Category: 29 dias no país do Tsunami

29 dias no país do Tsunami – Parte 3: De Roma para o país do Tsunami

mapa-da-indonesia-5
Foram nos meses vividos em Roma que surgiu a possibilidade de ir para o país do Tsunami ajudar aquela gente tão necessitada.

Muitas pessoas defendem a idéia de que, antes de irmos para outros lugares ajudar, temos que lutar pela melhoria da vida das pessoas no lugar aonde vivemos. Eu discordo. Acredito que existem situações em que o povo de um determinado local não é capaz de se erguer sozinho. Se não houvessem muitos voluntários, missionários ou pessoas comuns dispostas a deixar o conforto da sua vida, para se dedicar por um mês, até menos, pelo pobres da África, os refugiados da Europa do Leste ou os afetados por catástrofes naturais no sudoeste asiático, a situação seria ainda pior.

Sei que no meu Brasil, na minha São Paulo, existem muitas, mas muuuuuuuitas pessoas que precisam do mínimo e que minha ajuda é muito importante, mas isso não exclui as pessoas de outros lugares, países continentes.
Admito que pensei nisso quando já havia voltado da aventura na Indonésia e me reencontrei com a pobreza e a desigualdade social berrante de São Paulo.

Na Indonésia que conheci essa diferença também existe, mas por se tratarem de ilhas, a distância geográfica acaba ocultando a riqueza, majoritariamente concentrada na capital Jacarta.

Não acho que o voluntariado irá resolver o problema do mundo, principalmente porque é visto como um “sair de si” geograficamente, sem entender que esse “deixar de lado a própria vida” pode ser feito cotidianamente, sempre que nos relacionamos com alguém que esteja ao nosso lado.

Essas foram algumas lições (que antecipei) que tirei dessa aventura. Cheguei naquele país acreditando na importância de ajudar e “caí do cavalo” quando entendi que quem realmente precisava de ajuda, talvez não tanto material, era eu.

29 dias no país do Tsunami – Parte 2: Como fui parar da outra parte do mundo

Pontyanus Gea ou Ponty, meu irmão indonésio

Pontyanus Gea ou Ponty, meu irmão indonésio

Como eu fui parar lá do outro lado do mundo?
Inúmeras vezes eu tive que responder essa pergunta.

A explicação talvez esteja até antes de eu nascer, pois é fruto de uma caminhada que se originou no casamento dos meus pais, em que o Movimento dos Focolares foi decisivo para que eles se encontrassem.

Nascido na Itália em 1943, o Movimento dos Focolares é hoje um dos carismas mais respeitados e conhecidos no mundo religioso. Presente em todos os países, de todos os continentes, a espiritualidade da unidade nasceu do desejo da então jovem Chiara Lubich que, em meio a Segunda Guerra Mundial, questionou-se a respeito da possibilidade de um ideal que as bombas não são capazes de destruir. Percebeu que só Deus, que é amor, permanece diante de tantas dores e perdas.

Com o passar dos últimos 60 anos, o Focolares se desenvolveu no mundo. Atualmente, pessoas das mais diferentes religiões, credos ou mesmo aquelas que não tem um referencial religioso, estão ligados direta ou indiretamente a essa espiritualidade.

Talvez seja importante mencionar que o Movimento nasceu dentro do catolicismo, que tem influência direta nas suas bases, mas que tem no diálogo sua principal referência, sendo assim conhecido como “Ideal da Unidade”.

Enfim, foi em um dos muitos encontros que os Focolares realizam que meus pais se conheceram, casaram e (depois) eu nasci. Por isso fui fazer uma escola de convivência com pessoas de todo o mundo na Suíça e, por fim, acabei sendo convidado para estar alguns meses no Centro Mundial do Movimento dos Focolares, na região dos Castelos Romanos – Itália.

Lá, surgiu a possibilidade de ir com um grupo de jovens passar um mês na Indonésia, para ajudar concretamente as vítimas do Tsunami. Claro que eu aceitei sem pestanejar.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=7Yarx0Ae2Og&hl=pt-br&fs=1&color1=0x2b405b&color2=0x6b8ab6]

29 dias no país do Tsunami – Parte 1: Mergulho na dor que frutifica

Bandeira da indonésia

Bandeira da indonésia

Você sabia que a Indonésia é o país mais mulçumano do mundo?Sabia que também reúne o maior conjunto de ilhas do planeta?

E que lá as mãos são usadas tanto para comer como para limpar o traseiro?

Pois é, eu também não sabia nada disso até passar um ano ao lado de um verdadeiro indonésio nascido na bela ilha de Nias e morador de Medan, capital da grande Sumatra.

Durante aquela experiência vivida em Montet (Broye), pequena cidade do cantão de Friburgo no sudoeste suíço, pude entender um pouco da cultura do arquipélago asiático.

Depois de ficar bravo com as raras vezes em que meu amigo Ponty dava descarga após um “número 2”, saborear as misturas de tempero na preparação de carnes (fico feliz de nunca ter perguntado o que ele colocava na comida) e entender seu sofrimento com o frio do país europeu, me senti de certa forma “batizado” para visitar aquele país tão diverso culturalmente do meu.

Comer com a mão não é nem um pouco nojento ou constrangedor, como qualquer um pode imaginar. Diante de cada prato está um pequeno pote com água para lavar os dedos antes de se servir. Porém, quando soube que as fezes também são limpas com uma das mãos (A ESQUERDA), senti um certo deságio, para mim bem normal.

Com Ponty entendi que os indonésios pertencem a um povo alegre como o meu… sofrido e pobre como o meu… explorado historicamente como o meu. Mas, claro, nunca imaginava que um dia pisaria em seu país. A Indonésia está a 15.414 km de distancia do Brasil, mas culturalmente essa distância física é muito amplificada.

Page 9 of 9

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén