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Amor binacional: Experiências cotidianas de um casal binacional

3 motivos para casar com estrangeiro| Flavia Ganarin Muniz

casar com estrangeiro

Casar não é fácil. Isso todo mundo sabe! Casamento é uma aventura que exige muita dedicação, paciência e muito esforço. Depois da enorme dificuldade que se enfrenta para achar a pessoa certa, uma vez encontrada, parece que os problemas estão só iniciando… Onde morar? Como pagar a casa? Como reconciliar a carreira dos dois? E se você, como eu fiz, decidir casar com estrangeiro? A montanha de desafios parece ainda mais intransponível, pois se somam aos problemas “comuns” de qualquer casal, documentos, línguas, culturas e etc.

Mesmo diante de todos esses obstáculos, por experiência própria, eu posso garantir que casar com estrangeiro também tem mil vantagens. Antes de me casar, ouvi mil histórias sobre os casamentos binacionais. A maioria dizia que eles não terminam bem, sendo advertida, diversas vezes, que casar com alguém de outro país, ainda mais de outro continente, é muito difícil e, por isso, não vale à pena.

Não quero dizer que casamentos binacionais são melhores do que casamentos ‘nacionais’, ou dizer que todo casamento binacional vai dar automaticamente certo. Um casamento duradouro não depende só disso. Decidi somente montar uma pequena listinha com alguns fatores POSITIVOS de um casamento binacional, pensando nas pessoas que namoram estrangeiros e  não sabem se vale a pena encarar essa aventura, só porque o parceiro vem de outro país. Não irei aprofundar aspectos “superficiais” como, por exemplo, os benefícios dos filhos aprenderem duas línguas desde pequeno, pois acho que fogem do foco do texto, que tem como objetivo mostrar as belezas do relacionamento entre o casal binacional.

O diálogo

casar com estrangeiroNormalmente, os casais binacionais têm línguas maternas diferentes. No meu caso, a minha é o alemão suíço e a do meu marido o português. À primeira vista, isso pode parecer uma desvantagem, pois muitas vezes o casal precisa se comunicar em uma terceira língua ou um aprender a língua do outro. Porém, o fato de não se falar a língua materna também ajuda a tentar se comunicar sempre da melhor maneira possível. Tudo precisa ser explicado até o outro entender completamente. Esse “tipo” de diálogo serve, especialmente, nos momentos de crise em que só a abertura completa e um diálogo profundo e sincero podem ajudar a resolver as dificuldades. O diálogo é um dos pilares de qualquer relacionamento e tem um papel ainda mais central e bonito no casamento binacional, pois promove a união de duas culturas, aspecto que nos leva ao segundo ponto da lista.

A cultura

Não adianta negar: somos todos frutos genuínos das nossas culturas! Dito isso, estar em contato com outra cultura nos ajuda a valorizar os aspectos positivos e reconhecer os aspectos negativos da nossa. Essa relação com outra cultura, nunca será tão próxima como em um casamento binacional.  Por exemplo: como Suíça, o respeito, a honestidade e a pontualidade são valores muito importantes para mim. O lado que eu não gosto tanto dos suíços é que, muitos deles, são fechados ou não se interessam tanto por outras pessoas. Pensando na cultura do meu marido, brasileiro, percebo que ela é feita de um povo muito aberto, afetuoso e alegre, mas que, às vezes, chega a ser invasivo. Na nossa família tentamos construir um bom equilíbrio entre essas duas culturas, realçando os aspectos positivos das duas e tentando de evitar os que não ajudam a construir uma família unida.

Crescimento

casar com estrangeiroNo casamento binacional, pelo menos um dos dois vai, necessariamente, ter de deixar o próprio país, a família e os amigos, para se instalar na pátria do outro. Sendo assim, a pessoa que deixou tudo é, inicialmente, totalmente dependente do outro, até aprender a língua, arranjar trabalho e etc. Porém, dependência não tem uma conotação exclusivamente negativa, pois é sempre uma oportunidade de aumentar o companheirismo e a confiança entre o casal. Mas eu gostaria de tocar em outro ponto: o fato de se instalar em outro país, aumenta consideravelmente a “network” da família. Pensando no mundo globalizado onde nós vivemos, falar várias línguas, conhecer pessoas de diferentes países, trabalhar no exterior, são algumas experiências altamente valorizadas e que beneficiam fortemente o desenvolvimento pessoal e, consequentemente, de toda a família.

Antes de chegar em São Paulo, muitos dos meus amigos suíços estavam preocupados com a minha segurança, pois a mídia internacional promove uma desagradável reputação da capital econômica do Brasil. Contudo, vivo nessa metrópole há mais de um ano e acho que nunca, em nenhum lugar, cresci e amadureci tanto como aqui. Pude fazer muitos contatos pessoais e profissionais, aprendi o português que é uma língua tão poética, criativa e calorosa, e, hoje, consigo me virar sozinha em uma cidade que têm o dobro de habitantes do meu país inteiro.  Com certeza eu me sinto uma pessoa muito mais completa e meu marido me ajuda muito nesse processo de crescimento e construção de uma família estável e segura.

Para finalizar, devo dizer que que nada disso seria possível se eu e meu marido não cultivássemos, diariamente, o AMOR verdadeiro entre nós. Muitas vezes o medo nos impede de dar os passos necessários, mas o exercício de nos amarmos sempre mais e melhor, nos leva a ser uma família feliz. Acho que esses três aspectos ajudam a refletir o lado positivo, do que pode, aparentemente, ser negativo, mas que contribui, diretamente, para a felicidade do casal binacional. Afinal de contas, o que é mais importante disso?

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Apadrinhar casamentos: um convite para pensar sobre a própria família | Valter Hugo Muniz

Apadrinhar casamentos

Nas últimas semanas recebi o bonito convite para, com a minha esposa, apadrinhar casamentos de dois casais de amgios. É maravilhoso ver as pessoas com quem eu cresci junto, realizando o sonho de fundar uma família, com todas as formalidades importantes, porque elas tornam a união de duas pessoas que se amam, um evento verdadeiramente comunitário.

Isso, contudo, me fez pensar na seriedade deste que os cristãos chamam (mesmo às vezes sem viver) de sacramento. Um casal que eu apadrinhei, infelizmente, hoje não existe mais. Outro vive uma situação complicada, que parece caminhar rumo ao fim. Diante disso, comecei a ficar mais receoso em aceitar esse tipo de convite.

Este ano, descobri que o apadrinhamento é uma responsabilidade grande, não só perante a família que inicia, mas diante de Deus. Assim, disse a um desses casais que eu aceitava somente se eles nos deixassem (eu e minha esposa) livres para “dar pitaco” na família deles, sobretudo quando estiverem vivendo momentos complicados entre eles.  Ser padrinho é realmente o convite a estabelecer um vinculo verdadeiro com seus afilhados, mesmo que, devido à distância geográfica, limite-se à dimensão espiritual. Se não for desta maneira, não tem sentido. Ser padrinho se transforma em um formalismo estúpido e carnavalesco.

A realidade das famílias binacionais

header_bra_suiEste mesmo casal a quem discursei meu “atestado de intromissão”, vive uma realidade parecida com a minha e da minha esposa: a dos casamentos binacionais. Se casar já é uma grande novidade na vida de dois indivíduos, casamento entre pessoas de continentes diferentes é uma dupla-aventura.

Nesse – quase – um ano como família “suíça-brasileira”, eu e minha esposa pudemos experimentar – na pele – o quanto as diferenças culturais influenciam as atitudes e incidem diretamente no cotidiano da vida em família. Parece algo banal e às vezes até passa despercebido, mas nos momentos de dificuldade, a diversidade de alguns valores pode ser motivo de conflito. Claro que isso acontece também entre casais do mesmo país, mas acredito que aqueles formados por pessoas de países diferentes vivem essa experiência de maneira potencializada.

Por exemplo, independente onde ela se instale, fatalmente, um ou ambos os conjugues de famílias binacionais deve abdicar da própria língua, da comida, da família natural e dos amigos, algo que está ligado à essência de cada individuo. Parece-me fundamental considerar com maturidade e “respeito” esse aspecto.

Por outro lado, existe a riqueza infinita no relacionamento entre pessoas de culturas diferentes, que vão, aos poucos, se misturando, criando uma nova cultura, híbrida, capaz de aproveitar o bom e descartar o ruim das culturas de origem. Aumenta-se o background cultural, o conhecimento das línguas, os gostos gastronômicos, o mundo fica muito maior.

Não posso discursar demasiadamente sendo parte de uma família “embrionária”, com pouquíssimo tempo e experiências, mas me sinto feliz demais por fazer parte de uma família binacional. Ela me impulsiona a viver o casamento com uma seriedade capaz de superar os ruídos de comunicação – verbal ou não.

É fantástico perceber também que temos construído, com outros casais binacionais, um vínculo bonito, de ajuda e partilha mútua para, juntos, superarmos todos os possíveis obstáculos que envolvem essa palavrinha simples, mais cheia de significados, chamada cultura.

Casamento, vida em família e o banheiro | Valter Hugo Muniz

vida em família

Nunca duvide quando outros casais mais rodados dizem: “Quando você casar, o relacionamento com o(a) outro(a) muda completamente!”. É verdade. O problema é que o tom da afirmação, ou a nossa interpretação dela, é sempre pejorativa. A gente sempre acha que na vida em família as coisas vão piorar. Vai-se perder a alegria, espontaneidade, a liberdade do namoro, mas não é bem assim, mesmo existindo riscos.

É verdade que antes do casamento a gente, geralmente, fantasia muito a vida a dois. Acha que vai ser sempre o paraíso, que estaremos 24 horas do lado daquela(e) que mais amamos no mundo…  Claro que isso acontece! Mas também tem uma infinidade de experiências, aparentemente não tão bonitas, que se vive em família e, por mais que eu tente explicar, é preciso estar casado para entender plenamente.

A minha mais nova descoberta tem relação direta com um cômodo da casa, que frequentamos diariamente e que, se não está limpo, incomoda bastante: o banheiro.

A vida em família (desculpe-me se escandalizo) é, também, igual ao banheiro. Precisa ser agradável, aconchegante, limpa, para que possamos “descarregar”, serenamente, aquilo de desnecessário que “processamos” durante o dia. É onde nos lavamos, eliminando a sujeira acumulada “fora” e nos renovamos, ficando mais bonitos, relaxados e, consequentemente, mais felizes.

Partindo da perspectiva mencionada acima, existe o risco de pensar que a vida em família (principalmente em relação ao parceiro) se limita a um único “objeto” do banheiro, onde eliminamos tudo aquilo que processamos durante o nosso dia: a privada.

Não. A família não é um lugar funcional onde somente descarregamos as experiências e sentimentos ruins acumulados durante o dia. Ela é, na verdade, lugar onde levamos as nossas dificuldades, as crises, os anseios, como um dom, para, juntos, redimensioná-los e crescermos. Do contrário, aos poucos a vida em família vai sendo minada pelas coisas ruins e a alegria que, a priori, uniu duas pessoas que se amam, começa a dar espaço aos resmungos, ás insatisfações, cobranças, divisões.

Claro que a linha é tênue, e chegar a um equilíbrio em que as dificuldades são “doadas” de maneira pura e gratuita, exige um exercício cotidiano (para não dizer infinito). No meu caso, tendo a acrescentar o quão necessária é a “mãozinha” de Deus para que, eu e minha esposa, jamais nos esqueçamos da sacralidade da família.

Casamento: Altamente recomendável!

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Casamento! Eita coisa boa que inventaram! É verdade. Posso garantir. Mas talvez porque, com a minha esposa, investimos nas condições necessárias para isso.

Olhando para a nossa história e a de muitos outros casais que, como nós, acreditam que a união estável entre duas pessoas é a base para a edificação de uma família, posso afirmar que sem a capacidade de renúncia e a profundidade nas escolhas e caminhos pessoais, não estaríamos festejando nossos 10 meses de casados hoje.

Bom, a renúncia é talvez a dimensão mais paradoxal “desta” vida. Pobres dos que não entendem que, sem ela, não se cresce, ninguém se relaciona! Renunciar é abrir-se, verdadeiramente, ao outro, sem, contudo, renegar a si mesmo. É perceber que a vida é feita da contínua e aventurosa “negociação de alteridades”.

Renunciar, muitas vezes, é também abrir mão do outro, para estar com ele no momento certo. Foi assim que eu e a Flavia fizemos.  Tivemos que ter a coragem (e a Fé) para superar a imaturidade do que sentíamos – e a pouca idade – para, cinco anos depois, reencontrarmo-nos e, enfim, começarmos a nossa vida juntos.

O caminho de aprofundamento das nossas escolhas e caminhos pessoais foi o outro aspecto que nos ajudou (e tem nos ajudado) na edificação da nossa família. Como tudo na vida, nos descobrimos aos poucos. Contudo, existe uma “força interior” misteriosa que – conscientes ou não – nos leva – se a seguimos – para a realização daquilo que nos faz Felizes.

Eu realmente acredito que as verdades se manifestam, principalmente, nas nossas vontades interiores. Não de maneira superficial, claro. Mas a Felicidade se revela no profundo de cada um e, procurando ser fiel a ela, percorrermos os caminhos necessários para encontrá-la.

Bom, hoje, festejando 10 meses de casamento, parece óbvio falar disso tudo. Mas não foi sempre assim. Parar chegar neste “momento” da minha/nossa história foi necessário percorrer um caminho doloroso, cheio de fracassos e, tanto a renúncia, como o exercício de ser/sermos eu/nós mesmo(s), profundamente, foram determinantes para chegar(mos) aqui, mais feliz(es) que ontem e menos que amanhã.

Pensamentos sobre a “relação-encontro”

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Uma das realidades mais bonitas e profundas do casamento, pensando no meu primeiro ano de “aventura”, é perceber o quanto ele é um “encontro formativo”. Aprende-se, individualmente, no exercício diário de purificação visando um amor sempre mais gratuito; e, como casal, na fusão cotidiana de sonhos, projetos, desejos, que deixam de serem pessoais e se tornam escopos familiares.

Tudo isso só é possível no verdadeiro encontro com “o outro”.  Hoje, durante as minhas leituras diárias, encontrei uma frase que define muito bem a potência dessa experiência: “No encontro com o outro, o olhar se abre em direção a uma verdade maior até do que nós mesmos”.

Refletindo sobre a frase acima, pude redescobrir a beleza de ter me casado “jovem”. É difícil explicar a alegria de construir a própria história junto da pessoa que a gente mais ama. Nessa “relação-encontro” mesmo o passado é redimensionado e nos leva, inegavelmente, a tal “verdade maior que nós mesmos”.

O grande aprendizado do ultimo mês, fruto da comunhão que o casamento promove, foi entender a importância de sempre valorizar as dificuldades, considerando-as etapa fundamental do processo de amadurecimento. Não é um conceito novo, mas uma experiência nova, porque vivida “em família”. Assim, é possível sermos felizes com pequenas coisas, vitórias, gestos, como o mais singelo sorriso.

Vivendo desta maneira encontramos a força para enxergar a beleza da vida, “encoberta de cinzas” pelo ativismo funcionalista que, quase sempre, promove o esquecimento de si mesmo e de quem está ao nosso lado. Contudo, nada disso seria possível sem o outro, essencialmente diferente, profundamente misterioso e fundamentalmente fantástico.

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