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Esqueceram de televisionar o nosso Big Brother

big-brotherTodos os dias, vivemos diversas etapas de um Big Brother muito mais real do que aquele que assistimos na TV, mas nosso envolvimento com a realidade é bem diferente.

Fofocas no trabalho, gente querendo passar por cima do outro, o chefe arrogante, o funcionário preguiçoso ou outro que se aproveita da boa vontade de quem se oferece para ajudar. O primo drogado, a domestica faladeira, a mãe que ta sempre reclamando e o pai desempregado que liga toda hora para saber dos filhos. A irmã calada e o irmão egoísta. Em todo esse “jogo” de relacionamentos existem também aqueles que preferem serem eles mesmos, sem esconder um defeito ou mesmo sem deixar de se envolver com seus iguais.

Tantas pessoas são eliminadas de nossas vidas devido aos diferentes caminhos escolhidos, colegas de classe, universidade, trabalho. Acabamos também tendo de escolher algumas pessoas para entrarmos em profundidade e construir uma verdadeira amizade.

Vivemos provas individuais para conquistar nosso “ganha pão”, outras em equipe e tanto as alegrias ou frustrações são compartilhadas, comemoradas ou sofridas em grupo.

Interessante pensar o quanto a nossa vida não desperta a mesma curiosidade do programa televisivo. A vida do outro parece sempre mais interessante que a nossa e também poucas vezes nos damos conta do MILHÃO de experiências que podemos fazer e a fortuna de relacionamento que é possível construir.

A televisão edifica modelos de pessoa que nem sempre refletem a beleza do ser humano, com suas contradições, credos e concepções de verdade. O Big Brother só é capaz de mostrar o quanto o ser humano é articulado para manipular seus iguais, sem medo de usá-los em prol de um objetivo claro.

Gostaria de ver um programa sem prêmios, sem estímulos financeiros, simplesmente para que as pessoas fossem elas mesmas e mostrassem o quanto são capazes de viver em comunidade.

Divagações sobre o Crise

crise2Enquanto permanecemos sentados em nossos confortáveis sofás, deliciando-nos com o Show da Vida Real, vai se desenhando no mundo um cenário crítico, digno de reflexão.

De dezembro a fevereiro 750 mil pessoas perderam seu emprego no Brasil, números pequenos se comparado aos 600 mil americanos desempregados só em janeiro de 2009.

“Mas o que eu tenho a ver com isso?” pensaria o mais ingênuo cidadão. Muito, responderia qualquer estudioso econômico ou político em meio ao cenário atual.

Em um ano, 600 trilhões de dólares foram emprestados via crédito nos Estados Unidos e o que se transformou na tal “bolha” é uma dívida de mais de 30 vezes a riqueza “material” do planeta (o PIB mundial é de aproximadamente 50 trilhões e dos EUA 13 tri). Ou seja, as operações financeiras nos Estados Unidos com concessão de crédito e ações do mercado financeiro inventaram uma riqueza irreal que virou uma imensa dívida que deverá ser de alguma forma paga por alguém.

Seguindo as leis do capitalismo pensado por Marx, para que o capital superior sobreviva (geração de riqueza baseada na circulação das mercadorias, típicas de países tecnologicamente desenvolvidos, como o Japão) é necessário que exista o capital inferior (trabalho massivo “braçal”, comum na China) em sintonia.

Traduzindo: O dinheiro precisa encontrar trabalho que o justifique como moeda (valor material). Não pode ser inventado (com especulações), pois só o trabalho (físico) gera riqueza.

Mas, durante anos, não foi isso que aconteceu. Emprestou-se dinheiro inexistente gerando dividas irracionais que agora ameaçam não só os bolsos, mas a paz do planeta.

A situação econômica levou o planeta às questões políticas de regulamentação da moeda, que se choca com o capitalismo liberal de auto regulagem, tão defendido pelos países do hemisfério norte. Enquanto isso, crescem os Movimentos pró-esquerda na América Latina, como possível alternativa à crise financeira.

As manifestações também se multiplicam a cada dia com o aumento do volume mundial de trabalhadores desempregados, que acabam sendo os principais “pagadores” da irresponsabilidade e ganância do setor privado e bancário.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) o número de desempregados em 2009 pode chegar a 50 milhões de trabalhadores. Estima-se que em 2008 o número total de trabalhadores na Canadá , França, Itália, Japão, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos é de 346 milhões (fonte: OCDE – Organização de Cooperação e desenvolvimento econômico).

“Mas o que eu tenho a ver com isso?”

Acho que a resposta para essa pergunta começa a ficar mais clara quando vemos (ou começarmos a ver) que muitos conhecidos perderam seus empregos e entrar no Mercado de Trabalho está se tornando quase impossível nesses tempos de Crise.

Mais gente desempregada aumenta as possibilidades reais de mal estar social e problemas graves potencializados com a criminalidade.

Em 2010, nós brasileiros teremos a difícil missão de escolher um presidente competente para os tempos difíceis que se aproximam. Aqui não se discute mais se é PT ou PSDB, mas se queremos um capitalismo liberal ou intervencionismo estatal para os desdobramentos econômicos. Isso me faz pensar numa pergunta: Por que acreditamos ainda que poucos privilegiados (banqueiros, sobretudo) são mais capazes por gerenciar a vida de milhões de pessoas?

Como recebi em um email:

Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo. Resolver, extinguir. Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta. Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. Ou o triplo. Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.

Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse. Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse. Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia.”

Que mundo queremos para o futuro? Que mundo vamos deixar para quem vier?

Revide social de uma nova geração

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Semana passada, fomos surpreendidos com mais uma catástrofe de dimensões inacreditáveis e respostas inexistentes. Um adolescente de 17 anos assassinou 15 pessoas e depois se suicidou, sem deixar motivos claros, desavenças ou qualquer tipo de justificativa plausível para tal atrocidade.

Tentando conhecer um pouco mais da história do assassino por meio do que saiu na mídia impressa e digital, me deparei com uma realidade ainda difícil de “engolir”: em tudo que li, análises superficiais tentando entender o “por que”, mas contraditoriamente esquecendo de buscar as respostas na vida do garoto e na sociedade em que ele está inserido.

No pouco que os meios de comunicação publicaram Tim K. era um garoto de classe média, filho de um próspero empresário de Winnenden, perto de Stuttgart. De caráter tímido e “inofensivo”, como diziam os vizinhos, o garoto não tinha motivos “visíveis” para os assassinatos. Será?

No modelo de sociedade na qual nós jovens estamos obrigatoriamente inseridos o “outro” está sendo cada vez mais substituído pelo “só eu”. Essa perspectiva não deixa ver além do perímetro mínimo que rodeia as minhas relações.

Não se conhece (e nem se interessa) mais os vizinhos, as crianças preferem o Nintendo Wii, o computador, do que o futebol, o jogo de botão, a pipa ou o playground. As relações se distanciam desde pequeno e assim o valor das vidas “alheias” tem o mesmo significado dos soldados inimigos do jogo Counter Strike (hit violento entre os adolescentes de todo o mundo).

Mas por que a mídia continua personalizando as respostas? Continua expressando analises superficiais que pouco questiona o modelo de sociedade e de homem? Pode ser medo de admitir quem é o verdadeiro culpado dessa esquizofrenia social, sendo mais fácil individualizar o problema?

Nos últimos dias uma grande polêmica foi levantada após um editorial da Folha de S.Paulo classificando a ditadura brasileira como “ditabranda”. Discussões calorosas na universidade ainda procuram encontrar respostas para o motivo da absurda colocação, afinal de contas foram 400  pessoas assassinadas ou desaparecidas.

Novamente, mas em um novo contexto, não se discute o processo histórico. Para as novas gerações citações como estas passam quase “despercebidas”, principalmente pela distância temporal que o acontecimento trás no imaginário de nós jovens (além da falta de sensibilidade que os noticiários produzem, com a banalização das vidas perdidas cotidianamente).

Nesse momento, não vale atacar o acontecimento em especifico, como no caso do jovem alemão, é preciso repensar modelos de sociedade, questionar-se sobre o quanto a história nos ajuda a não cometer os mesmos erros e os meios de comunicação servem para auxiliar-nos nesses “flashbacks” que nos ajudariam a “reviver” momentos e entender escolhas de outras gerações, que influenciam diretamente nessa sociedade que recebemos “de presente” e com a qual somos obrigados (e Tim K. não conseguiu) a nos adaptar.

Nos últimos dias, venho pensando no quanto a sociedade pós Segunda Guerra criou regras fantásticas que asseguram o bem estar universal (Declaração universal dos direitos humanos, estatuto da criança e do adolescente e etc), mas me parece que a ela não entendeu de que não adiantam regras novas, mesmo as mais modernas, sem Homens Novos.

Pelo contrário, continuaremos sempre a nos assustar com a capacidade de reagir das novas gerações, sem nos darmos conta da nossa omissão e falta de exemplos concretos. De que valem as regras, se elas não são aplicáveis?

Fenômeno de publicidade

fenomenoNão vou ficar aqui justificando a enorme superioridade do meu time (Palmeiras) em relação ao Corinthians, porque seria quase cair no óbvio, mas estou aqui para falar de alguém que realmente nasceu para brilhar.

O tal Ronaldo não pode (e nem deve) ser caracterizado como exemplo. Sim, a perseverança é sua maior virtude, o amor por aquilo que faz, encontra semelhanças com o sofrido cidadão tupiniquim, mas por tantas atitudes de alguém que peca no quesito “caráter”, não gosto de ver o homem Ronaldo como mito para um povo tão especial como o brasileiro.

Aqui se deve só falar do jogador. Do craque, que mesmo muito acima do peso, é capaz de fazer aquilo que poucos conseguiriam. Porém… endeusá-lo não faz bem. Senti um pouco de medo ao ouvir do “Fenômeno” que ele atinge quase a perfeição. Isso não é verdade.

Ronaldo é um ídolo… também meu. Mas, é também um produto de marketing que vem contagiando a sociedade brasileira (e enchendo os cofres do Corinthians de dinheiro, fruto da arrecadação de cotas de patrocínios e do preço alto dos ingressos).

A camisa do Corinthians no “derby” foi o exemplo claro dessa massificação. Parecia um outdoor ambulante e me perguntei porque em jogos menores a camisa do time da marginal praticamente não usa nenhuma publicidade.

Minha amiga palmeirense diz sempre: “O Ronaldo é maior que o Corinthians”. Eu concordo. Todos amamos o Fenômeno, como também o goleiro Marcos, o Robinho, jogadores que fizeram história por suas conquistas.

Agora dizer que ele tem inteligência acima da média, transformá-lo em exemplo para os brasileiros e considerá-lo o melhor jogador do país em atividade, me parece exagero.

Futebol é resultado. Se ele jogar bem sempre… se fizer muitos gols e o Corinthians conquistar títulos com a sua ajuda, poderemos nos render à ele, mas, por enquanto, é necessário se dar conta de quem ele foi e de quem é agora.

De qualquer forma, para quem gosta de futebol, é impossível não se alegrar com um talento desses em campo. Viva o pão e circo moderno!

Fraternidade e Segurança Pública em debate

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Há mais de 50 anos a revista Cidade Nova procura difundir por meio dos seus artigos a “cultura da fraternidade”, valor entendido como princípio-motor – ao lado da liberdade e da igualdade – dos acontecimentos históricos e sociais.

Seguindo esses objetivos bem definidos, Cidade Nova promoverá o seminário “Fraternidade & Segurança Pública” que acontecerá no dia 7 de março de 2009 (sábado), das 9h às 13h, no auditório da Unifai, Rua Afonso Celso, 711 – Vila Mariana – São Paulo.

O evento será aberto a todas as pessoas interessadas em aprofundar o tema (a entrada é franca) e tem como principal objetivo questionar o atual sistema de segurança pública baseado na repressão e no medo além de discutir alternativas para uma segurança fundamentada na dignidade humana e para a restauração do indivíduo infrator e sua reintegração à sociedade.

Será analisada a contribuição dos valores cristãos para a difusão concreta do respeito e de paz entre os indivíduos e os diversos grupos sociais.

A programação contará com a participação dos seguintes palestrantes:

Sérgio Franca Adorno de Abreu, sociólogo e presidente do Núcleo de Estudos da Violência da USP, que desenvolverá o tema “Segurança pública e cultura da violência no Brasil”;

Francisco Borba Ribeiro Neto, também sociólogo e coordenador do Núcleo de Fé e Cultura da PUC de São Paulo, que abordará a “Construção da paz a partir de relações fraternas”

Vilson Groh, sacerdote e presidente do Centro de Evangelização e Educação Popular (CEDEP), de Florianópolis, que aprofundará o tema da Campanha da Fraternidade: “Fraternidade e segurança pública”.

O evento contará também com os testemunhos de Liliana de Araújo, juíza de Direito, de Suzano (SP); de Daniel Marques, diretor do Presídio de Guarulhos e de Marcos Antônio Camargo, ex-detento.

Durante o evento, haverá o lançamento do livro A Paz Preventiva do historiador italiano Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio (Editora Cidade Nova).

Mais informações: revista@cidadenova.org.br • fone: (11) 4158.2252 ramal 202

Clique aqui para download da programação

Apoio: Unifai • Núcleo de Fé e Cultura PUC-SP • Revista Mundo e Missão • Oficina Municipal • Pastoral da Família de São Paulo • Associação de Ex-Alunos da PUC • escrevo, Logo existo

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