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O genocídio de professores no Brasil

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Talvez eu vá me cansar (e cansar os leitores), mas não consigo deixar de protestar contra a truculência da Polícia Militar que, sistematicamente, tem agredido os cidadãos do país. A minha revolta não é (toda) contra o elemento singular, o policial mal pago que está na linha de frente dos protestos, mesmo ele tendo o “dever moral da desobediência”. O que mais me entristece é aceitação social de uma corporação corrupta, assassina e centrípeta como a Polícia Militar, que não existe para servir o povo, mas para a manutenção dos próprios interesses corporativos.

É uma vergonha, ainda maior, ver alguns policiais militares baterem, descaradamente, na cara dos (poucos) professores que ainda restam nesse país e que lutam por essa classe tão marginalizada. O que foi feito com os profissionais da educação na Câmara Municipal carioca é mais um episódio que nós, brasileiros, deveríamos nos envergonhar.

Como um país vai se desenvolver sem educação? Sem valorizar seus professores? Como tem sido até agora, na malandragem, no jeitinho.

O mais triste é que há anos vem diminuindo potencialmente o número de jovens interessados na profissão de professor.  De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a educação básica brasileira (que inclui a educação infantil, a especial, o ensino fundamental, o médio e a educação de jovens e adultos – o EJA), em 2007 havia 2.500.554 profissionais atuando em sala de aula. No ano de 2009, esse valor baixou para 1.977.978.

Esse verdadeiro “genocídio” de profissionais da educação, fruto das políticas públicas que parecem concorrer para a ignorância coletiva, pode ter consequências ainda mais drásticas do que aquelas que estamos vendo crescer na sociedade brasileira.

Aceitar a violência histórica contra os professores do Brasil é ser cúmplice da falta de consciência cidadã e da desvalorização dos valores morais que estão na base de qualquer Estado-Nação.

A primeira gestação matrimonial

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Há um pouco mais de dois anos, com minha então namorada e agora esposa Flavia, decidimos nos casar. Não foi nem um momento traumático, como se pode, talvez, imaginar, nem algo mágico, romântico, como as mulheres costumam idealizar, principalmente aquelas que baseiam suas experiências de vida nos filmes hollywoodianos. Foi uma decisão simples, pensada juntos, com alegria e serenidade.

Bom, cada vez mais eu percebo que o casamento tem realmente pouco a ver com “romantismos”. Digo isso, não porque desprezo gestos sinceros, simbólicos e românticos, muito pelo contrário, sei muito bem o valor e o significado disso para grande parte das pessoas, principalmente aquelas de duplo cromossomo X. Só acho que supervalorizá-los pode criar frustrações e tirar o foco para o que realmente importa na vida a dois: o companheirismo cotidiano.

Ontem, 22 de setembro, festejamos nossos nove meses de aventura em família. Não foram só rosas e muito menos espinhos que “enfeitaram” nosso casamento até agora. As dinâmicas, descobertas, dores e alegrias, nos levaram a reconhecer o “abismo do outro” que pode ser, sim, trabalhado, mas somente se, à priori, aceitamos o “diferente” assim como ele realmente é.

Essa experiência cíclica permeou a nossa primeira “gestação” matrimonial. Foram meses de um contínuo recomeçar que, contudo, provavelmente continuará nos próximos 9 meses, 9 anos, 9 décadas….  Tudo na simplicidade do companheirismo cotidiano. No calar e escutar, no respirar e falar, no infinito amar.

Isso faz do casamento algo tão bonito porque real, simples, possível. E sem dúvidas, dia após dia, acredito que posso repetir: foi a melhor coisa que eu fiz na vida.

A derrocada final do vemprarua

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Roberto Jefferson elogiando o novo julgamento para os acusados do Mensalão disse que, desta forma, “o Supremo afirmou que a democracia não é o regime da passeata, é o regime da lei. É a vitória da lei sobre a passeata”.

A afirmação do ex-deputado, condenado a sete anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, cria um antagonismo esquizofrênico que, antes de tudo, fere a ontologia da democracia.

Demo+kratos” é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões politicas está com os cidadãos, direta ou indiretamente. Isto é, democracia não é o regime da lei, mas a expressão comunitária dos interesses individuais, negociados em prol de um bem comum.

Subjugar o “governo do povo” à lei é colocar o Direito acima da sua (única) função: garantir que os interesses privados não se sobreponham aos comunitários, punindo (possivelmente) aqueles que se beneficiam pessoalmente da concessão de poder que lhes é conferido.

Roberto Jefferson e os outros 11 acusados pelo crime político, de maior gravidade no Brasil pós Collor, menosprezaram o clamor popular, o desejo de justiça coletivo, que deveria estar na ponta de um ambiente democrático.

A adoção de um novo julgamento para os acusados do Mensalão, mesmo se prevista em lei, exprime um fracasso simbólico, mais um, em um país que clama por justiça. Esta derrota não é no âmbito político-partidário, mas na desvalorização do #vemprarua, que mobilizou massivamente o povo e, agora, mostra novamente que, para mudar o país, é preciso muito mais que palavras de ordem.

Clique aqui e veja os quadrinhos que contam a história do Mensalão

Pedagogia futebolística

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Gosto de pensar a pedagogia da vida a partir do futebol, pois foi justamente por meio desse esporte que descobri a beleza de lutar, de superar os desafios, de ser criativo, de me doar, de ter espírito de equipe, generosidade e claro, foi onde aprendi a perder e recomeçar.

Esse “paralelismo” me fez perceber que a vida é, sobretudo, um grande jogo. Ás vezes nós nos preparamos bem e conseguimos superar desafios. Outras tantas, “treinamos pouco”, acreditamos que só o talento basta e somos surpreendidos com derrotas, fracassos. No jogo, como na vida, também podemos construir laços profundos, principalmente nos momentos de dificuldade. Assim, ficamos mais fortes, porque unidos.

Ontem, no amistoso entre Brasil e Portugal, o capitão brasileiro Thiago Silva mostrou, concretamente, como tudo isso é possível. Durante o primeiro tempo, após uma falha grave do lateral brasileiro Maicon, a seleção portuguesa abriu o placar.

Quantas vezes um “grupo” é prejudicado por uma falha individual? Contudo, a vida nos dá a oportunidade (se quisermos) de olhar pra frente, continuar “jogando” para nos recuperarmos. E foi isso que aconteceu no jogo de ontem. Após um escanteio batido por Neymar, Thiago Silva, o capitão, subiu mais alto que os zagueiros portugueses e cabeceou a bola para empatar a partida.

A comemoração de Thiago foi simbólica, comovente. O zagueiro brasileiro apontou para Maicon, ofereceu-lhe o gol, colocando em evidência o valor da união, da ajuda recíproca, o valor do grupo que cobre as falhas individuais.

Que lição bonita deu o futebol! Poderíamos estar lamentando hoje, como fazemos muitas vezes em nossas vidas, que perdemos porque fulano ou ciclano falhou e comprometeu o trabalho do grupo. Mas, Thiago Silva mostrou que, enquanto a bola rola, a vida continua, podemos sempre transformar a realidade e, digo mais, fazer com que uma dificuldade seja oportunidade de estreitar laços, fortalecer o grupo, para as muitas dificuldades que ainda virão.

Dona Maristela perdeu seu dicionário e esqueceu o significado de “respeito”

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“A solidariedade e a fraternidade são elementos que fazem da nossa civilização verdadeiramente humana”, disse o Papa Francisco, durante a sua passagem pelo Brasil na Jornada Mundial da Juventude. E bem, é difícil saber o quão distantes ambos “elementos” estão da nossa realidade.

Nos últimos dias, eu tive o “desprazer” de assistir ao depoimento desumano da gaúcha Maristela Basso, ao vivo, no Jornal da Cultura. Advogada, Doutora em Direito Internacional (Ph.D) e Livre-Docente (Pós-Doutora-Post-Ph.D) em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo. Inscrita desde 1983 na OAB/RS, OAB/SP, OAB/RJ e OAB/DF, a advogada possui experiência nos Estados Unidos, Itália, México e Alemanha.

Os títulos são suficientes para preencher muitas páginas do seu curriculum lates, mas a ignorância e o desrespeito que demonstrou em rede nacional deprecia a classe intelectual brasileira, marcada por um elitismo que pouco fez, e pouco faz, pelos mais necessitados.

Comentando o incidente diplomático bilateral ocasionado pela fuga ao Brasil do senador opositor boliviano Roger Pinto Molina, com a ajuda do encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Sabóia, Maristela Basso disse:

“A Bolívia é insignificante em todas as perspectivas, (…) nós não temos nenhuma relação estratégica com a Bolívia, nós não temos nenhum interesse comercial com a Bolívia, os brasileiros não querem ir para a Bolívia, os bolivianos que vêm de lá e vêm tentando uma vida melhor aqui não contribuem para o desenvolvimento tecnológico, cultural, social, desenvolvimentista do Brasil”.

Faz muito tempo que não sentia tanta vergonha de um cidadão brasileiro. Raramente os nossos representantes conseguem levar ao mundo uma imagem positiva do país, mas, assistindo ao comentário da senhora Basso, percebi que a coisa ainda pode piorar.

A desumanidade do comentário não só denuncia (novamente) o imenso desrespeito que alguns brasileiros vêm demonstrando com os estrangeiros que chegam ao nosso país, mas evidenciam um preconceito vergonhoso, com milhares de adeptos e que “fazem coro” à senhora Basso.

Por outro lado, a veemente contestação do cientista político Carlos Novaes, que também participava da edição do jornal, ao discurso de Maristela Basso, mostra que existem, sim, intelectuais que consideram o respeito um elemento primordial das reflexões sobre os acontecimentos do mundo.

Resgatar a humanidade, a tolerância e, principalmente, a valorização das inúmeras diferenças culturais, nacionais ou importadas (mesmo que não sejam de um “país do Norte”), é fundamental para o “despertar do gigante”. Mas, para isso, é necessário o respeito, que, caso alguém não saiba o que significa, coloco abaixo a definição do dicionário Houaiss.

respeitar     Datação: sXV

n verbo

 transitivo direto –  1     ter respeito, deferência por (alguém ou algo); ter em consideração – Ex.: os filhos respeitam-no

 transitivo direto –  2     demonstrar acatamento ou obediência a; cumprir, observar – Ex.: r. as ordens

 transitivo direto –  3     ter medo de, recear –  Ex.: r. o animal bravio

 transitivo direto –  4     tomar em considerações; ter em conta; atender a – Ex.: r. a vontade do povo

 transitivo direto –  5     não causar qualquer prejuízo a; poupar – Ex.: r. as obras do passado

 transitivo direto –  6     ter cuidado com; não perturbar – Ex.: r. o sono de alguém

 transitivo direto – 7     demonstrar tolerância com; suportar, admitir – Ex.: r. críticas

 transitivo indireto –  8     dizer respeito a; concernir – Ex.: esses fatos respeitam à justiça

 transitivo indireto –  9     estar na direção; estar voltado; apontar – Ex.: quando saiu, o navio respeitava ao norte

 pronominal – 10   guardar o decoro que convém à sua situação, à sua dignidade; dar-se ao respeito

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