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Continuamos inseguros

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Depois dos casos de espionagem contra políticos e empresas brasileiras, tenho lido bastante sobre o assunto e refletido muito sobre a segurança (ou a ausência dela) dentro do espaço público virtual.

As verdades aprendidas na escola que acenavam aos benefícios da, ainda recente, globalização, na medida em que o tempo passa, se transformam em receios, geram desconfiança. Mas será que é possível dar um passo para trás em relação a ela? Acredito que não.

O fato é que a nossa atuação no universo “ONLINE” está cada vez mais sujeita à observação. Aquilo que compramos, baixamos, visitamos e  escrevemos; tudo pode ser controlado, espionado.

Os motivos são, majoritariamente, econômicos e políticos. A internet tornou-se, não só, um espaço de troca, que redimensiona os limites geográficos, mas ela é também um “ambiente” passível de manipulação de informações que, talvez, pareciam sigilosas. Tudo é controlado também em prol da “personalização” das ofertas de consumo.

Até aí, nada de novo. Mas e eu? Eu sempre me pergunto se existe realmente um interesse “especial” em saber aquilo que faço (ou deixo de fazer) na internet.

Acredito que, enquanto eu for alguém politica e economicamente “insignificante”, pouca coisa me espera. Claro que os e-mails ou “posts” nas redes sociais podem ser interceptados e manipulados por hackers. Também meu cartão pode ser clonado e as transações bancárias interceptadas. Mas isso é, fundamentalmente, sinal de segurança diminuída? Sim, mas sem exageros.

Todo cuidado é pouco para aquilo que se faz na internet, mas é o mesmo cuidado que temos que ter circulando pelas ruas de uma grande metrópole, onde o risco de perder a vida é mais literal.

No final, continuamos inseguros.

Luto pelos professores do Brasil

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Hoje, de maneira especial, sinto uma profunda dificuldade em escrever algo de bom sobre a situação dos professores brasileiros.

Impossível, porém, não me orgulhar de ter sido alfabetizado por um membro dessa classe sofrida. Sou parte de uma pequena parcela da população que pode desfrutar dos privilégios de ser educada por uma professora “de verdade”. Crescendo, me dei conta de que a “maldição pedagógica” havia contaminado toda a minha família: primas, primos, tios e tias, muitos deles são professores, a maioria da rede Pública. Pior: acabei também me casando com uma filha de professora.

Cresci ouvindo muitos absurdos a respeito do que se passa dentro do Ensino Público, no Estado de São Paulo. Talvez por isso use, de maneira injusta, a palavra “maldição” para falar de um dos profissionais mais basilares de uma sociedade que se diz “desenvolvida”. Mas, não é preciso um olhar muito apurado para perceber que o cenário atual do professor brasileiro, justifique o emprego de “maldição”.

Acho que a festa pelo dia dos professores deveria ser levada mais a sério. Não bastam abraços dos discentes, os parabéns de diretores, secretários da educação, prefeitos, governadores e nem mesmo da “presidenta”. É preciso um olhar humano e estratégico em relação a esse profissional. Pois, o sucateamento das estruturas em que os professores trabalham e o descaso cultural que existe em relação a eles estão nos levando, como nação, para o fundo do poço.

Engana-se o “romântico” que pensa que a consciência coletiva tem crescido porque fizemos uma dezena de protestos exigindo “tudo”. Sem um projeto que coloque a educação (e seus profissionais) como um dos pilares do desenvolvimento da nação, nós não teremos nem passado, nem futuro.

O dia dos professores, até que a situação aspire uma mudança real, deveria ser lembrado com tristeza, um dia de LUTO, de reflexão, pelo que cada um de nós, cidadãos, NÃO tem exigido pela educação no Brasil.

Somos, como povo, incapazes de perceber que os valores de uma pátria têm na educação seu principal aliado. Por isso, estamos nos transformando, cada vez mais, em um país privo de Valores. Não somos o país da educação. Somos o país do futebol, das mulheres frutas, do pancadão, do PCC. E parece que está tudo bem.

A (ir)relevância do que lemos

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Estamos constantemente consumindo informações e, muitas vezes, nem nos damos conta do conteúdo que a Grande Mídia “soca” em nossas mentes, sem qualquer tipo de compromisso em prover algo que é realmente importante para a vida das pessoas.

Hoje de manhã, acessando o site do globo.com, me deparei com dois exemplos pontuais de noticias que se encaixam nos extremos do que considero relevante ou não.

A primeira delas era sobre o passei solitário do jogador de futebol brasileiro Neymar, na China. É descarado o modo como a globo segue o jovem por todos os lados, faltando somente noticiar quando ele vai ao banheiro. Não é raro ler matérias sobre ele que fogem completamente do universo futebolístico em que ele está inserido. O porquê disso é difícil de entender, talvez pela necessidade comercial de fabricação de celebridades, mas a desnecessidade e irrelevância são óbvias.

A segunda notícia não se tratava de alguém famoso, mas de seres humanos desconhecidos, que, contudo, testemunharam algo que diz muito mais aos leitores, de maneira global.  Ela conta rapidamente o bonito ato de um americano com doença terminal que levou a filha ao altar deitado em uma maca. O testemunho Scott Nagy, no casamento da filha Sarah, na cidade de Strongsville, em Ohio, toca o coração do leitor de qualquer lugar deste planeta, pois acena para uma humanidade em que todos nos encontramos.

O paradoxo entre as matérias acima mostra a falta de critérios na produção de uma informação noticiosa. A humanidade de Neymar não vale menos ou mais que nenhuma outra. Por isso, ela deveria ser notícia, somente quando exprime algo relevante, no caso dele, principalmente, dentro de campo de futebol.

Seria bom se todos os sites fossem obrigados a incorporar um tipo de avaliação, como acontece em blogs e vídeos do youtube, para que as pessoas possam se manifestar, positivamente ou negativamente diante das informações exibidas, auxiliando o “corpo editorial” a escolher melhor o que noticiar. Isso se a Imprensa, de maneira geral, considerar relevante o que os leitores pensam sobre as noticias. Por enquanto, acredito eu, que não.

Pensamentos sobre a “relação-encontro”

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Uma das realidades mais bonitas e profundas do casamento, pensando no meu primeiro ano de “aventura”, é perceber o quanto ele é um “encontro formativo”. Aprende-se, individualmente, no exercício diário de purificação visando um amor sempre mais gratuito; e, como casal, na fusão cotidiana de sonhos, projetos, desejos, que deixam de serem pessoais e se tornam escopos familiares.

Tudo isso só é possível no verdadeiro encontro com “o outro”.  Hoje, durante as minhas leituras diárias, encontrei uma frase que define muito bem a potência dessa experiência: “No encontro com o outro, o olhar se abre em direção a uma verdade maior até do que nós mesmos”.

Refletindo sobre a frase acima, pude redescobrir a beleza de ter me casado “jovem”. É difícil explicar a alegria de construir a própria história junto da pessoa que a gente mais ama. Nessa “relação-encontro” mesmo o passado é redimensionado e nos leva, inegavelmente, a tal “verdade maior que nós mesmos”.

O grande aprendizado do ultimo mês, fruto da comunhão que o casamento promove, foi entender a importância de sempre valorizar as dificuldades, considerando-as etapa fundamental do processo de amadurecimento. Não é um conceito novo, mas uma experiência nova, porque vivida “em família”. Assim, é possível sermos felizes com pequenas coisas, vitórias, gestos, como o mais singelo sorriso.

Vivendo desta maneira encontramos a força para enxergar a beleza da vida, “encoberta de cinzas” pelo ativismo funcionalista que, quase sempre, promove o esquecimento de si mesmo e de quem está ao nosso lado. Contudo, nada disso seria possível sem o outro, essencialmente diferente, profundamente misterioso e fundamentalmente fantástico.

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