Category: Meu Brasil brasileiro Page 6 of 11

Basta de sermos só o país do futebol

futebol

Passada a alegria de ver o Brasil ganhando mais um campeonato de futebol, acordei e fui trabalhar. Nenhum sinal aparente de festa nas ruas da minha São Paulo, ninguém falando só do jogo de ontem no trabalho, nada de exageros de patriotismo e uma única certeza: felizmente, não somos mais só o País do futebol.

No último século, fomos vistos internacionalmente assim: País do futebol (como também do carnaval = mulatas seminuas dançando, das praias, da desigualdade social, da violência).  Esse “status” é, na minha opinião, mais sinal depreciativo, que admiração e respeito pelo Brasil.

Mas, de maneira inesperada (como foi a ascensão do time de futebol brasileiro na Copa das Confederações) despontamos, corajosamente, sedentos de mudanças sociais, cansados de aceitar comodamente os desmandos e descasos da classe política do Brasil e fomos, como um povo, para a rua.

Esse sinal visível de tomada de consciência é a oportunidade que sonhávamos para exigir um país mais justo, menos corrupto e transformar nossos valores, nossa hospitalidade, alegria, em um patrimônio social, um legado para as próximas gerações.

A vitória no futebol não é NADA comparável as vitórias sociais que os protestos em todo o país vem produzindo, nos corações e mentes das pessoas, mesmo que ainda as mudanças concretas sejam pequenas – individual e coletivamente -, mas é inevitável: #ogiganteacordou.

Com a mesma paixão que milhares de torcedores cantavam o hino do Brasil antes de cada jogo de futebol, outros milhares foram às ruas, pacificamente, exigir uma VITÓRIA SOCIAL, quem sabe, com a mesma dedicação, respeito e seriedade que Scolari exigiu de seus jogadores na Copa das Confederações. (Infelizmente a Dilma parece não entender a pedagogia por trás do esporte).

Agora é hora de se preparar para o grande evento político de 2014: As eleições! Mas para isso, temos que treinar muito a nossa cidadania, cobrando a classe política, promovendo a consciência social e a formação, para sermos o país que todos esperamos… Campeão em educação, saúde, justiça social, respeito, honestidade….

De bike ao trabalho!

debikeaotrabalho_2013_logo2

Todos os dias eu me levanto às 7h, me troco, tomo meu cafezinho e saio pedalando com a minha bike.

Mesmo tentando, é difícil explicar a sensação de liberdade que existe em ser ciclista em uma cidade como São Paulo. Buscar a difícil interação entre as pedaladas, buzinadas, “fechadas” e freadas é um desafio que exige respeito com a dinâmica do trânsito.

Como ciclista, eu não busco ser “senhor das ruas”, mas procuro me adaptar ao contexto existente para ser instrumento de melhoria e não mais um estorvo no caos do trânsito.

Depois de pedalar meus 7,5km, passando por lugares históricos da cidade, observando meu povo, chego ao trabalho feliz, bem disposto.

Tomo um banho quente e, assim, começa mais um dia de trabalho.

Todo dia é assim, felizmente.

Eliane Brum no Provocações

Programa 553 com a repórter Eliane Brum – 19/03/2013

eliane e abujamra

Antes de ir conferir no wikipedia, poderia jurar que a jornalista Eliane Brum é gaúcha, pelo sotaque e pelos “tiques regionalistas” que eu só encontrei nos meus amigos do extremo sul do Brasil.

E eu acertei.

Natural de Ijuí, pequeno município gaúcho de quase 80 mil habitantes, Eliane Brum é hoje colunista da revista Época. Formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), em 1988, Eliane ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.

Já havia visto que muitos dos meus colegas jornalistas “partilhavam” alguns dos seus textos na rede social, mas nunca tive o desejo de parar para lê-los. Contudo, quando vi que o grande Abujamra tinha entrevistado Eliane, fui correndo assistir, almejando descobrir os motivos de tanto prestígio.

Diante de Abujamra, Eliane Brum falou de jornalismo e humildade, escuta, silêncio, lembrando-me do livro que estou lendo atualmente, do “mass-midiologista” italiano Michele Zanzucchi: “Il silenzio e la parola. La luce”, que apresenta justamente o silêncio como “principio esquecido” na profissão do jornalista.

“Eu não falo daquilo que eu não vou ver”. “A periferia e a Amazônia são abstrações”. Duas frases, que no discurso de Eliane não estavam diretamente ligadas, mas que têm quase uma relação causa-consequência ao inverso. Hoje, grande parte da população rica do país e também os “pobres ignorantes” exclui o contexto periférico das cidades, da sua concepção de espaço publico. E mesmo os intelectuais que defendem os direitos dos marginalizados, tiram conclusões por meio de livros, notícias de jornais… transformando a ignorância em cultura.

Sinceramente, não achei a Eliane uma boa entrevistada. Mais pelo jeito um pouco irritante, o tom de voz e uma certa antipatia. Provavelmente ela se dá melhor entrevistando. Contudo, é inegável a importância do seu discurso, sendo assim um programa que vale a pena ver.

Bloco1:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=_TVkVc8MoVQ]

Bloco2:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=uyyVy052LgA]

Bloco3:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=0T3VqVYpQkQ]

O medo de pedalar na cidade


medo pedalar

Uma das perguntas que mais me fazem, quando digo que sou ciclista em São Paulo há mais de 5 anos, é: você não tem medo?

Li recentemente uma frase bonita do Escritor e humorista norte-americano, Mark Twain: “Evitar a felicidade com medo que ela acabe é o melhor meio de ser infeliz. Coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo”.

A frase não tem ligação direta com o fato de eu ter optado a bicicleta como meio de locomoção, mas exprime uma importante lição que todo ciclista urbano deveria aprender: resistir e dominar o medo, mas nunca perdê-lo.

O medo nos ajuda a ser prudente. Faz lembrar que, no caos do trânsito, da falta de educação e respeito, nós somos aqueles que mais arriscamos as nossas vidas, sobretudo pelo fato de estarmos mais desprotegidos. Esse importante sentimento nos ajuda a parar quando necessário, encostar a bicicleta, deixar passar um ônibus ou um táxi apressado.

Contudo, tenho que dizer o quanto é difícil exprimir, sendo ciclista, à felicidade fruto desse exercício de resistir e dominar o medo de pedalar na cidade. Chegar todo dia ao trabalho depois de uma pedalada é uma sensação que todo paulistano, que vive há poucos quilômetros do trabalho, deveria experimentar. A bicicleta nos faz sentir mais vivos, ajuda a perceber onde estamos e valorizar o fato de ter pernas, pulmão, coração… saúde (sem contar o aumento de rendimento no trabalho). Isso me faz cotidianamente superar o medo de algum incidente…

Outra questão é a probabilidade de que algo de ruim aconteça comigo. As estatísticas mostram que acontecem, proporcionalmente, muito mais acidentes com motoristas de automóveis e motoqueiros, que com os ciclistas. A questão da velocidade tem, penso, muito a ver com esse fato.

Na bicicleta o verdadeiro perigo são os outros. Desrespeito, pressa, desatenção podem realmente causar problemas sérios a um ciclista. Por outro lado, cabe também a quem pedala respeitar o trânsito: evitar calçadas, estar atento aos semáforos, dar passagem para ônibus, ambulância, táxi  não andar na contramão, não andar nas faixas centrais de ruas e avenidas com muito tráfego de automóveis. Enfim, procurar estar constantemente em harmonia com o ambiente e não querer se “impor” de maneira “agressiva”.

Assim, com paciência, começamos a lidar de maneira positiva com o nosso medo de pedalar na cidade, convivendo “pacificamente”, com ele.

 

Sakamoto no Provocações

sakamoto

Aproveitando que, no post anterior, acenei sobre a questão da exploração do imigrante no Brasil, gostaria de recomendar a excelente entrevista de Abujamra com o blogueiro (e jornalista), Leonardo Sakamoto. A surpresa positiva foi ver a simplicidade e (aparente?) honestidade do blogueiro, enquanto respondia as diferentes perguntas sobre a educação e o trabalho escravo.

Confesso que não acompanho os textos do Sakamoto. Por desinteresse mesmo. Por isso, assim que acabou a entrevista, dei uma entrada no seu blog para ler alguns dos seus escritos. Tenho que dizer que gostei mais das escolhas editoriais, dos assuntos abordados, que da forma com que ele escreve. Talvez, tive azar e acabei não lendo o melhor do blogueiro.

Contudo, reconheço e admiro muito o trabalho realizado pelo Sakamoto, no seu blog e por meio da ONG Repórter Brasil, que denuncia a exploração escravagista e ambiental, ainda (infelizmente) muito presentes no Brasil.

Abujamra teve pouco trabalho com o entrevistado, pela sua abertura, comunicabilidade (acredito pelo fato de ser comunicador) e, sobretudo, pela sua despreocupação com as críticas a respeito do que ele realiza (o que, porém, pode ser visto como um aspecto negativo da sua postura).

Enfim, acho que vale muito a pena assistir! Mesmo que, exclusivamente, para conhecer melhor o jovem blogueiro.

“Jornalista e blogueiro Leonardo Sakamoto preside uma ONG que visa à defesa dos direitos humanos: “a [ONG] Repórter Brasil atua muito fortemente em denúncias contra fazendeiros que utilizam trabalho escravo, empresários que compactuam com o desmatamento ou com a exploração do ser humano, ou representantes políticos que tornam tudo isso possível” (conteúdo do site do Provocações)

Bloco1:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=aecbFVWU0F0]

Bloco2:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=TjyUmRXGOkE]

Bloco3:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=aMLzqV1TtlI]

Page 6 of 11

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén