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29 dias no país do Tsunami – Parte 7: As reflexões continuam

Do outro lado do mundo o céu é mais azul, pois existe tempo de notá-lo

Do outro lado do mundo o céu é mais azul, pois existe tempo de notá-lo

Continuação da história começada na parte 6:  http://vartzlife.wordpress.com/2009/05/21/uma-experiencia-na-experiencia/

(…)

Tudo era especial, novo. Assim fomos juntos para começar uma grande aventura.

(…)

… Chegando na Europa, Amsterdam, capital holandesa.

Decidimos dar uma volta pelos arredores do aeroporto e claro, como se fosse possível que aconteçam “causos” com grande parte de viagem turística, vivemos uma situação inusitada, com um jovem, todo metido a “malandrão” que vinha nos oferecer um saquinho com ervas, verdes… maconha “da boa” segundo ele.

Depois de alguns momento de tensão, seguidos de brincadeiras e risadas, decidimos voltar para o interior do aeroporto e dali há algumas horas já estávamos viajando para a Itália.

No aeroporto de Roma, uma van estava nos aguardando e de lá fomos diretamente para Castelgandolfo, cidade na região dos Castelos Romanos em que está localizado o centro de convenções do Movimento dos Focolares.

Entregues aos nossos alojamentos eu e Fernando (pois as meninas foram para um outro local) nos surpreendemos com nossos companheiros de quarto: dois italianos da região de Trento, norte da Itália, engraçadissimo e bem interessados em interagir com a gente.

Não sabíamos nada além de “grazie”, “buongiorno” e outras expressões que todo mundo aprende nesses novelas temáticas da televisão brasileira, mas isso não foi sequer um problema para esse começo de intercâmbio cultural…

(…)

Terminei de escrever esse capítulo da minha chegada na Europa sentado olhando o mar do oceano índico. Estava do outro lado do mundo e imaginava: o que será que os meus amigos estão fazendo agora?

29 dias no país do Tsunami – Parte 17: Retorno

Fiz essa poesia durante a viagem…

RSCN2565

Retorno

Tenho medo de perder

de deixar,

E mesmo amando o recomeçar

Somos apegados ao ter

Se tenho que doar com alegria

Quero aprender de cor

Não quero perder tempo

Porque tenho uma vida só

O meu medo é acordar do sonho

Vendo que todas as minhas mudanças

Eram sussurros do momento

Por isso procuro viver bem cada instante

Fazendo com que o medo

Não me impeça de fazer bem minha parte

E principalmente acreditando

Que Deus vai me dar a esperada graça.

29 dias no país do Tsunami – Parte 16: Conhecendo Nias

Esculturas do museu de Nias

Esculturas do museu de Nias

O almoço foi delicioso. Quase me fez pensar não estar na Indonésia.

Depois de comer e esperar quase duas horas, fomos com Ponty em uma espécie de museu local. Muito simples, mas bonito.

Foram acompanhando algumas amigas de Ponty e pudemos conhecê-las melhor.

Na volta nos encontramos com um casal irlandês da Caritas (que faz um lindo trabalho de reconstrução junto com a comunidade local). Durante a conversa fiquei irritado com a prepotência dos dois. Com eles explicamos o nosso plano de ajuda nas comunidades de Nias.

À noite fomos a uma festa de inauguração de uma casa, organizada pela Caritas.

Pediram para que nós disséssemos alguma coisa e eu, com Giuseppe, me apresentei, agradeci a acolhida e disse um pouco quem somos e o que estamos fazendo ali.

No outro dia, acordamos depois de ter dormido quase dez horas.

Ago com os outros chegaram de avião e foram tomar café da manha. Fomos saudar-los e ficamos um pouco desiludidos, pois eles queriam descansar até o almoço.

Eu, Eugênio e Giuseppe já tínhamos descansado demais. Queríamos nos colocar logo a serviço das pessoas aqui… tem muita coisa pra fazer.

É engraçado, mas também perder a própria idéia faz parte desse trabalho “para os outros”. Se não se começa a fazer isso nas pequenas coisas, parece que qualquer coisa que fazemos perde em genuidade.

As 16h vêm alguns voluntários locais com os quais tentaremos entender o que fazer nos próximos dias aqui.

29 dias no país do Tsunami- Parte 15

Depois de esperar um pouco, entramos no navio que nos levaria a Nias. Não poderíamos esperar um lugar tão bom.

O navio, no inicio parecia estranha, superlotada, perigosa, mas quando entramos no nosso quarto, quase não acreditávamos: duas camas (com colchão) maravilhosas. O “miltiplo” (mil vezes recompensável) depois de uma viagem de carro tão cansativa.
Chegando em Nias...
Chegando em Nias…

Fomos imediatamente descansar e ali ficamos até hoje cedo, quando finalmente chegamos em Nias.

Uma visão fantástica…. a praia… tudo. Parecia que estávamos chegando em um pequeno paraíso.
Vista matinal do alojamento das irmãs franciscanas
Vista do alojamento das irmãs franciscanas
Fomos para os nossos alojamentos. Uma bela casa de irmãs franciscanas que acolhem todos os voluntários que vêm à ilha. O quarto é maravilhoso e a visão inesquecível.

Tomamos banho (aos moldes indonésios) e depois fomos conhecer a cidade.

Impressionante.

Não acreditava naquilo que meus olhos viam. Uma cidade toda destruída pelos terremotos. Casas, escolas, tudo “no chão” o parcialmente arrasado.

Primeiro contato com a destruição

Primeiro contato com a destruição

Foi o meu primeiro contato com a destruição daquele país e me veio uma grande tristeza pensar quais perspectivas teriam os sobreviventes num lugar extremamente pobre como aquele e me dou conta do quanto terei que trabalhar aqui.

Voltando para os alojamentos fico pensando no que vi, enquanto espero o almoço.

29 dias no país do Tsunami – Parte 14: um banheiro diferente

O primeiro banho a gente nunca esquece

O primeiro banho a gente nunca esquece

Imagine-se do outro lado do mundo.

Depois de ter viajado 11 horas de avião, sofrido com comidas no mínimo estranhas em um país vizinho. Chegado num país com outra cultura, dormido a primeira noite da vida no chão e enfim, ter viajado embaixo de um calor de 40 graus, por 10 horas. O que você mais iria querer pra relaxar?

Um bom banho.

Foi a primeira coisa que pensei assim que chegamos a Sibolga. Cumprimentei os muitos familiares de Ponty e logo perguntei onde poderia tomar um banho.

Entramos numa espécie de Bar e, ao fundo, meu amigo me mostrou uma portinha e disse que ali poderia me lavar. Peguei minhas coisas… toalha, sabonete… estava feliz, finalmente poderia tomar uma bela ducha, mas assim que entrei no banheiro, levei um bom susto.

Os azulejos de um vermelho escuro cobriam o chão do local de paredes brancas, bem sujas. Um buraco no chão em que eram feitas as necessidades fisiológicas e a minha direita, um grande tanque com água parada e uma vasilha.

Demorei alguns segundos para entender que seria ali e daquela maneira que deveria tomar banho. Após os segundos de asco pessoal tomei coragem e fui me despindo.

Ensaboei-me procurando estar atento aonde pisava, era uma sensação nova, estranha, curiosa e, por que não, “de aventura”.

Com o corpo ensaboado, mergulhei a bacia naquela água turva e comecei a me lavar. Naquele momento já estava até me divertindo. A água renovava também o meu espírito e a minha vontade de estar ali para me doar aquelas pessoas.

Meus pudores ocidentais começavam a se desfazer a cada “baciada d’água”. Era como um batismo necessário para quem quisesse mergulhar profundamente na pobreza e na dor daquele povo que encontraria na ilha de Nias.

Saí do banho sorrindo, contente e pela primeira vez, naquele país, redescobri o verdadeiro sentido de “estar na essência das coisas” e não me deter nas dificuldades vãs.

Só que essa era só a primeira delas…

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