que me encontro profissionalmente quase não consigo me ver de maneira diferente.

Estou me formando em uma faculdade que me molda de maneira “eficaz” para o Mercado… Nem vazio, nem fraco, nem muito forte nos meus paradigmas, mas sim aberto aos fragmentos de verdade que cada acontecimento tem.

(Ser jornalista, para as empresas de comunicação, é ter conteúdo suficiente para identificar esses fragmentos, mas sem a “consciência” que atrapalha “A verdade” que deve triunfar)

Esses acontecimentos, a festa, devem seguir a parcialidade dos diretores, chefes de redação, editores ou mesmo os jornalistas formados que, mais por respeito humano do que por competência efetiva, ditam.

Ser socialmente “dispensável”, estar em uma classe trabalhadora desunida e principalmente incapaz de lidar com as diferentes posições, nos faz sermos escravos dos mandos e desmandos das empresas. Somos massas de manobra política que torna um acontecimento mais ou menos relevante. (Afinal somos só acessórios)

Existe um silêncio prudente (ou covarde) que pode acarretar ou não no crescimento profissional dentro de uma empresa de comunicação. O famoso “engolir sapo”.

Esse é o meu sentimento no advento de me tornar jornalista. Ter que lidar com problemas, paradoxos, paradigmas frágeis e manter-me “bexigão”. Ali, no alto, para estourar ou não, quando necessário.

E mesmo se contemplo uma forma de fazer a festa ser mais animada, tenho que me manter calado, na minha indigna pequenez.

[Receita testada] Bolo Theodora

Fazia muito tempo que não comia um bolo com sabor especial. Até que a Gloriete, editora do Balanço Social, levou esse bolo “buonissimo” e pensei em faze-lo no aniversário do meu pai, 31 de julho.

Achei que seria bem difícil fazer, mas mesmo sem batedeira e sem seguir estritamente as recomendações, ficou delicioso. Com gosto de pão de mel.

Bolo Theodora (especiarias)

Ingredientes:

14 colheres (sopa) de farinha de trigo peneirada
10 colheres (sopa) de açúcar mascavo peneirado
8 colheres (sopa) de açúcar branco
2 colheres (sopa) de manteiga
1 copo de leite
3 ovos
4 colheres (sopa) de cacau ou chocolate em pó
1 colher (chá) de canela em pó
1 colher (chá) de cravo em pó
1 colher (chá) de noz moscada ralada
(esses três ingredientes você acha já em pó no supermercado)
1 colher (sopa) de fermento em pó

O que fazer agora?

1. Bata a manteiga com o açúcar branco, até formar um creme.

2. Sem desligar a batedeira, coloque as gemas – uma a uma (isso amolece bem a massa)

3. Misture em uma vasilha o leite com o açúcar mascavo peneirado e em outra, as especiarias e a farinha de trigo.

4. Despeje na massa, aos poucos, o leite misturado com o açúcar mascavo, alternando com os pós – farinha e especiarias -misturados (exceto o fermento)

5. Em separado, bata a clara em neve, coloque o fermento e mexa devagar.

6. Misture levemente com a massa batida do bolo

7. Leve para assar em forma de buraco no meio, untada com manteiga e farinha, por 30/35 minutos.

8. A cobertura você pode fazer misturando 4 colheres de chocolate em pó com uma caixinha de creme de leite, mexendo até começar a ver o fundo.

29 dias no país do Tsunami- Parte 15

Depois de esperar um pouco, entramos no navio que nos levaria a Nias. Não poderíamos esperar um lugar tão bom.

O navio, no inicio parecia estranha, superlotada, perigosa, mas quando entramos no nosso quarto, quase não acreditávamos: duas camas (com colchão) maravilhosas. O “miltiplo” (mil vezes recompensável) depois de uma viagem de carro tão cansativa.
Chegando em Nias...
Chegando em Nias…

Fomos imediatamente descansar e ali ficamos até hoje cedo, quando finalmente chegamos em Nias.

Uma visão fantástica…. a praia… tudo. Parecia que estávamos chegando em um pequeno paraíso.
Vista matinal do alojamento das irmãs franciscanas
Vista do alojamento das irmãs franciscanas
Fomos para os nossos alojamentos. Uma bela casa de irmãs franciscanas que acolhem todos os voluntários que vêm à ilha. O quarto é maravilhoso e a visão inesquecível.

Tomamos banho (aos moldes indonésios) e depois fomos conhecer a cidade.

Impressionante.

Não acreditava naquilo que meus olhos viam. Uma cidade toda destruída pelos terremotos. Casas, escolas, tudo “no chão” o parcialmente arrasado.

Primeiro contato com a destruição

Primeiro contato com a destruição

Foi o meu primeiro contato com a destruição daquele país e me veio uma grande tristeza pensar quais perspectivas teriam os sobreviventes num lugar extremamente pobre como aquele e me dou conta do quanto terei que trabalhar aqui.

Voltando para os alojamentos fico pensando no que vi, enquanto espero o almoço.

H1N1

Imagem de microscópio electrónico do vírus da gripe A (H1N1) rearranjado

Imagem de microscópio electrónico do vírus da gripe A (H1N1) rearranjado

Aos poucos o ocidente vai virando oriente.
É culpa da gripe do porco
Parece mesmo que ta todo mundo louco.

Cumprimentos serão como as reverências japonesas
E eu já sou adepto, com certeza.
Finalmente uma saída pra crise.

Não tinha mais guerra pra resolver o problema econômico.
Então chegou a gripe para matar e a gente entrar em pânico.
E vamos virar oriente, logo.

Tem empresa que não deixa o pessoal se cumprimentar
E na Igreja nem a paz de cristo é permitido dar
Tudo culpa da gripe do porco.

E a situação vai piorando a cada dia.
E isso me faz lembrar o sábio canastrão que dizia.
Aos poucos o ocidente vai virando oriente

E é tudo culpa da gripe suína
Que vai afastando menino de menina
de pouquinho e já é um pouco.

Um ano em que a Menina que perdeu o assovio encontrou com Deus

Paulinha e sua mãe, Telma

Paulinha e sua mãe, Telma

Eu e a Menina que perdeu o Assovio éramos muito amigos. Encontramos-nos pela primeira vez em frente à universidade em que estudo. Aquele sorriso, de uma fragilidade…

… só menor que o meu desconhecimento a respeito da Fibrose Cística, doença que a levou há um ano atrás.

Com a Ju demos gostosas risadas. Uma amizade verdadeira, instantânea, como esses macarrões que matam a fome de gente apressada e preguiçosa de comer coisa que realmente sustenta.

Mas o que mais me sustentou depois que ela partiu,  foi ver que saber conviver com a dor é uma arte, uma graça que poucos conseguem lidar. Nisso a Menina que perdeu o Assovio era imbatível.

Poucos acreditavam que as suas recaídas a faziam frágil, que os desmaios preocupavam.. Todo mundo achava que poderia ser manha… as vezes eram, mas a sua alegria contagiante era o que ocultava a sua doença.

Por ela, conheci a maravilhosa Telma. Mãe e mulher de força guerreira, de cuidados de enfermeira profissional. Conselheira, amiga… doce quando a Menina que perdeu o Assovio precisava de mimo e dura quando precisava de coragem.

Deliciosos pães de queijo (mineiros, claro), saborosas conversas, inesquecíveis comunhões.

Bom… Viver a “passagem” de alguém machuca, sobretudo uma alma despreparada como a minha. Principalmente sabendo que o final da sua vida, a Menina que perdeu o assovio precisava enfrentar sozinha.

E aí, o desespero da impotência. De abraçar sua mãe, ouvir: “Eu me sinto a Desolada” (Maria, mãe de Jesus, que viu o filho morrer) e simplesmente chorar e assumir aquela dor, como minha. Afinal de contas as dores, como as alegrias, precisam ser compartilhadas SEMPRE.

Já faz um ano e eu não consigo esquecer da minha despedida, não consigo esquecer do Adeus, mas mais que tudo isso, não esqueço as risadas, os “gansos”, as broncas, as poesias e a certeza que o nosso reencontro será tão festivo, como o curto período de convivência.

Texto em homenagem à Paulinha Bichara que, no dia 23 de julho, fez seu primeiro aniversário ao lado de Deus

Mais textos para conhecê-la:

Outros textos

Um ano em que a Menina que perdeu o assovio encontrou com Deus

Saudades da Menina que perdeu o assovio

O encontro do Pequeno – alegria com a Menina que perdeu o assovio

O dia em que a menina que perdeu o assovio se foi

O último encontro com a menina que perdeu o assovio

A menina que perdeu o assovio

Para sempre Paulinha – Revista Cidade Nova – outubro de 2008

A palavra que transforma – by Paulinha Bichara

 

Page 62 of 81

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén