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29 dias no país do Tsunami – Parte 21: Minha casa do outro lado do mundo

Todas as vezes que me sento para escrever como vivemos um dia aqui tenho a impressão de poder escrever um livro.

Acordamos cedo com o barulho de músicas e gritos. Porém consegui dormir bem, descansei bastante e me levantei as 8:30h.

Depois formos fazer algumas fotos de Patrick e Andrew ensinando inglês para as crianças e logo em seguida fui tomar café. Comemos e logo em seguida fomos trabalhar.

Como não me sentia muito útil ali, com os peões, naquele momento, fui jogar com os e as crianças da escola. Diverti-me um bocado. Demos muitas reisadas e eu até aprendi um jogo novo com as meninas.

Fomos almoçar e depois fui conversar um pouco com Ago e descansar. Quando acordamos fomos novamente convidados para um banho de mar.

Desconfiado da última (e traumatizante) experiência perguntei em inglês se era o mesmo lugar que havíamos ido no dia anterior. Disseram que não, que era muito longe e deveríamos até ir de caminhão para chegar até lá.

Procurando manter a tranqüilidade e confiar no que havia dito subi na caçamba do caminhão, acompanhado de uns 20 meninos, 4 freiras e meus companheiros de viagem! Uma aventura!

Era interessante saborear aquele céu, aquele vento no rosto, uma sensação de liberdade que só a natureza e uma alma desapegada podem resumir!

É difícil explicar o lugar maravilhoso que fomos hoje a tarde. O Paraíso. Nunca estive num lugar tão bonito. A praia maravilhosa, limpíssima e deserta. As palavras nunca poderão descrever a beleza do lugar

Nadei um pouco, joguei futebol com as crianças e fiz algumas fotos. Tenho já a impressão de ter nascido aqui, de ser um deles. Não entendo uma só palavra de Bahasa (a língua local), mas sinto o forte o amor desse povo.

Ler o livro da historio do Movimento dos Focolares (Il Popolo nato dal Vangelo) durante essa aventura me faz ser outra vez apaixonado pelo Ideal e pelas pessoas…

E aquele projeto ainda estará no ar por Laura Barile

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Laura Barile não é só uma garota formidável, uma amiga divertida e prestativa, é também uma grande profissional.

Lembro-me bem da primeira vez que conversamos e ouvi de sua boca um “eu não quero ser jornalista, mas quero fazer cinema”.

Quem diria que um dia estaríamos nos formando juntos, não no que ela sonhava, mas no tal jornalismo que ouvi, também da sua boca, no dia da apresentação do seu documentário um “eu gostei de me formar nisso”.

Fora esses detalhes, acho que vale a pena propagandear esse filme… longo como o meu, mas muito interessante, pois falas das inúmeras possibilidades da TV, pontuados por grande nomes da “indústria da imagem”.

Segundo ela … “O documentário apresenta uma reflexão sobre a possibilidade de qualidade na tv brasileira, a partir da atuação de duas produtoras da década de 1980: TVDO e Olhar Eletrônico”.

[vimeo=https://vimeo.com/23758205]

29 dias no país do Tsunami – Parte 20: Um projeto para ajudar a Indonésia

Um pouco do projeto em que estive envolvido para ajudar a Indonésia.

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Luto palmeirense na dinâmica do perde-ganha

A vida é movida pela magia de um jogo de perde-ganha, apaixonante para quem gosta de jogar.

Somos lançados ao acaso dentro de um imenso tabuleiro e passamos grande parte do tempo tentando entender o que fazer para chegar a tal (desconhecida) linha de chegada.

Crescer é também um processo de compreensão complexa em que, se somos sábios, percebemos que não importa tanto as vitórias e as derrotas, elas se alternam de forma imprevisível, por isso o que vale mesmo é participar do jogo e também, hora concorrer, hora cooperar com nossos semelhantes.

Essas características da vida têm ligação direta com o jogo de futebol. Nele, cada time defende uma bandeira, uma tradição, uma história, valores próprios que diferenciam os “jogadores” durante as partidas.

É aí que está guardada a magia do futebol. Que gera paixão, sofrimento, alegrias que muitas vezes podem substituir fracassos e perdas, ou mesmo as dificuldades ainda insuperáveis na vida real de cada um.

Só que, como no universo real, somos livres para jogar da maneira que quisermos, até o ponto de poder também desistir do jogo. Suicídio, eutanásia são algumas das formas que o ser humano encontrou de “parar de jogar”, de desistir.

Sim, essa liberdade perante a própria vida é questionável, pois ninguém é completamente desconexo da realidade, e sair do jogo também transforma as jogadas das outras pessoas.

Mas, pior que decretar o fim da própria vida é destruir o jogo do próximo. Guerras, genocídios são presentes na historia da humanidade e, em certa maneira, no cotidiano em que estamos imersos guardadas as devidas proporções, claro.

Toda a tentativa de acabar com o jogo, tira completamente a magia dele.

É assim que me sinto hoje como torcedor do Palmeiras, amante do futebol.

Há tempos estava um pouco desmotivado com o esporte… pelo dinheiro envolvido, a corrupção, a violência, a falta de competitividade e identidade entre profissionais com o clube que defendem.

O futebol é uma escola de valores que incute a importância que existe em competir, lutar, do espírito de equipe, do coleguismo, do profissionalismo, do respeito ao outro, da humildade e tantos outros valores que o mundo real quase não consegue enxergar.

Mas, justamente naquilo que acho mais verdadeiro, genuíno nesse esporte que tanto amo, fui ferido ontem.

A atitude do flamenguista Obina e do Mauricio violaram toda a magia que ainda guardava pelo futebol. Me senti completamente desrespeitado como torcedor, como amante da bola, como ser humano.

Não dá para não me sentir envergonhado em ver o quanto somos capazes de destruir o jogo, os sonhos de um enorme grupo de pessoas, desvalorizar o trabalho de outras tantas, por não sabermos controlar os próprios impulsos.

Estou repensando a minha relação com o futebol depois do que vivenciei ontem… Foi a morte, o fim da magia, de algo que sempre acreditei.

Sofri menos quando o Palmeiras caiu para a segunda divisão, pois havia luta, havia magia na vontade de vencer. Ontem, houve um desprezo à história, aos valores e aos sonhos que existiam nessa grande e maravilhosa família palmeirense.

Estou de luto!

29 dias no país do Tsunami – Parte 19: Um mergulho inesquecível

 

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Você nadaria aqui? Eu nadei!

As 17h… FUTEBOL! Estava morto para jogar mas com o incentivo dos meus companheiros de viagem fiquei pelo menos um pouco com as crianças.

Depois fomos para a praia e essa experiência ficará marcada para sempre nas minhas recordações.

Imagine um dia de trabalho duro… sob um sol de 40 graus, depois de viajar umas 10 horas.

Suado, cansado, ao saber que iríamos para o mar, fiquei feliz demais, afinal de contas, nem sabia se naquele lugar haveria água limpa para tomar banho…

Junto com os trabalhadores que estiveram conosco todos os dias fomos caminhando até a tal “praia”, mas há alguns quilômetros de distância, comecei a sentir um cheiro terrível de esgoto. Quanto mais nos aproximávamos, mais o cheiro aumentava.

Chegando naquele que era, antes do Tsunami, um porto para desembarcar pesqueiros, fiquei abismado e disse comigo mesmo “Não vou nadar nesse lugar nem a pau”.

Quando terminei essa frase dentro de mim… meus colegas italiano e ingleses já haviam tirado o tênis e se jogado no mar. Segundos de desespero tomaram conta de mim. Todos gritavam me chamando… me olhavam… “não poderia fazer essa “desfeita” com o convite”.

Aqueles minutos tirando o tênis, as meias, foram os mais longos da minha vida… queria chorar, correr, mas não, ali podia só mergulhar, naquelas águas turvas, certamente cheia de impurezas perigosas, porque não com corpos no fundo? Mas, mais que isso, nadar com aquelas pessoas era mergulhar na realidade dura que meus irmãos indonésios estavam vivendo.

Tampei a boca e, ao pisar na areia, me enojei com o lodo que passava entre os meus dedos e decidi: vou nadar até não dar mais pé… e foi o que fiz…

Depois foi tranqüilo… passamos 30 ou 40 minutos nadando, brincando com aquele pessoal, as crianças. Estar com eles é sempre formidável. Acredito que esse nosso tentar ser um deles foi bem entendido.

Voltando para casa fomos nos perguntando se teríamos um lugar onde poderíamos tomar banho… e claro… até aqui Deus foi bem generoso. Depois do banho com água limpa, fomos jantar.

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