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[vidaloka] Dentro quente e fora abaixo de zero

Enquanto o tempo escorre em uma velocidade difícil de acompanhar, eu tento estar intensamente imerso em cada “gota de momento”, vivendo aquilo que deve ser vivido e sonhando aquilo que deve ser sonhado.

Estamos já em fevereiro e semana que vem festejo com Flavia o nosso segundo ano juntos. Fora o fato de ser um recorde pessoal, vejo que a vida com ela vai se plasmando em um “sempre novo” na medida em que conseguimos a nos conhecer (e nos amar) mais, mas sobretudo aprender a perdoarmos um ao outro para que o amor possa  se renovar.

Neste momento me encontro em Wohlen, cidade da família da Flavia, disfrutando de um frio abaixo de zero, com muita neve, panorama ideal para estar dentro de casa, ver um filme, tomar um chazinho e conversar.

Inúmeros os motivos de, nas pequenas coisas, nos sentirmos felizes e acho que redescobrir a felicidade no quotidiano é a salvação da humanidade, pois só assim é possível desenvolver a consciência de que somos um milagre neste mundo.

Algumas coisas concretas do casamento estão se resolvendo aos poucos, com naturalidade e simplicidade. Deus vai abrindo as portas que nós, humanamente, não conseguimos e isso nos dá uma sensação incrível de que temos o melhor “assessor” de casamentos do mundo.

Na próxima semana voamos para Budapeste. A capital húngara, primeira cidade do leste europeu que conhecerei, é especial não só pelas sete pontes e por ser o “próximo palco” do encontro de jovens do Movimento dos Focolares, mas também porque hospeda meu grande “irmão branco” Cristian.

Este sem dúvidas foi o meu melhor presente de natal da vida. Encontrá-lo significa uma oportunidade de “confronto” com todos os passos e caminhos percorridos até agora.

Até lá terei um final de semana intenso de estudo… dois dias de “relações internacionais” com o meu querido Kindle Fire… Realismo, Liberalismo, Construtivismo… bem interessante.

Que [vidaloka]!

29 dias no país do Tsunami – Parte 37

País do Tsunami. As 7hs estávamos de pé porque em meia hora chegariam as focolarinas para nos buscar para aquela que seria a viagem mais cansativa até então: 15 horas de estradas sinuosas e esburacadas de Aceh até a capital Medan.

Estávamos apertadíssimos no carro, porém eu e o napolitano Leonardo pudemos ao menos conversar um pouco sobre aquilo que havíamos vivido durante a nossa estadia na região mais afetada pelo Tsunami.

Porém, não foram somente as boas recordações que eu levarei dessa última viagem em solo indonésio.

Na metade do caminho decidimos parar em um pequeno restaurante de beira de estrada para almoçar.

Assim que me sentei percebi que a natureza estava me chamando para realizar umas das atividades fisiológicas mais importantes: o vulgo “número 2”.

Naquele momento me dei conta que as diferenças culturais diminuíram bastante, pois mesmo do outro lado do mundo os banheiros de restaurantes de “beira de estrada” são bem sujos. Porém ali haviam alguns acréscimos notáveis, que a pressa (e o estômago) me fizeram esquecer.

A primeira “diferença” era a ausência de vaso sanitário. Tive que tirar as calças e pendurá-las em algum lugar limpo para fazer minhas necessidades. Olhando para o chão imundo decidi não pisar descalços. Apoiei os pés no meu tênis e pronto, agora sim poderia realizar a minha importante missão.

Depois de alguns minutos satisfatórios, lembrei-me da segunda diferença: Na Indonésia não se usa papel higiênico. Dentro do tanque ao lado do buraco para as fezes, um balde mergulhado em uma água imunda, que eu deveria usar para me limpar.

Estava no final da viagem e alguns pudores “ocidentais” já não serviam. Peguei um pouco de água e me limpei, ajudado pela mão esquerda e tentando não fazer com que a água escorresse pelas minhas pernas, pois não tinha uma toalha para me secar.

Missão realizada e novamente outra ficha caiu: Como voltaria para a mesa, almoçar, com a mão fedida?

Olhei ao meu redor e não encontrei nenhum sabonete ou algo que pudesse limpar as mãos. Após alguns minutos desesperado encontrei um xampu que simbolizou a salvação.

Lavei as mãos e voltei à mesa mais leve (em todos os sentidos) e pronto para almoçar. Aventura inesquecível.

Chegando depois de muito tempo em Medan fui saudar Luce, focolarina brasileira que vivia na capital da ilha de Sumatra.

Amanhã vamos embora da Indonésia e já sinto uma dor grande de deixar esse país que se tornou pátria.

[vidaloka] Novo ano em Loppiano

A primeira semana de 2012 em Loppiano já faz parte do passado.

Depois de uma longa viagem de trem de Genebra em direção à Incisa Val d’Arno tive que mergulhar novamente em uma realidade onde, espiritualmente, eu me distancio cada dia mais.

Porém, em contrapartida, percebo uma necessidade de conversão, de recomeço e sobretudo de procurar estar aberto às pessoas, às dificuldades, ao ambiente que nem sempre “acolhe”.

O período de férias com a família Ganarin me ajudou muito a descansar e me preparar para esse ano muito especial para mim e Flávia. Pudemos estar juntos, com toda a família, conversar e sentir a alegria que só uma família pode proporcionar.

Aqui em Loppiano a lógica mudou um pouco… fui obrigado a me colocar na postura de não esperar, de procurar antes de tudo fazer a minha parte, intercalando as obrigações e necessidades pessoais àquelas coletivas.

Interessante ver que realmente um ambiente colaborativo depende de uma mínima reciprocidade. Se uns fazem mais que outros por muito tempo, movidos intrinsecamente por um ideal, o cansaço é iminente. Muitos dos meus companheiros de residência estão em um estado de cansaço preocupante e precisam repousar.

Eu tenho alguns trabalhos nas próximas duas semanas antes de voltar pra Suíça. Nesta semana que passou consegui dar entrada no meu “Permesso de soggiorno”, a carteira de identidade do estrangeiro que deve ser renovada a cada ano.

Tivemos aulas bem interessantes de Relações Internacionais e finalmente consegui decidir um título provisório para a minha tese: Identidade e Comunicação. Aspectos éticos relacionais da comunicação jornalística em uma Sociedade de Massas.

Longo, complexo, mas terei 5 meses para trabalhá-lo. Estou lendo um manual de comunicação e assim terei as primeiras linhas de como prosseguir.

Vamoquevamo

23 meses juntos!

23

Difícil explicar a importância que esse número tem na minha vida, mas sempre que ele simboliza um momento particular sinto-me mais seguro.

Concordo que pode ser superstição, comportamento pouco Cristiano, mas é algo que não sacralizo, somente me divirto em contemplar.

Sempre pensei que me casaria com 23 anos. Achava que seria o ano mais especial da minha vida, procurei vivê-lo ainda mais intensamente, mas os anos se passaram… 5 anos… e só agora esse momento decisivo chegou.

O interessante é que mesmo se não sou eu que festejarei esse momento mágico com 23 anos será a minha futura esposa. Coincidência?

Existem outras… o fato que nós dois nascemos no dia 23… 23 de março e 23 de Abril… e elas não param por aí.

Porém, o motivo que me fez escrever esse post é que justamente hoje, 8 de janeiro de 2012, festejamos 23 meses oficialmente juntos (1 ano e 11 meses).

Esse período tem sido muito especial justamente porque vemos também os frutos de procurar viver em comunhão as alegrias e os desafios de um projeto que visa edificar uma família.

Ontem, em uma conversa com minha prima, fomos surpreendidos pela sua “oferta” e de seu marido de começar a ver as coisas concretas do casamento no Brasil.

A coisa mais bonita é que justamente há dois dias conversávamos (com um pouco de preocupação) sobre como preparar o casamento concretamente, à distância. Coincidência?

Para nós não, pois vemos que se procuramos fazer tudo juntos e mantendo a paz e a alegria entre nós, a ajuda chega de lugares inesperados, as soluções aparecem.

Marcos já deixa saudades…

Torcedor de futebol é um bicho estranho. Por mais sensato que possa parecer, é capaz de perder a razão, os amigos e até a namorada pela paixão incontrolável pelo próprio time.

Mas eu não.

Tive a “sorte” de nascer filho de um santista admirador e não fanático por futebol.

Isso me poupou alguns anos de sofrimento, quase ilusórios, porque quando entendi que tinha vocação pra torcedor do Palmeiras, nunca mais dormi tranquilo depois de um jogo do meu time: ou por culpa da tristeza da derrota ou pela agitação de mais uma vitória.

Mas o capítulo mais marcante da minha vida de Palmeirense aconteceu quase 12 anos atrás, na minha cidade natal, durante a semifinal do campeonato de futebol mais importante do continente.

O Palmeiras jogava contra o seu maior rival e depois de uma batalha vencida no jogo normal, os pênaltis. Momento de tensão que deu quase em briga, mas que culminou com o encontro dos dois maiores ídolos contemporâneos de Palmeiras e Corinthians: Marcos x Marcelinho Carioca.

A Narração daquele momento ainda toca meu coração quando escuto novamente:

“……Marcelinho esta na bola, Marcos no centro do gol, se Marcelinho perder o Palmeiras está na final de libertadores, Marcelinho correu em direção a bola bateuuuuu …….. ESSSSSSSSSSSSSSSSSpppppppppppppppaaaaaaaaaaaaallllllllllllllllmmmmmmmmmmmaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Maaaaarrrrrrrccccccccccooooooooosssss !!!!!!! O Palmeiras está na final da Libertadores de 2000!!!

A festa foi linda, inesquecível. Lembro-me bem dos tantos abraços aos inúmeros desconhecidos nas arquibancadas do Morumbi lotado. As lágrimas que escorriam de emoção… difícil de explicar o sentimento…

Porém algo inesperado saiu da boca do herói da partida, que poderia dizer, como disse o jovem atual ídolo do Santos após o título da mesma competição: “Hoje eu fiz história”. Mas não, Marcos ressaltou o fato de que pênalti é loteria, a união do time e não os próprios talentos, a façanha pessoal.

Esse é o Marcos. Atitudes de respeito e incontáveis exemplos de como se dever ser esportista o fazem ídolo não só da “Famiglia Palestrina” mas de qualquer amante do futebol.

Em um mundo de ídolos arrogantes como o santista Neymar, o português Cristiano Ronaldo, comparo Marcos e a sua grandeza a um outro ídolo, jovem, talentoso e acima de tudo humilde: Messi.

Marcos deixa a carreira de goleiro do Palmeiras, da Seleção, como campeão não só nos gramados, mas na vida, no testemunho aos jovens  (futebolistas ou não) brasileiros de que, antes de ser ídolo pelo talento, é preciso crescer em caráter, no respeito aos adversários e no amor ao próprio time.

Obrigado Marcos, em você se renova o meu orgulho de ser Palmeirense.

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