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29 dias no país do Tsunami em cliques no FACEBOOK

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Na página “facebook” do escrevo Logo existo começa uma nova seção. Serão postadas, diariamente, fotos feitas  na minha viagem à Indonésia, em 2005, 6 meses após o Tsunami que devastou o sudoeste asiático.

A coletânea de fotos foi feita com uma câmera simples, compacta. Em cada clique, procurei registrar momentos, olhares, experiências, que até hoje aquecem o meu coração quando relembradas. (“recordar” é dar novamente ao coração).

Primeiramente pensei em apresentar a coleção de fotos em ordem cronológica, mas, pensando melhor, preferi respeitar o “Kairòs” (tempo certo) que ordena cada clique respeitando as lembranças ainda vivas no meu coração.

Espero que vocês gostem e partilhem!

29 dias no país do Tsunami – Parte40: Eu, 8 anos depois do Tsunami na Indonésia

Há quase oito anos eu estive na Indonésia 6 meses depois do trágico terremoto de 2004 e me dou conta de quanto ainda me arrepia lembrar de tudo aquilo que pude viver nas terras de um povo que ainda tentava cicatrizar as feridas que um desastre natural causa.

Tantas perguntas sem respostas, tantos porquês aclamados entre lágrimas de pais que perderam seus filhos, filhos que perderam toda a família, no sismo seguido de tsunami do oceano Indico. Antes daquele 26 de dezembro, provavelmente tantas famílias celebraram juntas seu último natal antes de serem engolidas pelas imensas ondas.

Contudo… a pergunta que me fiz ali, oito anos atrás, ainda ecoa internamente:

O que sobrou dentro de cada ser humano do planeta que foi informado dessa grande tragédia?

Mais de 230.000 vidas foram consumidas, mas o quanto refletimos como comunidade internacional sobre os nossos atos, sobre a nossa responsabilidade individual no impulsionar reações violentas da natureza?

Voltando para casa, depois dessa experiência inesquecível, permaneci em um silêncio interior de quase 2 meses.

Sentia uma grande dificuldade de me comunicar dentro de um ambiente consumista, individualista, de uma pobreza humana desesperadora. Queria voltar para a Indonésia.

Porém, encontrando um jovem franciscano da Toca de Assis, pude entender que os “meus pobres”, aqueles que eu deveria cuidar, dar de comer, lavar, não tinham necessidades materiais, mas espirituais. Essa pobreza, disse-me o jovem «toqueiro» “eu nunca poderei tentar curar”.

Aquelas palavras me trouxeram definitivamente ao jornalismo e ao desejo de tocar a humanidade das pessoas por meio da informação, para que os números exprimam a vida que se esconde por detrás deles…

Encontrar o sofrimento daquelas pessoas e a paradoxal dignidade, a vontade de viver, mesmo diante das adversidades, me serve ainda hoje como impulso a não me limitar as vicissitudes de uma vida medíocre, baseada em sonhos materiais. Já naquele momento, ser «fraterno» era antes de tudo procurar fazer da minha existência, dos meus talentos, serviço aos mais necessitados, de pão e de Deus.

29 dias no país do Tsunami – Parte 39 – De volta à Singapura

No nosso último dia antes de voltar para Europa acordamos ao meio dia e eu estava morto de cansado.

Enquanto esperava o almoço, comecei a organizar as fotos feitas quando estivemos na Indonésia.

Almoçamos e depois o meu amigo malaio Max com dois outros jovens vieram nos encontrar para irmos juntos passear no centro de Singapura, porque Eugenio queria comprar um cabo para a sua câmera digital.

Pegamos um ônibus e o metro do país, ambos incrivelmente modernos e limpos.

Ficamos aproximadamente três horas passeando e depois voltamos para o Focolare.

Mais tarde fomos à missa e em seguida comer a nossa última janta asiática que uma amiga dos focolarinos nos ofereceu.

Não foi fácil despedir-me de Ako, os jovens do Movimento, Francis e Biliang, que nos acolheram e acompanharam com tanta generosidade durante todo o período que estivemos no sudoeste asiático.

As 23h pegamos o avião em direção a Frankfurt… e se concluiu os nossos 28 dias no país do Tsunami.

29 dias no país do Tsunami – Parte 38

Com os jovens dos Focolares em Singapura

Deixamos o país do Tsunami às 10 horas da manha. Realmente não foi fácil ir embora daquele que tinha se tornado o Nosso País (provavelmente foi o único local, além do Brasil que sofri por ter de deixar).

Foi realmente uma experiência inesquecível. O povo indonésio é maravilhoso, sorridente, mesmo em condições precárias de vida.

Os relacionamentos construídos com os e as jovens do Movimento dos Focolares, as focolarinas. Cada momento ficará dentro de mim para sempre.

No aeroporto de Singapura os nossos amigos Biliang e Francis já nos esperavam para levar-nos ao focolare. Chegando lá comemos algo e eu, com Agostino e Ako, assisti “Cidade de Deus”.

Logo depois chegaram Max e David com a sua namorada – dois jovens do Movimento dos Focolares que eu havia conhecido em Montet, na Suíça. Fiquei muito feliz de revê-los.

À noite a comunidade local nos preparou uma festa e aproveitamos para contar algo da nossa experiência além de agradecer à todos.

Conversei um pouco com David e a sua namorada, seus pais, conheci uma focolarinas alemã e as 23h, quando a festa tinha praticamente acabado, decidimos sair para tomar uma cerveja juntos no centro. Depois de duas horas voltamos e fomos dormir. Felizes.

29 dias no país do Tsunami – Parte 37

País do Tsunami. As 7hs estávamos de pé porque em meia hora chegariam as focolarinas para nos buscar para aquela que seria a viagem mais cansativa até então: 15 horas de estradas sinuosas e esburacadas de Aceh até a capital Medan.

Estávamos apertadíssimos no carro, porém eu e o napolitano Leonardo pudemos ao menos conversar um pouco sobre aquilo que havíamos vivido durante a nossa estadia na região mais afetada pelo Tsunami.

Porém, não foram somente as boas recordações que eu levarei dessa última viagem em solo indonésio.

Na metade do caminho decidimos parar em um pequeno restaurante de beira de estrada para almoçar.

Assim que me sentei percebi que a natureza estava me chamando para realizar umas das atividades fisiológicas mais importantes: o vulgo “número 2”.

Naquele momento me dei conta que as diferenças culturais diminuíram bastante, pois mesmo do outro lado do mundo os banheiros de restaurantes de “beira de estrada” são bem sujos. Porém ali haviam alguns acréscimos notáveis, que a pressa (e o estômago) me fizeram esquecer.

A primeira “diferença” era a ausência de vaso sanitário. Tive que tirar as calças e pendurá-las em algum lugar limpo para fazer minhas necessidades. Olhando para o chão imundo decidi não pisar descalços. Apoiei os pés no meu tênis e pronto, agora sim poderia realizar a minha importante missão.

Depois de alguns minutos satisfatórios, lembrei-me da segunda diferença: Na Indonésia não se usa papel higiênico. Dentro do tanque ao lado do buraco para as fezes, um balde mergulhado em uma água imunda, que eu deveria usar para me limpar.

Estava no final da viagem e alguns pudores “ocidentais” já não serviam. Peguei um pouco de água e me limpei, ajudado pela mão esquerda e tentando não fazer com que a água escorresse pelas minhas pernas, pois não tinha uma toalha para me secar.

Missão realizada e novamente outra ficha caiu: Como voltaria para a mesa, almoçar, com a mão fedida?

Olhei ao meu redor e não encontrei nenhum sabonete ou algo que pudesse limpar as mãos. Após alguns minutos desesperado encontrei um xampu que simbolizou a salvação.

Lavei as mãos e voltei à mesa mais leve (em todos os sentidos) e pronto para almoçar. Aventura inesquecível.

Chegando depois de muito tempo em Medan fui saudar Luce, focolarina brasileira que vivia na capital da ilha de Sumatra.

Amanhã vamos embora da Indonésia e já sinto uma dor grande de deixar esse país que se tornou pátria.

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