Category: [Eu] Page 2 of 80

Reflexões

Reflexões de última hora

Enquanto a data prevista para chegada do nosso terceiro filho se aproxima, tenho de admitir que tem sido muito difícil encontrar a mesma conexão que tive comigo mesmo na chegada da Yara e sobretudo da Tainá. 

Não é uma questão relacionada aos filhos, mas como a vida vai se desenhando na medida em que a família cresce. O coração alarga, mas o tempo, por outro lado, não parece cultivar algum tipo de generosidade expansiva. Os dias continuam limitados às 24 horas em que tentamos atender todas as crescentes demandas.

Nessa fase, além de lidar com a fragilidade de uma esposa que se prepara para um momento fisicamente ultrajante, temos duas filhas que continuam precisando de atenção, cuidado e acolhimento. As dinâmicas familiares também se entrelaçam com as responsabilidades profissionais, a família alargada, os amigos. Não falta espaço no coração, mas sim tempo para cultivar as relações que nos abastecem.

Como costumo dizer, na família, o pai é sempre o último. É uma passagem gradativa, um convite ao serviço. E pais são chamados a servir silenciosamente, cuidar, sem esperar reconhecimento ou reciprocidade.

Nesses momentos, o que me sustenta é viver cada realidade com atenção. Abertura. Humildade. Sem vitimismo. Procurando fazer o melhor que posso, com as forças que tenho. E me desculpando comigo mesmo e com os outros, quando sobra pouco para dar.

Só assim eu encontro sentido, felicidade para continuar caminhando e servindo. 

Tainá

Tainá agora é Cinco

A Tainá é um ser humano incrivelmente especial (e olha que eu já encontrei muita gente na minha vida). Pela sua sensibilidade, inteligência, empatia, alegria, criatividade, sede de aprender, rebolado e a sua veia artística.

Tainá é uma menina agradável de se conviver. Uma menina simples, segura, inteira, por méritos dela e com a nossa pequena ajuda.

Tainá é destemida, persistente e companheira.

Hoje, 5 anos atrás, vivi o dia mais feliz da minha vida. Com poucas testemunhas, sem euforia, mas a mais plena e profunda paz.

O nascimento da nossa primogênita chacoalhou o meu mundo. Me fez descobrir um amor que transborda e assusta, como tudo o que é grande na vida.

Hoje festejo essa menina sapeca, certo de que ela cresce saudável, no corpo, na mente e na alma, para trilhar o próprio caminho. 

E que eu possa estar por aqui muitos anos, para vislumbrar cada fase que ela viver, do meu assento VIP de pai.

vida

No advento da chegada da viDa

Em um pouco mais de um mês a nossa família deverá vivenciar mais uma grande mudança desde que eu e a Flavia decidimos caminhar juntos: a chegada do nosso filho, Davi.

Você que está lendo esse post talvez não saiba, mas tenho uma forte inclinação para o demasiado controle das coisas. Tenho sérias dificuldades de manter a serenidade quando as coisas fogem da minha alçada e ter filhos é um maravilhoso convite para entender que a vida pode ser ainda mais extraordinária quando deixamos ela fluir, sem precisar antecipar tudo. (Escrever, por exemplo, também é uma forma de dar forma aos sentimentos para melhor dominá-los!) 

Nesse período pré-nascimento, ansiedade e o medo não faltam, justamente pela impossibilidade de controlar o que irá acontecer nas próximas semanas e meses.

Se você que me lê já vivenciou a chegada de uma vida, talvez consiga entender. No meu caso, indo para o terceiro parto, sinto que o medo aumenta ainda mais pois a sensação é que tenho muito mais a perder.

Mas do que eu tenho medo? De alguma coisa dar errado no parto, de perder a Flavia, o Davi, de não estar presente para dar meu apoio, de não estar preparado.

Preparado. Ê palavrinha que denuncia o meu ser controlador.

A chegada da vida, do Davi, todo esse período de preparação dos corações e dos braços tem sido um revisitar aquilo que é mais importante para mim: a família. É também lembrar o quão fundamental é acreditar que a falta de controle nem sempre é algo negativo. Às vezes ela é o espaço necessário para que Deus nos faça experimentar o Amor de maneira inesperada, mais profunda e completa, como foram os outros partos.

Então vamoquevamo!

familia, nascimento

Yara: Um rio de felicidade – Primeiro ato

Eu tenho a ingênua impressão de que a bagagem adquirida ao lidar com desafios anteriores vai sempre tornar potenciais adversidades futuras mais fáceis de serem superadas. Porém, nesse momentos de segurança, quase prepotente, vem a vida e ensina que cada momento é único, mesmo que pareça pura e simples repetição.

Calma. Vou me explicar.

Dizem que é comum os filhos nascerem antes da data prevista na segunda gravidez. Mas lá estávamos nós, dois dias após a data estimada, esperando impacientes pela nossa Yara, que parecia não ter pressa para deixar o ventre materno.

Apesar da ansiedade crescente, eu e a minha esposa acordamos felizes naquele 11 de setembro de 2019, tentando viver a espera com uma tranquilidade realista.

Uma longa caminhada vespertina até que finalmente as contrações regulares começaram. “Será que tudo seria rápido e intenso como da outra vez?” nos perguntávamos, cientes de que aquela poderia ser uma longa noite.

Novamente tínhamos o privilégio de não estarmos sozinhos em um momento tão intenso para qualquer jovem casal. Minha mãe veio mais uma vez do Brasil para nos acompanhar nos dois primeiros meses de vida da Yara. Outro detalhe importante era que, desta vez, tínhamos a presença da nossa primogênita e muitas perguntas sobre como a Tainá iria lidar com a chegada da irmã.

Um turbilhão de pensamentos somados a alegria sem igual do tão esperado encontro com aquela vida que ajudamos a gerar. Acho que lá pelas 21h as contrações ficaram mais intensas. Um sinal claro de que abraçaríamos a Yara antes do próximo nascer do sol.

Partilhar nos preserva – 15 anos de eLe.com

Uma das lembranças curiosas que tenho da minha adolescência era o meu estranho saborear das crises típicas daquele período. Estar em crise, era sinônimo de busca, de insatisfação. Muitos daqueles conflitos existenciais serviam como combustível para inúmeras reflexões sobre o mundo, as pessoas, os sentimentos.

Fases da intensa juventude paulistana, de mergulho profundo nas minhas crenças e valores, do amor binacional e das andanças pelo mundo, até experimentar um amor incomensurável com a paternidade. Tudo para me trazer de novo aqui, em um novo ciclo de reconstrução da minha própria identidade.

O escrevo logo existo.com é o fruto concreto dos últimos 15 anos de caminho. Como escrevi na apresentação do blog ” O eLe existe graças aos inúmeros encontros e desencontros de mais de uma década. Amigos, amores, dúvidas, certezas, e mais dúvidas. Momentos de Luz, de sombras e vazios. Histórias divertidas, poesias profundas e banais. O resultado nunca realmente importou. Este blog sempre foi caminho, processo.”

Hoje festejo não somente os 15 anos de história desse companheiro de viagem, mas a certeza de que o partilhar preservou meus sonhos e sobretudo meus ideais.

Gratidão imensa por todos aqueles que inspiraram os textos do blog. Alguns que não estão mais por aqui, mas que me acompanharam nas diferentes fases. Um carinho especial aos leitores, sobretudo aqueles que com coragem criticaram e com lindas mensagens agradeceram.

Continuemos a caminhar, juntos. Até quando a vida permitir.

Page 2 of 80

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén